Pais
Fundadores da Democracia…apenas os que arriscaram tudo no derrube da ditadura.
Não
se pode, nem deve, menorizar a figura do Prof. Freitas do Amaral. Professor de
Direito, fundador do CDS, líder do CDS, ministro e vice-primeiro ministro,
Presidente da Assembleia Geral da ONU – alguns dos cargos que exerceu
exemplarmente.
Com todo o respeito que merece a sua
«memória», não posso deixar de dizer que me espanta a designação que fui
ouvindo ao longo do dia: um dos pais fundadores da democracia portuguesa.
Quem lutou para instaurar a liberdade
e, por consequência, a democracia em Portugal? Os «militares de Abril»! E todos
os que morreram na «Guerra» e sofreram a tortura no Tarrafal, em S. Nicolau ou
na Machava. Ou no Aljube, Caxias ou Heroísmo. Podemos juntar Álvaro Cunhal e
Mário Soares em primeiro lugar. E depois de muitos outros como Salgado Zenha,
Emídio Guerreiro, Arlindo Vicente, Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Zeca Afonso,
Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Padre Fanhais,
António Gedeão, Sofia, Ary dos Santos, as «Três Marias», Natália Correia, Snu
Abecassis, podemos acrescentar Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota,
Mota Amaral e mais uns poucos da chamada «ala liberal».
Freitas do Amaral, pelo facto único de
ser fundador do CDS, não pode ter entrada direta no lote dos citados. E peço
desculpa aos que omito no texto. Mas, em respeito pela memória das suas
posições incómodas em certos momentos da vida política portuguesa, aceito sem
rebuço o papel importante que desenvolveu na consolidação do regime
democrático. Contudo, em honra dos que não citei, por omissão (falta de memória
enquanto escrevo), não voltem a dizer que foi um dos «pais fundadores» da
democracia portuguesa. Não é verdade! Mas descanse em paz!
António
Bondoso
Outubro
de 2019.
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