2022-02-13

 

ALGUMAS FIGURAS DA MINHA VIDA!

Ó SÓCIO!

Como tenho vindo a escrever nos tempos mais recentes, há figuras de amigos que nos deixam marcas profundas. É o caso do Gonçalo de Faria Taveira Peixoto – conhecido que foi na «Rádio» simplesmente como NUNO FARIA. 



E aproveitando a conjugação circunstancial de, se ainda estivesse entre nós, ter podido celebrar ontem o seu 77º aniversário e assinalar, hoje, o Dia Mundial da Rádio, quero lembrar essa figura de um camarada completamente «desalinhado» e «dono» de uma semântica muito própria em que sobressaiam «imagens» ontológicas, a circunstância de cada um – embora integrado na equipa – a verbalização numérica de eventos oficiais/governamentais e que a todos tratava por «sócio», quando argumentava ou pretendia fazer valer a sua opinião.

Não esquecerei, nunca, a tradução inédita do título e/ou do «lead» que marcou uma época: - “seis ministros – seis – estiveram hoje no Porto”. Ao tempo, não foi nada fácil convencer os editores e a direção em Lisboa. Mas o Nuno Faria era assim. Surpresa atrás de surpresa. Contudo, e apesar de entrarmos muitas vezes em choque, não me recordo de alguma vez ter rejeitado as minhas observações. 



O Nuno Faria era Amigo. E foi meu Amigo ao longo dos anos, não só na Rádio. Também no aspeto social. Tanto, que ainda hoje mantenho contacto com a Graça, que foi sua mulher, e com os filhos. Com o Duarte já não estou há uns anos, mas a Rita ainda hoje me trata por «tio». Como «tios» eram, alguns dos mais chegados camaradas do pai.

Através dele «bebi» e fui cultivando a paixão pela Galiza, a Pátria Galega como dizia, e fui percebendo que as amizades, as grandes e verdadeiras, podem começar por um simples acto de desconfiança. Mas não morrem nunca! Num escrito de Dezembro de 2010, aquando do seu passamento, tive oportunidade de esclarecer a forma pouco ortodoxa como se processou o nosso «conhecimento», logo após a nacionalização da Rádio e com a «criação» da RDP. No final deste texto deixo a “ligação” para quem quiser recordar esses momentos. Que foram de grande «turbulência» no nosso processo de aprendizagem democrática. Mas que foram, igualmente, momentos de construção e de manutenção de amizades perenes. 


Ó sócio, diria ele hoje, a «Fenícia» (Lisboa) nunca entendeu o sentido das nossas «reivindicações». E por isso fomos perdendo muita da «força» que conseguimos conquistar, sobretudo na década de 1980 e nos primeiros anos da de 1990. Mas devo esclarecer que nunca esteve em causa qualquer tipo de obtenção de «poder» pela força. Apenas nos movia o exemplo do nosso trabalho numa Rádio em permanente transformação. O qual, no fundo, não deixava de traduzir a «força» económica e social de toda a região norte do país. 




E é assim, sócio! 77 anos de idade – 77 – terias completado ontem. Estejas onde estiveres, tem a certeza de que estamos juntos neste Dia Mundial da Rádio. Grato pela amizade, sempre, Nuno Faria.

António Bondoso

13 de Fevereiro de 2022.

O OUTRO TEXTO COMPLETO EM:

https://palavrasemviagem.blogspot.com/2010/12/volta-de-mim-e-do-mundo.html










1 comentário:

Unknown disse...

Meu caro António Bondoso,que mais poderei dizer sobre a Amizade, a camaradagem e justeza na seleção desta data que evocas neste texto?
Disseste um dia, durante uma das nossas conversas, que todos somos energia, imortal e integrante num todo que é o Universo. Doeu quando soube do teu passamento, mas quero crer que estás algures,com o teu sorriso franco, certo dos muitos amigos que te felicita com emoção neste dia.
Á. Nazareth