UMA PERGUNTA SIMPLES...PARA ALGUNS ARAUTOS DA "VERDADE"!
Foto de A. Bondoso.
ONDE
ESTAVAM NAS HORAS DIFÍCEIS?
Sobretudo tendo em conta que a “verdade”
nunca deixa de ser relativa, o meu compromisso será sempre com a Justiça! E esta
conduz inevitavelmente ao que é verdadeiro e verdadeiramente livre. E ser livre
é incontestavelmente poder optar, sem hipotecar a opção a qualquer instrumento
limitador da liberdade de pensar e de agir…com justiça!
E nessa medida, direi que ser justo é
ser solidário no caminho da procura do bem comum. Sabendo que, ser justo, é
estar ao lado de quem sofre, é então aí que deve afirmar-se o compromisso.
Assim, pode sempre perguntar-se onde
estavam os mentores de um tão recentemente propalado compromisso, quando a
pobreza se foi multiplicando nos últimos quatro anos? Onde estavam esses
seguidores do compromisso agora badalado, quando milhares e milhares de pessoas
deixaram de poder pagar a renda ao senhorio ou a prestação da casa ao banco? Onde
estavam “esses”, quando as filas para a “sopa dos pobres” iam dobrando cada vez
mais esquinas de tantos quarteirões das cidades deste país? Onde estavam “esses”,
quando tantos milhares de pessoas ficavam à porta das farmácias a decidir (?)
qual dos medicamentos da receita médica poderiam aviar nesse dia? Onde estavam
os “novos comprometidos”, quando milhões de reformados e de pensionistas viram
cortada a sua condição presente, anulando qualquer sonho de futuro? Onde estavam
esses novos comprometidos, quando milhares de pais e de avós viram filhos e
netos partir para longe em busca do conforto que os “donos disto tudo” lhes
foram negando dia após dia? Onde estavam esses, quando o suicídio passou a
fazer parte comum do quotidiano deste país sem um Estado de bem? Onde estavam,
quando outros milhares de cidadãos deixaram de poder usufruir do sono dos justos,
sendo obrigados a recorrer a medicamentos psicotrópicos?
Onde estavam as vozes – agora muito
ouvidas – quando a arrogância, a prepotência, a indiferença, a incompetência do
governo ultraliberal, a caminho de uma nova ideologia nazi-fascista (muito em
voga na atual União Europeia), nos dizia diariamente que o sacrifício tinha em
conta os superiores interesses do país? O interesse da alta finança pode
confundir-se alguma vez com o interesse da maioria das pessoas? É que, no
final, o que aqui importa é o superior interesse das pessoas carentes de
Justiça!
António Bondoso
Jornalista
Novembro de 2015
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