A CIRCUNSTÂNCIA, A VONTADE E A FALTA DELA…ou os eternos «compassos de espera» de uma CPLP baseada nos valores da Língua e das Línguas – todas elas “mestiças” e sem donos, pois são de quem as fala.
CPLP – ERASMUS OU INTERCÂMBIO ACADÉMICO? Pouco importa perante o alcance de uma medida há muito adiada.
António Costa, na Cimeira de STP, lançando o desfio do «Erasmus»(Foto da Web)
António Costa ressuscitou agora a questão em STP, chamando-lhe «Intercâmbio Académico», mas ela já é velha de alguns anos.
Por um lado, desde 2010 que a AULP – Associação das Universidades de Língua Portuguesa – havia definido em Macau uma comissão de trabalho para estudar a «mobilidade» de 1500 estudantes e professores do ensino superior dos (então) ainda oito da CPLP e de Macau, o que teria lugar nos cinco anos seguintes. Em 2011, em Bragança, já se falava de um “ERASMUS LUSÓFONO”, o qual envolveria recursos financeiros da ordem dos cinco milhões de euros. Esta «ideia» vem referenciada no meu livro “Lusofonia e CPLP – Desafios na Globalização” (2013), no capítulo «Os Valores da Língua», no qual igualmente destaco a expressão de Adriano Moreira segundo a qual “já devíamos ter um ERASMUS bem estruturado na CPLP”.
Só que, entretanto e perante a crise financeira mundial da altura, foi necessário repensar o projeto da AULP, uma organização fundada em 1986 em Cabo Verde e que agregava 170 estabelecimentos de ensino superior da CPLP e de Macau.
E depois, o Brasil. Lula da Silva deixou a presidência, sucede Dilma Rousseff que não atribui grande prioridade à CPLP, acontece a sua destituição, vem Temer e a sua falta de tempo útil para pensar no assunto e, por fim, um Bolsonaro sem ideias. Veremos se, agora, Lula (de novo) terá tempo de atribuir alguma prioridade ao assunto. Não só o Brasil, claro. Também seria importante que Angola se entregasse a este tema, lembrando que ainda não deu prioridade à já definida «mobilidade».
Recordando a intervenção de António Costa, citado por Estela Silva, da Agência Lusa, “Que daqui até 2026, possamos conseguir ter nos nossos diferentes países pelo menos um curso onde todos sejamos certificados para podermos ter ao nível da CPLP uma frequência como o programa europeu Erasmus”, disse António Costa no seu discurso na cimeira, em São Tomé, apelidando este novo projeto de ‘Frátria’, numa evocação à expressão ‘Mátria’ de Caetano Veloso.
Com dez anos de diferença, talvez valha a pena comparar esta intervenção do 1ºMinistro António Costa com aquilo que eu destaco – e defendo – no livro «LUSOFONIA E CPLP – Desafios na Globalização», não deixando de ser interessante o subtítulo que eu atribuo ao “escrito”: “Ângulos e Vértices” ou “Defeitos & Virtudes” de um Processo Intemporal”.
António Bondoso
Agosto de 2023.
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