TUDO
PELA POESIA E PELA VIDA DA URBE. MOIMENTA DA BEIRA EM SETEMBRO.
Há sempre um pretexto para dinamizar.
E há sempre um contexto para situar.
E há igualmente o açúcar para consolidar.
E
foi assim que, há dias, se promoveu uma noite de cultura poética bem no coração
do «interior centro-norte» deste país assimétrico e de mentalidades
periféricas.
Em
Moimenta da Beira, uma região de baixa densidade a sul do Douro – castigada
pela desertificação (emigração e esquecimento por parte do centralismo) –
pensou-se uma «noite de poesia com açúcar» exatamente na Açucarinha, hoje uma
pastelaria mas pensada como snack-bar há largos anos. Pegando na ideia de
Natália Correia, de que «a poesia é para comer» e tendo em conta que «a poesia
tem uma função social» como dizia Antero de Quental… o café de cada um dos
presentes foi acompanhado de um pedaço de “sucrinha” – um doce típico de açúcar
e de côco que eu me habituei a consumir na infância em S. Tomé e Príncipe.
Foi
nesse espaço, nessas ilhas do «meio do mundo», onde existe um pássaro que
anuncia a chuva, que nasceram os grandes Almada Negreiros e Francisco José
Tenreiro. Deste último selecionei precisamente «O OSSÓBÓ CANTOU», lembrando que
«cantou o ossóbó/seu canto molhado./ Tchuva já vêo?/Já vêo si siô».
O
espaço e o nome deram forma à ideia, celebrando-se, portanto, a Poesia. E foram
vários os poetas «convidados», não por acaso começando por mim e folheando
praticamente todos os livros publicados, nos quais dediquei especial atenção à
Poesia. Foi assim que amigos e familiares quiseram dizer poemas de minha
autoria, estando grato à Alexandra Cabral, à Isabel Salgueiro, à Rita Regadas,
à Dinora Sobral, à Maria do Amparo, ao António José Bondoso, ao Francisco
Cardia, ao Fernando Domingos, ao Hugo Bondoso, ao José Eduardo Ferreira e ao
Nuno Bondoso.
Numa
segunda fase, foi dada oportunidade aos presentes de poderem chamar ao palco
outros Poetas. Eu lembrei Alberto Estima de Oliveira e Pablo Neruda; a Maria do
Amparo deu primazia a Luís Veiga Leitão e a Maria Teresa Bondoso; Isabel
Salgueiro chamou Lilás Carriço; Francisco Cardia homenageou seu pai por
intermédio de Guerra Junqueiro; Rita Regadas lembrou Pedro Homem de Melo; José
Ricardo Ferreira recitou de cor Miguel Torga e Manuel Rodrigues Vaz deu-nos a
conhecer «As Belas Meninas Pardas» de Alda Lara.
E
porque era Setembro, veio ainda à memória o Chile, de 1973; Timor, em 1999 e
Nova Iorque em 2001, sem esquecer os 75 anos da fundação do antigo «Externato
Infante D. Henrique». Propus então “Celebrar a Viagem” na voz da Isabel
Salgueiro, não sem antes ter passado por Carlos do Carmo, Ary dos Santos e
Jorge Palma – figuras que veriam os seus nomes ligados à “Expodemo 2018”, um
certame que mostra bem e dinamiza Moimenta da Beira.
Um
agradecimento particular à D. Manuela e ao Sr. Francisco – hoje proprietários
da «Açucarinha» - pelo carinho que atribuíram à iniciativa, e também à D.
Augusta – uma santomense que reside no Porto e que foi responsável pela
confeção de uma boa parte da «sucrinha». À Ana Maria Fonseca, grato pela excelente «reportagem».
António Bondoso
Jornalista
Setembro de
2018.
Sem comentários:
Enviar um comentário