VIAGENS COM REGISTO
A «iliteracia» dos comboios…e outras pequenas coisinhas
Os comboios, esses circulantes que vagueiam de forma estranha, à inglesa, pela esquerda, igualmente com uma estranha numeração das carruagens, o que tem certamente a ver com o sentido da marcha do comboio. E também a numeração dos lugares, de forma bem visível, a indicar ou à janela ou do lado do corredor. Pois há pessoas que, nem com o desenho, sabem respeitar o lugar. “O meu é o 27” – dizem, com ar de toda a certeza, apesar de estarem a ocupar o 25, correspondente à janela. Não vale a pena argumentar…ou haverá muito provavelmente uma cena de peixeirada. E lá vamos, na marcha, ora em velocidade ora mais lentamente – se é um Alfa Pendular ou apenas um Intercidades, observando, por exemplo, a utilização generalizada de WC destinados a pessoas com deficiência.
Ou ainda aqueles passageiros/as que
demoram uma eternidade a comer um pequeno pacote de batatas fritas…aproveitando
toda a viagem para uma ausência de máscara ou usá-la por baixo do queixo. E o
gesto de lamber languidamente os dedos da mão esquerda, provavelmente para que
não se perdesse a mínima pitada de sal. Por fim lá volta a máscara, tendo todo
o cuidado em deixar o nariz de fora, seguramente à espreita do contágio.
E o tempo e a viagem mudam a paisagem. E foi o rio e os pinheiros, oliveiras e olivais, e as vinhas – claro – sem esquecer as hortas. Até que chegamos à agradável paisagem da orla costeira de Espinho e de Vila Nova de Gaia, depois de passar o «Bazófias» e o cheiro de Cacia. É tempo de encher os olhos com a barroca beleza dos antigos palacetes dos «torna viagem brasileiros». Não apenas, claro, mas sobretudo.
E antes de sair nas «Devezas», ainda
tempo para ouvir a simpatia do «picas» a avisar um septuagenário casal de que,
chegando a Campanhã, deveriam mudar de comboio para chegar a S. Bento.
António
Bondoso
Julho
de 2021.
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