OS
MEUS LIVROS DE 2013 (II).
Foto da capa da autoria de Milé A.Veiga (sobre pintura de TeresaBondoso)
Na
sequência do texto que apresentei na primeira parte deste trabalho de
apresentação e apreciação dos livros que me marcaram em 2013 – Palavras em Tempos de Crise, Do
chileno Luís Sepúlveda, e Laços de Amor
Não Morrem, do “vizelense” Francisco Correia – escrevo agora sobre UM GRÃO DE CAFÉ, que nos chega de S.Tomé
e Príncipe pela pena de Olinda Beja, uma consagrada mulher de letras das Ilhas
no Meio do Mundo. Com o carimbo da editora Edições Esgotadas, Um Grão de Café apresenta um velho
contador de “estórias” – Caxipembe – que, já muito adiantado no tempo da vida,
apenas se recordava de uma história contada há muito, nem mesmo ele tinha já a
certeza de quem lha havia contado a primeira vez. Exatamente essa do grão de
café. Uma estória não faz a História – não é esse o papel da ficção – tudo
começando num tempo, ainda antes do tempo, no qual a existência do café só
mesmo em imaginação.
«E depois Caxipembe ?!... Conta,
conta!»
E, assim, toda a
narrativa é um verdadeiro hino à mãe Natureza e à bondade dos homens, mostrando
um reino de muitas e belas árvores e das mais variadas flores – as mais bonitas
da Ilha mais linda do mundo: [«A floresta
era de uma rara beleza pois os tons de verde eram variados e os barulhinhos
ligeiros que nela se ouviam encantavam qualquer um que os escutasse. Macacos e
cobras, lagaias e falcões, tartarugas e papagaios entendiam-se tão bem
que quando havia nascimentos, cada um à sua maneira, festejava a chegada do
novo habitante.»].
Príncipe,
assim se chama a ilha uns graus acima da imaginária linha do Equador,
independentemente dos nomes que lhe teriam dado outras civilizações de antanho
e que, no reino da ficção, teriam sido dizimadas por pandemias e doenças tão
ruins como a malária. Mas disto não reza a estória UM GRÃO DE CAFÉ. Agora para
crianças, Olinda Beja prossegue um pouco a sua aventura ambientalista e amante
da natureza espelhada na Ilha de Izunari,
premiando a personagem infantil PAGUÊ – pela sua determinação e honradez. Com o
ritmo da estória bem cadenciado e numa escrita empolgante, a autora avança toda
a narrativa até ao climax que é a
sucessão do rei e a herança do reino onde todos se entendiam às mil maravilhas.
E, como diz Olinda
Beja, « Se forem à Ilha do Príncipe talvez encontrem ainda o
velho Caxipembe que, melhor que eu, vos voltará a contar a maravilhosa história
do grão de café! »
Afinal, como já não terei tempo para falar de outros livros que me
encantaram em 2013 (ficará para uma terceira parte), encerro este capítulo
fazendo uma referência às pinturas que ilustram UM GRÃO DE CAFÉ. Da autoria de Maria Teresa Bondoso, elas emprestam
à obra um verdadeiro hino poético. A ternura, a humildade e a bondade do menino
Paguê estão ali num retrato de excelência – transmitindo, de facto, as virtudes
do povo das Ilhas.
Um convite sublime de Olinda Beja e de Teresa Bondoso para uma inevitável
visita a S.Tomé e ao Príncipe.
António Bondoso
Jornalista – CP359.
Dezembro de 2013.
Pintura de Teresa Bondoso
António Bondoso31 de Dez. de 2013
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