Como
se pode chegar do arco-íris a um terramoto de intolerância!
Assim,
de tanto se falar em cores por estes tempos, dei por mim a pensar no ARCO-ÍRIS.
E percebi quanto ele pode ser maravilhoso, tanto quanto DEFEITUOSO…ou de como
nem tudo pode ser visto a preto e branco. Vai daí, fácil é chegar à conclusão
de que o «racismo», por exemplo, é muito mais do que a simples «distribuição»
das cores. E se tivermos em conta a «ilusão» do arco-íris, então fica tudo muito
mais complicado, pois se diz que a luz branca é a composição de todas as cores (e
por isso não se vê) e o preto, sendo a ausência de luz, é uma das cores
subtrativas.
No sítio da internet, cujo «link» vos
deixo abaixo, pode ler-se também ser curioso que poucas pessoas conseguem ver todas as cores do
arco-íris. A maioria consegue apenas diferenciar cinco ou seis delas. Então, é
preciso, é fundamental entender o fenómeno. Tal e qual o do racismo ou da
xenofobia.
Um
simples pensamento, um ligeiro olhar, um pequeno gesto, um inesperado receio,
um arco-íris defeituoso, uma palavra diferente, um insulto gratuito, e um
terramoto de intolerância…pode eclodir a qualquer momento.
Sem
instrução, sem educação, sem cultura, sem história, sem conhecer a pobreza e suas
razões, sem distinguir a esmola da dignidade, incapaz de reconhecer o
paternalismo da riqueza, sem cuidar de saber do outro, sem perceber as
contradições do mundo, sem ver os guetos, sem entender os sem-abrigo, sem
condenar o trabalho duro e precário imposto por gente sem escrúpulos, está todo
o caminho aberto para o tal terramoto de intolerância.
Li
há dias, nas «redes sociais», o que alguém escreveu a dizer que também já havia
sido «vítima» de racismo pois foi «corrida de Angola por ser branca». Sem
pretender questionar a frase, veio-me de imediato à ideia a falta que faz a
ponderação das razões para, eventualmente, explicar a atitude: quando terá sido
expulsa, quem a expulsou, em que circunstâncias de facto e temporais? E terá
tentado essa pessoa perceber o que representam 500 anos de domínio colonial, ao
qual se prendem injustiças, violência – quantas vezes gratuita – e muitas
outras diversas situações que se enquadram no que eu chamei «as contradições do
mundo»? Ter-se-á interrogado sobre as razões que levaram a uma guerra colonial?
Terá questionado a razão de não ter sido desenvolvida uma descolonização
decentemente atempada? Ter-se-á interrogado sobre quantos funcionários médios e
superiores havia na administração das colónias? E os que havia…quando é que
foram nomeados? Por outro lado, há uma tendência para confundir racismo com
diferenças sociais entre pessoas da mesma raça. Ou as diferenças entre as elites
e a maioria dos colonos. Discriminação é uma coisa, Xenofobia outra (perante o estrangeiro), racismo é outra. Se não
percebermos isto…não há «arco-íris» que nos valha.
António Bondoso
Jornalista e
Mestre em R.I.
Fevereiro de
2020.
https://www.todamateria.com.br/cores-primarias/
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