2019-11-04

HONG KONG - DE VENCEDOR ECONÓMICO A DERROTADO POLÍTICO? Ou de como a RP da China vai estendendo o seu manto de «império do meio» ou, se preferirem, de um milenar, ambicioso, paciente e calculado «imperialismo silencioso».




Da Longa Marcha à segunda economia mundial foi um longo percurso. Mas o «caderno vermelho» não tem todas as respostas! Os 70 anos da República Popular da China, recentemente celebrados, têm uma medalha com espinhos numa das faces! Não se trata sobretudo da máxima «um país – dois sistemas», mas da vontade, ou não, de respeitar o compromisso assumido na Declaração Conjunta com o Reino Unido em 1997, sobre Hong Kong.


Há 10 anos, num breve «exercício» académico, perguntava eu a propósito da integração de Hong Kong na República Popular da China:
DE VENCEDOR ECONÓMICO
A DERROTADO POLÍTICO?
E na «introdução» que segue, tentava já «adivinhar» o eventual – mas possível – futuro da RAEHK. É que Xangai é hoje uma incontornável «centralidade»:

“Creio que estamos a escrever um capítulo crítico da história constitucional de Hong Kong. Este será o nosso maior
desafio”.                                                                                              
Donald Tsang-2007[1]

         «O desafio de que fala(va) o líder do governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, Donald Tsang – como se perceberá pela citação – não é um simples desiderato político. Pelo contrário, trata-se de um compromisso consagrado na Lei Básica do território, assinada livremente entre a Grã-Bretanha e a RPC e que prevê a instauração do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo e do Conselho Legislativo. A “mini constituição” da RAEHK prevê também um elevado grau de autonomia, até 2047, consagrando a fórmula de “um país – dois sistemas”, no âmbito do que as lideranças da RPC têm chamado de socialismo de características chinesas ou uma economia de mercado socialista.
         Este trabalho sobre Hong Kong, uma das capitais financeiras da Ásia [diz-se que a cidade possui mais bancos do que lojas de arroz], pretende enquadrar o futuro do território sob duas perspectivas:- por um lado, a evidente pujança económica e financeira herdada da administração britânica e, por outro, a sensível questão da democracia – na qual se deveria ter já espelhado a eleição directa e por sufrágio universal, tanto do Chefe do Executivo como do Conselho Legislativo. Perante a evidência da primeira, foi nesta última plataforma que se considerou por bem colocar a questão de partida:- de vencedor económico a derrotado político? É que o território, se não for cumprida a Lei Básica no que respeita ao elevado grau de autonomia prevista, poderá vir a correr o risco de uma integração plena na República Popular da China, perdendo as suas características de região autónoma livre e atractiva para os agentes económicos e financeiros internacionais.
         Há até o receio de que Hong Kong possa vir a perder o seu estatuto de importante praça financeira para a pujante cidade de Xangai.»
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Voltarei ao tema. Muito interessante, como nos vamos apercebendo. E não podemos esquecer as célebres frases e ideias de DENG XIAOPING:
“Pobreza não é socialismo. Ser rico é glorioso.” 
“Não importa se um gato é preto ou branco, contanto que ele cace ratos.”



António Bondoso
Jornalista e Mestre em R.I.
(Abril de 2009) = Novembro de 2019.





[1] - Chefe do Executivo da RAEHK, quando apresentou em Pequim o seu “Roteiro para a Democracia” – de forma a dar cumprimento ao estipulado na Lei Básia de Hong Kong e a satisfazer  os anseios da maioria da população. Citação da Agência Lusa.


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