UMA
CERTA INDEPENDÊNCIA QUE CHEGOU A S. TOMÉ E PRÍNCIPE HÁ 42 ANOS.
Composição fotográfica de Miguel Bondoso
UMA
CERTA INDEPENDÊNCIA QUE CHEGOU A S.TOMÉ E PRÍNCIPE HÁ 42 ANOS.
“Independência é uma coisa bela
E santa, mas é preciso compreendê-la!”
(Marcelo da
Veiga, Amadora – 20/07/63)
É
um facto para celebrar, sem qualquer ponta de dúvida, independentemente das
ilusões e das pedras no caminho, muito acima de qualquer reação menos positiva
sobre a evolução do processo da construção do novo país. Nunca há apenas uma
rota segura, há bifurcações que conduzem a determinadas políticas, sempre tendo
em conta a conjuntura de amigos e de parceiros, sempre tendo em conta o momento
político específico de cada região e/ou da chamada comunidade internacional.
Determinadas opções são válidas para cada um dos momentos. Realismo, diz-se.
Mas há ideias e atitudes que não podem ser maculadas num país moderno, como por
exemplo os direitos fundamentais dos cidadãos e o sentido de responsabilidade –
individual e coletiva.
Por muito que perceba as desilusões, e
compreendo-as porque as sinto igualmente na democracia portuguesa, não me
revejo em qualquer tipo de atitude balizada pela ideia de luto. O desânimo
posso aceitar, mas é fundamental nunca desistir da luta pelos valores
essenciais como a liberdade e a democracia participativa. Cidadãos ativos
precisam-se, embora não seja fácil. Nunca é fácil. Permito-me citar a propósito
um excerto de um texto de Solange Salvaterra Pinto no facebook:
É o nosso país.
Porque raio vamos enterrá lo.
As pessoas que enterro, tenho umas saudades que doem....
Não quero estar dorida por causa do meu país.
Meu São Tomé e Príncipe que amo.
Que amas.
Que amamos, apesar dos pesares.
No dia 12 vou festejar com toda a garra os 42 anos ........
Façamos nos próximos 42 , algo que nos possamos orgulhar.
O nosso legado será esse.
Tornar STP um lugar melhor para os nossos filhos.
Esse é o nosso compromisso.
A nossa obrigação.
A nossa tarefa maior.
Porque raio vamos enterrá lo.
As pessoas que enterro, tenho umas saudades que doem....
Não quero estar dorida por causa do meu país.
Meu São Tomé e Príncipe que amo.
Que amas.
Que amamos, apesar dos pesares.
No dia 12 vou festejar com toda a garra os 42 anos ........
Façamos nos próximos 42 , algo que nos possamos orgulhar.
O nosso legado será esse.
Tornar STP um lugar melhor para os nossos filhos.
Esse é o nosso compromisso.
A nossa obrigação.
A nossa tarefa maior.
Parabéns ao país por mais um
aniversário soberano, um abraço fraterno a todos os cidadãos de S. Tomé e do
Príncipe – particularmente aos amigos que me acompanharam em cada um dos anos
que vivi no paraíso, mesmo aqueles que já partiram deste mundo.
Escrevi no meu livro ESCRAVOS DO PARAÍSO, de 2005, que “De S.
Tomé, a ilha que divide o mundo, diz Francisco Tenreiro que é a ilha «…dos
cafezais floridos e dos cacaueiros balançando como mamas de uma mulher virgem».
Do Príncipe de Maria Correia e da Praia do Precipício, escreve Marcelo da Veiga
que é ali «…onde florescem palmas e cacaueiros e têm murmúrios doces os
ribeiros”. Apesar da distância e da circunstância, estas são imagens que nunca
perderão a essência. O país vale por si. Só é preciso seriedade e competência
para fomentar o desenvolvimento.
Voltando a Marcelo da Veiga e ao seu
poema “Independência”, de 1963, deve
reter-se a ideia de que
Independência não é
Vadiar, viver sem respeito;
Por tudo bater com o pé
E inchar, qual balão, o peito.
Independência não é cada um
Fazer só o que quer: comer, dormir,
Não sentir por ninguém respeito algum
E beber marufo até cair.
Atualizando
e contextualizando, podemos sempre recorrer ao Hino de S. Tomé e Príncipe – um belo
poema de Alda Espírito Santo – no qual se repetem palavras como combate, dinamismo, trabalhando, lutando,
vencendo. E trabalhar e lutar é Cultura. Como Cultura é esforço e é
respeito, a arte de pensar e de fazer. Como Cultura é imaginar e ousar, é o
estudo e o saber, é beleza e simpatia. Como Cultura é sentimento e emoção, é
amor e amizade, alegria e sofrimento. Como Cultura é o turismo, a arte de saber
receber como sabe o povo de S. Tomé e do Príncipe. Como Cultura é a pesca e a
agricultura. Como Cultura é não perder o cacau e é renovar o aroma do café.
Como Cultura é ser livre e ter liberdade de expressão. Como Cultura é enfrentar
o presente mas não idolatrar o petróleo. Cultura é ter orgulho de ser de STP…em
qualquer ponto do mundo.
S. Tomé e Príncipe é hoje um PEID –
Pequeno Estado Insular Em Desenvolvimento – e que sobrevive em grande medida da
ajuda externa e há muito ligado à panaceia do petróleo. Como já disse a jornalista
e poetisa Conceição Lima, “Com ou sem petróleo,
é minha opinião que se deve apostar em sectores como o turismo e o mar, cujas
potencialidades são consensualmente reconhecidas hoje”.
É exatamente esse mar que eu ainda hoje
imagino, quando «olho o horizonte,
sentado nesse espaço infinito entre a areia e o mar»; ou quando Albertino
Bragança diz «pressentir que existe algo
de espantoso e de belo nesse mar», lembrando lugares míticos como as sete
pedras e a praia das sete ondas»; ou de como Inocência Mata descobriu há
uns anos que «a sua memória de STP está
ligada aos lugares que se metaforizam no Atlântico – esse mar que gera do sol o
calor humano que a recebe no país».
Parabéns S. Tomé e Príncipe. Que o
presente seja digno e que o futuro seja feliz e risonho.
Imagem da Web
António Bondoso
Jornalista
Julho de 2017.
1 comentário:
Quem bom é recordar, S.Tomé e Príncipe!
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