2021-07-14

S. TOMÉ E PRÍNCIPE – um «quadro pintado para todas as cores» em tempo de eleições presidenciais. Ou as respostas que não chegaram!



Mil quilómetros quadrados, 200 mil habitantes, 120 mil eleitores, 19 candidatos = 3 mulheres e 16 homens!

         De todos estes, conheço apenas dois há muitos anos. Dos tempos de juventude vividos nas ilhas: Posser da Costa e Carlos Neves. Dos outros, apenas as referências do cotidiano, particularmente notícias relacionadas com a atividade pública de cada um ao longo dos anos.

         Sobre Posser, devo dizer que tenho um grande respeito pela memória de seu pai – o velho Celestino – uma figura querida de muitos jovens santomenses – particularmente nas décadas de 1960 e 1970 – ao serviço do desporto, quer no Benfica de S. Tomé, quer no Ginásio. Confidente e mentor dos jovens sobretudo praticantes de andebol, basquetebol e voleibol, Celestino Costa foi senhor de boa educação, bom senso, de um trato irrepreensível. Respeito igualmente a memória do seu irmão Celestino, o primeiro-ministro que conduziu a transição para o multipartidarismo entre 1988 e 1991.

         Sobre Carlos Neves, há uma amizade consolidada há muitos anos, quer seja no tempo em que desempenhou as funções de embaixador em Portugal, quer seja no período da mudança, no qual desempenhou papel preponderante na eleição presidencial de Miguel Trovoada, quer ainda nas conversas frequentes para ir acompanhando a situação política no país – nomeadamente no «golpe» de 1995, estava eu em Macau. Para além disso, e não é pouco, há também a circunstância de Carlos Neves ser tio da minha prima Carla, filha do meu primo Beto – entretanto já falecido – e que foi guarda-redes no Sporting de S. Tomé durante alguns anos. 

         Se gostaria que algum deles viesse a ser eleito? Claro que sim. Mas já lá irei. É ponto assente que não será fácil, perante uma sociedade altamente bipolarizada e condicionada pelas mais diversas razões, uma das quais está já enraizada – o tradicional «banho», traduzido em benesses várias como por exemplo o “djêlu” ou “jêlu”. «Vemos rios de dinheiro cuja proveniência se desconhece», disse há dias a jurista Celisa Deus Lima, citada pela DW. Outras notícias, ou melhor, rumores [o País é pródigo em boatos desde há séculos], especulam com dinheiros que poderão ter origem na venda de terrenos para a tão polémica e já muito contestada plantação de canábis.

Mas, por agora, detenho-me na ideia de que – numa perspetiva de buscar algum esclarecimento sobre o pensamento de futuro para o país – propus a cada um deles tópicos para uma pequena entrevista. Se Carlos Neves foi pronto a responder, e a entrevista foi publicada no meu blogue no dia 1 de Março [pode consultar no link abaixo], já Posser da Costa entendeu não dever responder. Prometeu e repetiu…mas falhou sempre. E apenas por uma questão de ética não coloco aqui as perguntas que formulei em Abril ao candidato Posser da Costa.

Deixo à consideração de quem vota. 



António Bondoso





 

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