S.
TOMÉ E PRÍNCIPE
ENTRE
O CHOCOLATE E O PETRÓLEO – AFIRMAR A PAISAGEM E O MAR!
“UMA
“ILHA CORAÇÃO”…EM FORMA DE PAÍS”.
“No
dia em que eu cheguei à Ilha, levava comigo um golfinho – o «Pantufo» –
escoltado pelo gandu «Santana» e por milhares de «vadô-panhá», aproveitando uma
água temperada azul cor de turquesa, apesar da calema da «gravana».
Avançámos
avistando terra e encontrando refúgio numa bela e protegida baía a que deram o
nome de «Ana Chaves». E ali fizemos amizade com uma encorpada tartaruga, que – desde
logo – nos foi chamando a atenção para os perigos que a sua espécie ia
correndo, pois era evidente o aumento da sua importância comercial, com o
aproveitamento da sua carapaça para a elaboração do tradicional artesanato.”
Assim
começa um texto/espécie de conto que eu escrevi para assinalar o 40º
aniversário da independência daquele país africano e que entendi por bem
aproveitar para a introdução de uma conversa na Universidade Sénior de Portimão
– um dos polos do dinâmico Instituto da Cultura daquela cidade algarvia, a
funcionar desde 1992, muito graças ao trabalho solidário e voluntariamente
empenhado dos elementos da Direção [particularmente Carlos Martins e Fátima
Negrão, mas também Luísa Branco] e do corpo docente. Ao todo, são cerca de 200
pessoas que ali ensinam e aprendem História – de Portugal e da Arte; Geografia,
Sociologia, questões ligadas à área Sócio Criminal, Psicologia, Saúde, Artes
Plásticas, Literatura Portuguesa e outras línguas.
Sala repleta e um interesse visível
marcaram a “conversa” sobre STP – para a qual fui convidado por impulso de uma
companheira de infância e de juventude naquelas ilhas do meio do mundo, a Nanda
Teixeira, ali docente muito estimada há já alguns anos.
E depois, o reencontro com o meu/nosso
professor de literatura no ciclo final do antigo ensino liceal – José Casinha
Nova – portimonense de gema e ali docente estimado de igual modo, tal como
havia sido em S. Tomé e Príncipe onde, de resto, lhe nasceu uma filha.
A conversa passou por alguns tópicos
incontornáveis como a História da Colonização e os Ciclos do Açúcar, do Café e
do Cacau; a mestiçagem como forma determinante da cultura das ilhas; e
naturalmente o turismo e o mar – como bases da economia que também vive [para
já apenas como ilusão] a expectativa do petróleo. E citei mesmo uma frase da
jornalista e escritora são-tomense Conceição Lima: “Com ou sem petróleo, é minha opinião que se deve apostar em sectores
como o turismo e o mar, cujas potencialidades são consensualmente reconhecidas
hoje”.
Acresce que, tanto o Banco Mundial como
o Fundo Monetário Internacional, dizem que – num cenário de ausência de
petróleo e de ajuste orçamental – o país ficará num alto risco de sobre endividamento.
E
entre a dissertação e as perguntas da assistência, houve tempo para projetar um
vídeo/slide show sobre a história das
Ilhas – a que dei o nome de «Escravos do Paraíso» – tal como foi oportuno ouvir
dizer poesia de Alda do Espírito Santo [Cela
Non Vugu, por João Faria], de Almada Negreiros [Rosa dos Ventos, por Maria do Amparo Bondoso], de Conceição Lima [A Casa, por António Bondoso] e de
Francisco José Tenreiro [Canção do
Mestiço, por Manuela Barra]. Maria Fernanda Teixeira fechou a sessão
dizendo um recente poema meu Filho da
Terra, publicado em AROMAS DE
LIBERDADE(S), de 2015.
Portanto,
para além do turismo – no qual é fundamental aproveitar a classificação da
UNESCO para a ilha do Príncipe como «reserva mundial da biosfera» – há também
que dar corpo a um outro projeto que o regime colonial não conseguiu resolver,
o Porto de Águas Profundas, que o Estado são-tomense recentemente acordou com a
empresa da RPC, a China Harbour.
António Bondoso
Jornalista
Portimão, 29 de Outubro de 2015
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