OS MEUS LIVROS DE 2013.
OS
MEUS LIVROS DE 2013 (I)
Continua
a publicar-se muito em Portugal. O facto não é novo e não tem uma explicação
lógica ou racional, mas há quem esteja a ganhar muito dinheiro com as palavras.
Publicar é um negócio. E a qualidade é um segundo plano.
Entre os
milhares publicados – e alguns de grande qualidade – escolhi quatro desta vez.
Perdoar-me-ão a “proximidade”...mas é como em outros lugares e com pessoas
diversas. Há sempre uma escolha e, naturalmente, subjetiva.
Para
“estar em linha com as previsões” – como diz o (des)governo – começo com o
sugestivo título de Luís Sepúlveda PALAVRAS
EM TEMPOS DE CRISE. Exatamente em linha com a atualidade,
este livro do escritor chileno – editado pela Porto Editora – fala da dialética
“escritor-pessoa”, pretende dar voz aos que nunca (ou muito raramente) têm voz,
e explica a razão de escrever do autor: narrar para resistir – o seu
compromisso político. A pedra fundadora do seu ser de escritor foi uma simples
(mas marcante) frase que viu e leu nas proximidades dos fornos crematórios de
Bergen Belsen : «Eu estive aqui e ninguém contará a minha história». E jurou
dar voz para que o silêncio tivesse vida. E Luís Sepúlveda escreve também sobre
poesia, lembrando o “antipoeta” Nicanor Parra – Prémio Cervantes – Don Nica
como é conhecido no Chile. E depois Neruda: “Nós, os daquele tempo, já não
somos os mesmos”!
De
facto. Perdemos a capacidade – ou a coragem? – de lutar. E vamos perdendo a
dignidade. E “morrendo” cada vez mais depressa, apesar das estatísticas…
E
de Vizela chegou-me um romance prometedor.
Com
a chancela de Seda Publicações, Francisco Correia afirma que LAÇOS DE AMOR NÃO MORREM. Da
investigação ao arrumar das ideias e das palavras – um excelente trabalho. E
com muitos dos condimentos que completam uma história: amor, paixão, tragédia,
sexo q.b.
Mas
esta primeira incursão do autor – um poeta feito – pelos caminhos do romance,
foi uma tarefa arriscada. Escolheu para a trama a difícil manobra da transição
que dura um século. Francisco Correia, que escolheu como palcos da novela
Portugal e Inglaterra, soube manter a expectativa e dar igualmente um bom
seguimento aos desencontros e intrigas – nomeadamente sobre a “exaltação” (ou
deveria dizer-se frustração?) da velha aliança Luso-Britânica que, não por
acaso, teve os seus fundamentos no Pacto de Tagilde, Vizela, em 1372.
A
cidade do Porto, África e o Brasil oferecem também aos leitores momentos que tocam
profundamente.
Apenas
mais dois pormenores sobre este “esperançoso” romance: o muito british Luís Alberto Júnior, pelo AMOR
de uma brasileira, aprendeu muito rapidamente a falar a língua de Camões em
Vizela. Ali, onde se dá uma imagem mais instruída, mais culta e mais humana à
GNR.
*****Amanhã falarei de outros dois. Livros, claro.
António Bondoso
Jornalista – CP359.
Dezembro de
2013.
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