2018-09-18

TUDO PELA POESIA E PELA VIDA DA URBE. MOIMENTA DA BEIRA EM SETEMBRO.
Há sempre um pretexto para dinamizar.
E há sempre um contexto para situar.
E há igualmente o açúcar para consolidar. 


E foi assim que, há dias, se promoveu uma noite de cultura poética bem no coração do «interior centro-norte» deste país assimétrico e de mentalidades periféricas.
Em Moimenta da Beira, uma região de baixa densidade a sul do Douro – castigada pela desertificação (emigração e esquecimento por parte do centralismo) – pensou-se uma «noite de poesia com açúcar» exatamente na Açucarinha, hoje uma pastelaria mas pensada como snack-bar há largos anos. Pegando na ideia de Natália Correia, de que «a poesia é para comer» e tendo em conta que «a poesia tem uma função social» como dizia Antero de Quental… o café de cada um dos presentes foi acompanhado de um pedaço de “sucrinha” – um doce típico de açúcar e de côco que eu me habituei a consumir na infância em S. Tomé e Príncipe. 


Foi nesse espaço, nessas ilhas do «meio do mundo», onde existe um pássaro que anuncia a chuva, que nasceram os grandes Almada Negreiros e Francisco José Tenreiro. Deste último selecionei precisamente «O OSSÓBÓ CANTOU», lembrando que «cantou o ossóbó/seu canto molhado./ Tchuva já vêo?/Já vêo si siô».
O espaço e o nome deram forma à ideia, celebrando-se, portanto, a Poesia. E foram vários os poetas «convidados», não por acaso começando por mim e folheando praticamente todos os livros publicados, nos quais dediquei especial atenção à Poesia. Foi assim que amigos e familiares quiseram dizer poemas de minha autoria, estando grato à Alexandra Cabral, à Isabel Salgueiro, à Rita Regadas, à Dinora Sobral, à Maria do Amparo, ao António José Bondoso, ao Francisco Cardia, ao Fernando Domingos, ao Hugo Bondoso, ao José Eduardo Ferreira e ao Nuno Bondoso.
Numa segunda fase, foi dada oportunidade aos presentes de poderem chamar ao palco outros Poetas. Eu lembrei Alberto Estima de Oliveira e Pablo Neruda; a Maria do Amparo deu primazia a Luís Veiga Leitão e a Maria Teresa Bondoso; Isabel Salgueiro chamou Lilás Carriço; Francisco Cardia homenageou seu pai por intermédio de Guerra Junqueiro; Rita Regadas lembrou Pedro Homem de Melo; José Ricardo Ferreira recitou de cor Miguel Torga e Manuel Rodrigues Vaz deu-nos a conhecer «As Belas Meninas Pardas» de Alda Lara.
E porque era Setembro, veio ainda à memória o Chile, de 1973; Timor, em 1999 e Nova Iorque em 2001, sem esquecer os 75 anos da fundação do antigo «Externato Infante D. Henrique». Propus então “Celebrar a Viagem” na voz da Isabel Salgueiro, não sem antes ter passado por Carlos do Carmo, Ary dos Santos e Jorge Palma – figuras que veriam os seus nomes ligados à “Expodemo 2018”, um certame que mostra bem e dinamiza Moimenta da Beira.  


Um agradecimento particular à D. Manuela e ao Sr. Francisco – hoje proprietários da «Açucarinha» - pelo carinho que atribuíram à iniciativa, e também à D. Augusta – uma santomense que reside no Porto e que foi responsável pela confeção de uma boa parte da «sucrinha». À Ana Maria Fonseca, grato pela excelente «reportagem». 


António Bondoso
Jornalista                   
Setembro de 2018.

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