É HORA DE ROTURAS...
A propósito das declarações de hoje, de Mário Soares, aqui deixo a minha posição solidária...recuperando a minha crónica de sexta-feira passada no jornal Correio Beirão.
RUMORES…
…
sobre a celebração dos 40 anos do golpe militar de 25 de Abril de 1974 que
conduziu à revolução dos cravos e ao renascimento de um povo e de um país. E
que agora se pretende calar – um – e destruir – o outro!
Fiquei a saber esta
semana, por ter lido um texto de Mário Soares no Diário de Notícias, que o
governo tem um programa para assinalar a efeméride, contendo sete pontos –
programa que o ex-presidente da República classificou de “inacreditável”, pois
em parte alguma do documento se refere o Movimento dos Capitães ou o MFA ou os
militares de Abril.
Cumprindo-se o programa, é natural
que se acabe por referir – de alguma forma – os antecedentes e as consequências
do “Movimento”, sem esquecer, naturalmente, o percurso difícil para se democratizar,
descolonizar e desenvolver Portugal. E não foi obra do acaso. Foi preciso
batalhar muito para chegar onde se chegou – nomeadamente nos aspetos sociais e
culturais que a Constituição de 1976 consagrou, mesmo tendo em conta as sete
revisões que já sofreu. Os mercados e um grupo de politiqueiros mal formados
nas “jotinhas” foram-se encarregando de destruir a economia e eliminar os
objetivos iniciais da “revolução dos cravos”!
Por
outro lado, no programa esquece-se a Rádio Renascença mas destaca-se a TSF;
nada melhor do que um arquiteto para “dirigir” o itinerário do 25 de Abril e o
que se designa por “evolução sociológica da sociedade” merece bem a exposição
que se prepara. O que não se explicita é se, neste ponto, está por exemplo
incluído o importantíssimo papel que as autarquias – o Poder Local – tiveram no
desenvolvimento do país, concretamente nas regiões do interior e nas regiões
autónomas da Madeira e dos Açores.
Refletindo
um pouco, recordo-me por exemplo de ter salientado na dedicatória do meu livro
“…DA BEIRA! Alguns Poemas e Uma Carta Para Aquilino”(2008), o espírito e a
força do Poder Local – renascido após o 25 de Abril de 1974 – e de ter
reconhecido, como cidadão atento e preocupado, o papel dos detentores desse
Poder, particularmente àqueles todos que inscreveram o seu nome no Salão Nobre
do edifício da Câmara Municipal de Moimenta da Beira. Foi a terra que me viu
nascer e na qual “tudo me pertence sem ser meu”, pois é igualmente a terra de
meus pais e aqui nasceram e repousam meus avós.
Numa
recente entrevista que me concedeu, para o jornal Correio Beirão, o atual
Presidente – José Eduardo Ferreira – que está a preparar sem grandes alardes um
digno programa para celebrar “Abril”, diz exatamente que a vida autárquica é
feita de uma partilha permanente e mais relevante em tempo de dificuldades, “sendo
a contribuição de cada um de nós indispensável, por muito modesta que possa
parecer. O que a região tem que fazer é estabelecer objetivos comuns e bater-se
por eles, longe de qualquer individualismo”. Um desses objetivos – que José
Eduardo Ferreira considera como uma área de sucesso em Moimenta da Beira – é a
educação e o ensino: - “Temos visivelmente uma escola de qualidade, reconhecida
na região, o que constitui, também, mais um fator de atratividade”.
E
isto – são rumores, digo eu – nenhum programa de nenhum governo poderá deixar
de atribuir à revolução de Abril, que nasceu com o Movimento das Forças
Armadas.
António
Bondoso
Jornalista
– CP.359.
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