2016-05-25


***** Neste Dia de África, quero deixar-vos mais um texto. Sobre um país Paraíso, Poético e sobre um Jovem são-tomense em busca da Felicidade. 

MEU TEXTO DE APRESENTAÇÃO – “A MINHA PALAVRA”!
LUDGER (NOBRE DE) CARVALHO – S. Tomé e Príncipe.
V.N.CERVEIRA – 30 Abril 2016 – PORTA TREZE (XIII)



Boa tarde a todos.
Sou grato por estar aqui, nesta função, por um bom punhado de motivos.
Confesso que não sei de quem partiu a ideia (embora desconfie)... mas para mim é uma enorme satisfação falar de STP; estar junto de um são-tomense; conviver com amigos de STP. Rever o amigo Alfredo Vieira; rever os meus particulares amigos de VN de Cerveira – alguns de muito longa data. Tão longa, que já se perdem no tempo as memórias da luta pela afirmação turística e cultural de Cerveira – que resultaram no que é hoje um ex-líbris do concelho, da região Norte e do país: a Bienal de Arte. Igualmente tão antiga essa memória da aproximação com a vizinha Galiza – cuja realidade se percebe hoje na existência do chamado Eixo Atlântico.
Acresce...o gosto de revisitar este lugar – a Porta XIII – uma porta aberta à cultura.
***** Devo dizer, por outro lado, que não hesitei quando fui contactado – embora não tivesse ainda lido o livro em questão e apesar de não conhecer o seu autor, o Ludger. Apenas uma vaga ideia de que o nome NOBRE DE CARVALHO estaria provavelmente relacionado com o de um funcionário público são-tomense que foi Chefe de Gabinete de Pires Veloso durante o processo de transição para a independência (74-75)... (VER REFERÊNCIAS EM ESCRAVOS DO PARAÍSO...pgs 38 e 68)
....ainda uma lembrança ligeira de um Nobre de Carvalho que estudou no Porto e jogava futebol no Rio Tinto .... e que falava habitualmente com a minha camarada já falecida Arminda Viana ( ambos trabalhámos na Rádio, quer em S. Tomé, quer depois no Porto, já em 1975.
...Talvez seja este Nobre de Carvalho, que viria a ser médico, um primo de que me falou o Ludger.   
(Nobre de Carvalho é o sobrenome que herdei do meu pai José Luís da Silva Nobre de Carvalho, vulgo Ovideo.
A minha família é da zona de Madredeus e de Boa Morte.
Talvez conheça o médico Nobre de Carvalho que trabalhou aqui em Portugal, sou primo dele.)




***** SOBRE O LIVRO – que é o que mais interessa agora:
A capa tem por base uma belíssima foto de um pôr do sol são-tomense...MAS os poemas do Ludger são universais. Tão universais, quanto a linguagem do Amor e da Felicidade. Por isso, situam-se muito para além das Ilhas. Apenas uma referência concreta, no poema MINHA MUSA (PG63)...QUANDO ESCREVE:
”Em Lisboa, passamos a nossa lua-de-mel.
De lingerie preta, estavas uma deusa.
Na Praia Gambôa, comprei o nosso anel.
És a minha musa.”

***** logo a seguir um poema sobre África, no qual destaca a figura incontornável de Nelson Mandela e fala do que chama “continente mãe” como o futuro da humanidade.
Antes disso, na pg 23, MENINA MORENA é um poema em que Ludger aborda levemente a temática da negritude, quando escreve sobre cabelos encaracolados daquela terra distante... assunto que prossegue em A LUZ DO DIA (na pg.39) dizendo:
 “E no brilho achocolatado da tua negritude”. Dos teus lábios grossos/ aos teus arregaçados olhos/espelha a dimensão do teu amor.
Ainda um tema aflorado no poema AFRICANA, (pg41), com os versos:
Africana, tu és a flor / que quero ter no meu jardim.
****** AQUI... lembrei-me de repente do poema VISÃO de Caetano da Costa Alegre, do seu único livro VERSOS – editado pela primeira vez em 1916 – assinalando-se assim o seu centenário.
         Vale a pena retermo-nos por instantes neste poeta – que eu chamo de PRIMEIRO GRANDE POETA SÃO-TOMENSE  - mas que tem sido como que menorizado pelos académicos que estudam as literaturas de raiz africana.
         Vejamos alguma semelhança (EMBORA NÃO PRETENDENDO COMPARAR, naturalmente) com aqueles primeiros versos do poema AFRICANA, de Ludger:
                                         VISÃO...  ( dizer...

***** portanto... temos aqui quase como que um caminho paralelo entre CAETANO DA COSTA ALEGREA e LUDGER CARVALHO: anotadas as diferenças de época (no século 19 S. Tomé fazia parte do espaço português – hoje é um país independente), ambos se deslocam para Portugal a fim de estudar. E também a coincidência da região Centro (Coimbra, Leiria, Pombal)...
Infelizmente, a doença muito cedo levou Costa Alegre.
Esperamos e desejamos uma longa vida a Ludger Carvalho.
Para quem a POESIA... é uma quadra, um soneto, uma oitava, A poesia não tem teto!
            E se a Poesia de Costa Alegre – a sua condição de Poeta – era a de um ser sofrido e a de viver na sua pátria abandonado (COMO ELE DIZ NO SUE POEMA O VATE...)...os Poemas de Ludger Carvalho manifestam o amor (mesmo com dor); e a felicidade: Não é um poeta interventivo, de crítica social. Mas não deixa de estar atento ao que o rodeia – como veremos:
                    Felicidade é a palavra de ordem/ a alegria é a dieta da vida – escreve em SOMOS TRÊS. E depois, em A MINHA PALAVRA – poema que dá título ao livro – Ludger Carvalho afirma todo o seu amor pela mulher que escolheu:
                                      (DIZER...


O preço da felicidade é incalculável.
Está entre a linha do entendimento,
Entre um abraço e aperto de mãos.

Nos bons dias das manhãs,
Nos beijos dos apaixonados,
E no vai correr tudo bem dos que nos amam.

Como em toda a água do oceano,
E toda a terra firme da Terra
É indispensável à vida.

A tua felicidade é merecida.
Sê feliz!

A Minha Palavra
·         Data de publicação: Março de 2015
Este livro tem portanto um ano.
E em um ano, como escreve o autor no seu Blogue A MINHA PALAVRA,
Em um ano tudo acontece
Em um ano realizamos sonhos
Em um ano concretizamos objectivos, 
Divergimos em ideias que para mim não foram as mais acertadas, mas foram para ti e vice-versa.
Em um ano vimos que o sacrifício é preciso para não sermos apenas mais um sem ideias, sem rumo.
E para se Ser Feliz é preciso dar o próximo passo.
Em um ano aprendemos que SER FELIZ é melhor que TER FELICIDADE!
Em um ano conhecemos novos lugares e novas pessoas:
- Pessoas que se encaixam aos nossos propósitos e compartilham as nossas ideias. Com elas caminhámos paralelamente e sabemos que temos alguém presente.
- No sentido contrário, existem pessoas que pensamos "a tua presença é materialmente descartável", apenas pensamos, pois as palavras tendem a contradizer o que já foi pensado. 

NUM MUNDO INJUSTO E MATERIAL, OS IMATERIAIS PERDURAM NA FELICIDADE.

****** PARABÉNS LUDGER NOBRE DE CARVALHO....
E CONTINUA A SER FELIZ!
António Bondoso
V. N de Cerveira, 30 de Abril de 2016.



António Bondoso
Jornalista

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