2014-03-10

É HORA DE ROTURAS...
A propósito das declarações de hoje, de Mário Soares, aqui deixo a minha posição solidária...recuperando a minha crónica de sexta-feira passada no jornal Correio Beirão. 


RUMORES…
… sobre a celebração dos 40 anos do golpe militar de 25 de Abril de 1974 que conduziu à revolução dos cravos e ao renascimento de um povo e de um país. E que agora se pretende calar – um – e destruir – o outro!
         Fiquei a saber esta semana, por ter lido um texto de Mário Soares no Diário de Notícias, que o governo tem um programa para assinalar a efeméride, contendo sete pontos – programa que o ex-presidente da República classificou de “inacreditável”, pois em parte alguma do documento se refere o Movimento dos Capitães ou o MFA ou os militares de Abril.
            Cumprindo-se o programa, é natural que se acabe por referir – de alguma forma – os antecedentes e as consequências do “Movimento”, sem esquecer, naturalmente, o percurso difícil para se democratizar, descolonizar e desenvolver Portugal. E não foi obra do acaso. Foi preciso batalhar muito para chegar onde se chegou – nomeadamente nos aspetos sociais e culturais que a Constituição de 1976 consagrou, mesmo tendo em conta as sete revisões que já sofreu. Os mercados e um grupo de politiqueiros mal formados nas “jotinhas” foram-se encarregando de destruir a economia e eliminar os objetivos iniciais da “revolução dos cravos”!
Por outro lado, no programa esquece-se a Rádio Renascença mas destaca-se a TSF; nada melhor do que um arquiteto para “dirigir” o itinerário do 25 de Abril e o que se designa por “evolução sociológica da sociedade” merece bem a exposição que se prepara. O que não se explicita é se, neste ponto, está por exemplo incluído o importantíssimo papel que as autarquias – o Poder Local – tiveram no desenvolvimento do país, concretamente nas regiões do interior e nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores.
Refletindo um pouco, recordo-me por exemplo de ter salientado na dedicatória do meu livro “…DA BEIRA! Alguns Poemas e Uma Carta Para Aquilino”(2008), o espírito e a força do Poder Local – renascido após o 25 de Abril de 1974 – e de ter reconhecido, como cidadão atento e preocupado, o papel dos detentores desse Poder, particularmente àqueles todos que inscreveram o seu nome no Salão Nobre do edifício da Câmara Municipal de Moimenta da Beira. Foi a terra que me viu nascer e na qual “tudo me pertence sem ser meu”, pois é igualmente a terra de meus pais e aqui nasceram e repousam meus avós.
Numa recente entrevista que me concedeu, para o jornal Correio Beirão, o atual Presidente – José Eduardo Ferreira – que está a preparar sem grandes alardes um digno programa para celebrar “Abril”, diz exatamente que a vida autárquica é feita de uma partilha permanente e mais relevante em tempo de dificuldades, “sendo a contribuição de cada um de nós indispensável, por muito modesta que possa parecer. O que a região tem que fazer é estabelecer objetivos comuns e bater-se por eles, longe de qualquer individualismo”. Um desses objetivos – que José Eduardo Ferreira considera como uma área de sucesso em Moimenta da Beira – é a educação e o ensino: - “Temos visivelmente uma escola de qualidade, reconhecida na região, o que constitui, também, mais um fator de atratividade”.
E isto – são rumores, digo eu – nenhum programa de nenhum governo poderá deixar de atribuir à revolução de Abril, que nasceu com o Movimento das Forças Armadas.
António Bondoso
Jornalista – CP.359. 




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