2016-03-09


CÉU ETERNO…

Para mim, não é mister haver um qualquer acontecimento ou uma simples notícia dele, para me trazer África - particularmente S. Tomé e Príncipe - ao pensamento e ao coração. Neste dia, e antes que se volte a falar das efemérides do 11 de Março, de novo o meu horizonte se alargou para o Equador Atlântico. É fatal como o destino. E agora, que já vamos a caminho da celebração dos 48 anos da independência do país, volto a recordar o meu "Céu Eterno": 

Foto de A. Bondoso


CÉU ETERNO…

De São Tomé tenho o céu
E as nuvens carregadas de mensagens.

Chovem letras e palavras
De saudade
Que o calor liberta
Evaporando
E depois se concentram bem fechadas
No andar superior da nossa idade.

Não cuido de saber o que me dizem
Nem preciso confirmar quem as escreve
São palavras de ternura e de amizade
São ideias que germinam
Cristalinas
Derrubam mitos e lendas que não sabem
Andalas despidas de palmeiras
Ressequidas.

De São Tomé tenho o sol
E toda a sede fresca de um desejo
De São Tomé tenho o Príncipe
E o azul claro das águas que revejo

De São Tomé tenho o tempo
Em horas e dias pendulares

De São Tomé tenho a alma
Dissimétrica e pura nos olhares

De São Tomé tenho a gente
E o sorriso generoso das crianças

De São Tomé tenho o aroma das flores
E a força épica das raízes do ocá

De São Tomé tenho a música
A mais bela melodia já tocada
Por um eterno ossobó e por uma camussela delicada.

======== António Bondoso
Julho de 2015.
40 anos independência STP


9 de Março de 2016
António Bondoso
Jornalista - CP 359


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