Os
portugueses souberam dizer a Francisco Louçã que o governo não estava a fazer
de nós estúpidos. E souberam dizer aos jornalistas, analistas e comentadores
que a «floresta está muito para além de meia dúzia de árvores»! Curioso não ter
ouvido com firmeza as habituais críticas às sondagens.
No
meio de tantos corporativismos, de tanta arrogância, de tanta demagogia, de tanta
pequenez, de tanto atavismo…houve respostas para muitas questões que se
anunciavam «perdidas»!
Houve
vencedores? Claro. O PS e António Costa à cabeça. Só ele e o seu diretor de
campanha, com humildade e visão, souberam preparar e executar a campanha. E
como «choveram» as críticas! Exceto, devo reconhecer e felicitar, o “comentador”
João Soares. Foi o único a quem ouvi dizer que esperava uma boa surpresa nestas
eleições. E dos outros «ganhadores», quero distinguir a «inteligência» da IL e
do Livre. O combate de Cotrim de Figueiredo e a inteligência de Rui Tavares vão
ser muito úteis na A.R.
Os
grandes «perdedores»? Simples: Catarina Martins e o BE à cabeça, por terem
deliberadamente retirado o «tapete» ao governo, chumbando um excelente OE. De
igual modo o PCP, que – desta vez – já não foi capaz de repetir a velha rábula
de que, mesmo perdendo, ganhavam. Outros perdedores? Sem dúvida Rui Rio e o seu
gato Zé Albino, que não perceberam – por falta de estratégia e sem ideias – o beco
para aonde conseguiram levar o PSD; depois, seguramente os jornalistas,
comentadores e analistas. Uns, porque não conseguiram perceber que a «floresta»
não é a «árvore» à sua frente…e outros porque não conseguiram livrar-se do
«pensamento normalizado», sendo incapazes de assumir a diferença e ir mais além
da rábula popularizada por Ivone Silva: com um vestido preto, nunca me
comprometo. E apesar de todo o «carinho» e «entusiasmo» que o P.R. tentou levar
aos jornalistas, lá no seu Clube, em Lisboa…devo dizer que a maior parte dos
«envolvidos» na campanha eleitoral não foram merecedores de reconhecimento.
Foram, isso sim, incapazes de reconhecer o esforço de um governo – liderado por
António Costa – que ao longo de dois anos enfrentou, com sucesso [recuperando o
emprego e a economia], as enormes dificuldades da maior crise sanitária,
económica e social que o país atravessou desde sempre. Essa questão foi
completamente ignorada, quer nos debates, quer nas perguntas aos líderes em
ações de campanha. Limitavam-se a ser «pés de microfone» e a alimentar o tal
pensamento normalizado. Destaco, o grupo Impresa, o Público e até o JN. Basta
recordar os títulos (mal) produzidos na campanha. Então aquele de que Pedro
Nuno Santos tinha ignorado e virado as costas a António Costa, foi de gritos. E
depois…o CDS. Foi um ar que lhe deu! E o imberbe Xicão bem pode «agradecer» a
ele próprio – incapaz, mal preparado e sedento de poder – e ainda um
agradecimento especial ao PSD, ao BE e ao PCP por terem chumbado o OE. Se não fosse
a crise, ainda lá estariam os «passageiros do táxi». Só lamento a
desconsideração pelo prestígio do Professor Adriano Moreira.
Agora, com a «maioria absoluta» que muitos vão continuar a menorizar e a complicar – introduzindo infantilmente o fator Marcelo Rebelo de Sousa – talvez se possam redimir, admitindo a espantosa visão e a determinante capacidade de combate de António Costa, capaz de uma inédita «maioria absoluta» depois de 6 (seis) anos de governação intensa para recuperar um país saído das trevas em 2015.
António Bondoso
Jornalista
– CP nº150 A.
Janeiro
de 2022.
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