HONG KONG (II) – DE VENCEDOR ECONÓMICO A DERROTADO POLÍTICO? Ou de como a RP da China vai estendendo o seu
manto de «império do meio» ou, se preferirem, de um milenar, ambicioso,
paciente e calculado «imperialismo silencioso».
No Capítulo I, ontem publicado, apresentei-vos
a Introdução de um breve trabalho académico datado de há 10 anos. Hoje
apresento-vos a conclusão, sabendo que – pelo meio – ficam as evidências
económicas e financeiras da (ainda) pujante RAEHK e muitas dúvidas políticas,
nomeadamente sobre os preceitos da Lei Básica.
CONCLUSÃO
Sendo inquestionável a pujança económica e
financeira da Região Administrativa Especial de Hong Kong – RAEHK – apesar da
presente crise, a questão das reformas políticas é vista com muitas reservas e
tem sido merecedora de críticas. O impasse na instauração do sufrágio universal,
tal como previsto na Lei Básica, não tem agradado à maioria da população, tal
como à imprensa internacional, à União Europeia, a diversas ONG presentes no
território e aos vizinhos de Taiwan. A “ilha” – o último elo da engrenagem para
a unificação da mãe-pátria, formando o que os analistas económicos chamam de
“Grande China” – esperava já ter conseguido maiores apoios para “impor” a sua
experiência democrática no desenvolvimento do processo de reunificação. A
expectativa criada com a criação das Regiões Administrativas Especiais no delta
do Rio das Pérolas não teve ainda a expressão desejada.
E, de acordo com um relatório do “Trade
Development Council” já do ano de 2001 – citado em 2004 pela Agência Fides [da
Congregação para a Evangelização dos Povos] – o debate sobre o futuro de Hong
Kong poderá estar centrado
sobretudo no “suposto antagonismo com a cidade chinesa emergente de Xangai”. O
documento do TDC dizia em 2001 que estava a difundir-se, entre os agentes
locais, o temor de que Xangai pudesse ocupar o lugar como hub de primeira
grandeza da região asiática. A cidade chinesa, de facto, tem crescido a um
ritmo impressionante e – em 2010 – vai ser palco da grande EXPO.
Contudo, a Agência Fides [cruzando
informações das Câmaras de Comércio Italiano no exterior] afirma que Hong Kong
goza de uma série de vantagens notáveis, relativamente à RPC – nomeadamente um
sistema legal completo e operativo, um mercado livre e competitivo sem
interferência do Estado – o que lhe permitirá conquistar o difícil mercado
chinês. Mas esta evidência, não afasta por inteiro os temores relativamente à
grandeza e imponência de Xangai.
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António Augusto Bondoso, Abril de 2009.
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António Bondoso
Novembro de 2019.
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