AQUILINO RIBEIRO...
128º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO
...NUMA ALTURA EM QUE OS LOBOS VOLTAM A UIVAR.
Em 1958, em Soutosa, terminou o seu romance "Quando os Lobos Uivam". Não tendo sido, literariamente, uma das suas obras mais marcantes, acabaria por ser uma das mais faladas - com direito a apreensão e a processo crime por parte do regime de Salazar.
E em Dezembro desse ano, consagrou o romance ao amigo, médico de nível superior e democrata Prof. PulidoValente.
Vale a pena, hoje, quando se voltam a por em causa as liberdades e os direitos fundamentais, determo-nos um pouco na "dedicatória". Para além de se interrogar sobre se teria valido a pena todo o sacrifício da sua dedicação à escrita, em detrimento do convívio com os amigos e com a família, Aquilino Ribeiro ergue a bandeira da liberdade: "Nesta hora, em que andamos todos com grilhões nos pulsos, fique oseu nome [Pulido Valente] como o de Hermes no marco miliário da estrada e a legenda: adiante, e consideremos que para chegar a bom termo da viagem é preciso ser livres!".
Pulido Valente foi um dos camaradas de jornada que ficaram no percurso, vítimas pela liberdade. E ao mesmo tempo que lhe presta homenagem, Mestre Aquilino como que lamenta a "privação" do convívio:-"Nesta fauna exaustiva tive de desatender à vida de relações, não cultivar como devia a amizade, remeter os meus à vis própria quando poderia com um pouco de arte, salamaleque, e o quantum satis da desvergonha cívica nacional, consagrada e triunfante, guindá-los a ministros ou banqueiros. Permiti ainda,levado na minha obsessão, que os gatunos oficiais e de mister me metessem as mãosnas algibeiras, os pirangas me ludribiassem, e toda a canzoada humana me ladrasse impunemente".
António Bondoso
Setembro 2013.
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