Eu sou o pobre nº 11.000.000.
A propósito da minha crónica de sexta-feira no Correio Beirão.
RUMORES…
…sobre
este admirável mundo novo, de pobreza – também de espírito – e de falta de
vergonha que vai conduzindo ao “desaparecimento” do país. Somos apenas a
“praia” dos nórdicos!
Eu sou o pobre nº
11.000.000. Virtualmente, claro – pois a natalidade é cada vez mais complexa. Mas
dá jeito. Pelo menos aos (des) governantes. Para eles, o que conta é o momento
presente – pois são eles que (e se) governam. Quem vier a seguir…que abra a
torneira, se puder! Por agora, dá jeito cortar no número de creches, de
educadores de infância, de professores. Para conter o défice. O país – logo se
vê!
Para além de perdermos 150 cidadãos
por dia, anexemos a pobreza e depois a miséria e tenhamos a coragem de ir
somando os prejuízos que esta governação neoliberal nos vai causando. Sob os
auspícios da “troika”, que o mesmo é dizer da alta finança ou dos mercados sem
rosto. Mas eles sabem que, “se nada for feito” – para inverter o curso, claro –
o país não é sustentável.
Pouco importa. O país já não existe,
foi oferecido à UE – em bandeja dourada – somos apenas a “praia” dos nórdicos!
Eles ditam as leis e nós cumprimos. Na semana passada já aqui deixei a
explicação que Maquiavel nos ensinou há séculos.
Quarenta anos depois da “esperança”
que nos foi devolvida, as fracas e vergonhosas “lideranças” políticas não foram
capazes de guardar os avanços que tivemos na educação, no ensino, na saúde. O
que de bom conseguimos foi sendo perdido na roleta europeia da desmedida
ambição dos alargamentos sucessivos, sem nos preocuparmos com a “logística” de
uma retaguarda que salvaguardasse novos horizontes.
Neste ponto sem retorno, instalou-se
o medo de provocar roturas que possam abrir outros caminhos, prefere-se o
comodismo de não fazer ondas, de aluno certinho – mas acéfalo – do que os
mercados chamam consenso ou compromisso. Sem isso, dizem, estaremos perdidos.
Mas é bom que possamos não esquecer o ditado “perdido por cem, perdido por
mil”. Por isso, devemos arriscar. E, como soi dizer-se na gíria futebolística,
é preciso colocar a carne toda no assador! Só falta escolher o “assador”.
António
Bondoso
Jornalista
– CP.359
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