2014-03-31

Eu sou o pobre nº 11.000.000.
A propósito da minha crónica de sexta-feira no Correio Beirão.



RUMORES…
…sobre este admirável mundo novo, de pobreza – também de espírito – e de falta de vergonha que vai conduzindo ao “desaparecimento” do país. Somos apenas a “praia” dos nórdicos!

         Eu sou o pobre nº 11.000.000. Virtualmente, claro – pois a natalidade é cada vez mais complexa. Mas dá jeito. Pelo menos aos (des) governantes. Para eles, o que conta é o momento presente – pois são eles que (e se) governam. Quem vier a seguir…que abra a torneira, se puder! Por agora, dá jeito cortar no número de creches, de educadores de infância, de professores. Para conter o défice. O país – logo se vê!
            Para além de perdermos 150 cidadãos por dia, anexemos a pobreza e depois a miséria e tenhamos a coragem de ir somando os prejuízos que esta governação neoliberal nos vai causando. Sob os auspícios da “troika”, que o mesmo é dizer da alta finança ou dos mercados sem rosto. Mas eles sabem que, “se nada for feito” – para inverter o curso, claro – o país não é sustentável.
            Pouco importa. O país já não existe, foi oferecido à UE – em bandeja dourada – somos apenas a “praia” dos nórdicos! Eles ditam as leis e nós cumprimos. Na semana passada já aqui deixei a explicação que Maquiavel nos ensinou há séculos.
            Quarenta anos depois da “esperança” que nos foi devolvida, as fracas e vergonhosas “lideranças” políticas não foram capazes de guardar os avanços que tivemos na educação, no ensino, na saúde. O que de bom conseguimos foi sendo perdido na roleta europeia da desmedida ambição dos alargamentos sucessivos, sem nos preocuparmos com a “logística” de uma retaguarda que salvaguardasse novos horizontes.
            Neste ponto sem retorno, instalou-se o medo de provocar roturas que possam abrir outros caminhos, prefere-se o comodismo de não fazer ondas, de aluno certinho – mas acéfalo – do que os mercados chamam consenso ou compromisso. Sem isso, dizem, estaremos perdidos. Mas é bom que possamos não esquecer o ditado “perdido por cem, perdido por mil”. Por isso, devemos arriscar. E, como soi dizer-se na gíria futebolística, é preciso colocar a carne toda no assador! Só falta escolher o “assador”.
António Bondoso

Jornalista – CP.359

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