O MOTE DA DEDICATÓRIA...NO LIVRO DE CARLOS MELO SERENO.
A capa é importante,
mas às vezes uma dedicatória faz um livro!
E
no caso deste Retrato de Rimas Soltas
que o Carlos Melo Sereno nos oferece, por meio da Chiado Editora, descortino ou
penso perceber a situação curiosa de – embora não o declare abertamente como
tal – ser a figura maternal a merecer as honras da “dedicatória”, pelo menos do
texto de abertura enquadrado de forma magnífica por uma excelente foto da “coautora”
Helena Lagartinho. E nesse texto está a razão de ser do livro: “Acreditei que a
vida era um soneto eterno, onde todos cantariam o amor, a amizade, a
solidariedade e assumiam a partilha de emoções”. Na continuação desta ideia, o
reforço da escrita pessoal quando elogia quem adquiriu o exemplar. No
autógrafo, lá aparecem as palavras “postura social e cultural”. É disto que
trata a minha relação de amizade com Carlos Melo Sereno: solidariedade,
preocupações sociais e culturais, partilha de emoções. São palavras
transversais à sua poesia, expressas não apenas neste seu primeiro livro…mas já
de há muito no seu blogue Saudades de S.
Tomé. É assim que nos aparece o «verbo amar/ao alcance de toda a gente!»,
«que se calem os lobos» (em Revolta Contida), o menino «sem lugar na terra,/sem
direito à vida,/sem qualquer futuro,/nem sequer presente,/nascido para morrer/e
ser vítima inocente,/da maldita guerra!». Ou ainda «a revolta, que é mais
dor,/de um trabalho quase escravo» para além dos poemas Terra de Ninguém, Os
Miseráveis ou O Banco do Reformado.
Mas
“Não vou deixar/que a vida me fuja” – diz ainda o autor, prometendo “gritar a
todo o mundo,/que serei puto toda vida”. É um capítulo de afirmação mais intimista e
filosófica, onde aparecem Platão e Alunagem por exemplo ou igualmente
Alternativa, no qual refere que «O amor abre falência/ e a morte é
alternativa,/a vida não faz sentido!!!».
Por
outro lado, Carlos Melo Sereno descobre Uma Jangada e um Barco de Papel no Lago
Azul da Tua Vida, navegando de Mãos Dadas e com Desejos até à Ilha Onde Deus
Viveu – uma Ilha de Coral em paisagens tropicais, onde se ouve o Batuque e o
marulhar da Praia das Sete Ondas.
São
saudades que partilho com este médico-poeta, também fotógrafo, nascido em
Aveiro e criado em Águeda, e que passou por Moçambique no serviço militar.
Depois
dou notícias!!! – afirma a terminar. Esperando que as notícias sejam um novo
livro…aguardo e abraço.
António Bondoso
Jornalista.
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