O
livro «nasceu» no Auditório da UCCLA ao princípio da noite de sexta-feira
passada.
As emoções e a saudade falaram muito forte, mas não quero que fique a ideia de ter sido «cortado» todo o primeiro plano do texto, como aparentemente transparece em alguns escritos. Os quais, no entanto, não deixo de registar com muita satisfação e reconhecimento.
Em «primeiro plano» o que disse o Abílio?
Que é um livro de “memórias atípicas” de um homem que se propõe
– também ele – atípico, e sem dúvida um «nacionalista tranquilo», embora não
constitucionalista.
E disse também que o livro é uma «tentativa de resposta
identitária contracorrente», do autor, deixando perceber «como pode ser
heterodoxa uma compreensão da nacionalidade em muitas pessoas». Nesta linha de
pensamento, Abílio Bragança Neto cita a frase do autor que suporta a “Introdução”
«…quem sou e o que nunca serei no meio de tanta gente ilustre», «o que leva a
compreender a heterodoxia da sua Santomensidade».
Outra perspetiva que o sensibilizou foi o «condão de refletir
o país» plasmado na obra, nomeadamente a relação com a cidade de S. Tomé que
apresenta um futuro preocupante: “estamos a desistir daquele espaço”, salienta
Abílio, acrescentando que “não existe uma visão daquilo que a cidade pode ser e
não existe ninguém a pensá-la”. Por isso, diz ainda, “estamos obrigados, todos,
a pensar o que fazer dela, refazê-la, para que ela tenha efetivamente futuro”.
É fundamental reaver uma cidade orgulhosa da sua dignidade e alegria.
E depois o «Livro 2», a segunda parte da obra – Uma Ilha Coração! Disse Abílio Bragança Neto que é uma magnífica fábula, construída à volta de uma tartaruga e de um golfinho, que acompanharam o autor no seu regresso ao país – ideia inspiradora para criar uma narrativa para a promoção do turismo de STP. Uma visão política de futuro, excelente para «vender» o turismo, a Biosfera, a Ecologia, uma ideia tranquila e sustentada do país.
Como tenho dito sempre, «a
beleza do silêncio de um pôr-do-sol…é diretamente proporcional ao
deslumbramento do vigor de um sol nascente.»
Seguindo a Sinopse do livro e carregando as palavras de José Carlos Ary dos Santos...direi que «Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram». A mais sentida sessão de apresentações de livros meus aconteceu ali. E foi bonito participar, e foi bonito de ver e de ouvir. Mesmo em tempo de «pandemia».
“O MEU PAÍS DO SUL” é, assim, um conjunto de textos escritos ao sabor do tempo e dos ventos e que agora entendi partilhar [acrescidos de algumas ideias de outros «pensadores»], despidos de qualquer «complexo de colono» mas plenos de um autêntico sentimento de pertença, no sentido de refletir e de provocar reflexão sobre as realidades do país.
De
registar o destaque dado a algumas grandes figuras das letras e das artes de
São Tomé e Príncipe, nomeadamente Francisco José Tenreiro - no centenário do
seu nascimento e nos 60 anos da publicação de “A Ilha de S. Tomé”. Valorizado
igualmente o rio Água Grande, que divide a cidade capital e nos oferece a
perspetiva das antigas vivências das elites e dos «colonos de segunda» em cada
uma das margens. No meio da História e das questões políticas que cercam o
colonialismo, a descolonização e a conjuntura da independência, ressaltam a
Cultura - do ensino/educação às Línguas, como sustentáculo da economia - e a
Saúde. E depois, uma viagem contada ao pormenor à volta da ilha Grande e nesse
mar que nos conduz, à margem do petróleo, às mais belas praias do mundo na ilha
o Príncipe.
Julho de 2021
António Bondoso
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