DA
«CONJUGAÇÃO DE MAPAS» À GEOGRAFIA DO DISCURSO…sente-se nesta obra “definitiva” de Regina Correia quase que uma
rutura com a convencional estrutura poética – embora mantendo e elevando uma
linguagem depurada, aturadamente pensada, sentida no íntimo de cada memória e
de cada mensagem. Uma Poesia rica, capaz de resistir ao desenraizamento de
«Pátrias» e de «Amores» que nunca morrem.
Para alimentar o seu «eu», neste belo
quadro de «geografias sentimentais» como diria Aquilino, a autora busca
ontologicamente cada segmento dos silêncios e das imagens que lhe foram
escapando fio por fio, segundo a segundo, “numa
cantilena onde cabe o universo”. Por isso, Regina se diz “face da moeda e seu reverso”.
Outros amigos, apropriadamente mais
seus do que meus, como que abriram o livro – em jeito de preâmbulos – à procura
dos espaços, dos lugares e das escalas dos «mapas conjugados» da autora. E o
que escreveram, foi o resultado de uma leitura atenta e de um conhecimento que
ultrapassa o silêncio das palavras. Dessas leituras fixei a síntese do Filinto –
o livro lembra-lhe uma concha; a
profundidade de Luísa Fresta – o tempo
não começa nem acaba em nós; e a sinceridade – comum a todos –de Isabel L.
Pascoal: “Não sei falar deste livro.
Talvez porque este livro não quer que se fale dele. Não quer ser banalizado”.
Sinceramente…também eu não sei falar
deste livro. Mas, para que não possa ser banalizado, é preciso falar e escrever
sobre ele. Também por isso, é fundamental falar e escrever sobre a autora. Que eu
conheci numa «ilha», em boa hora e sobre o mar imenso, e a quem fiquei «ligado»
por uma empatia de alguns mapas sobrepostos. À Regina Correia sou devedor de
uma amizade que me engrandece. E se…
NÃO
FOSSE A PALAVRA
Não
fosse a palavra e
todos
os gestos a que
amor
dá alma se
perderiam
irremediavelmente no
coração
da
desesperança.
Parabéns
Editorial Novembro, parabéns Regina. Definitivamente…deves continuar a
escrever! Para bem da literatura em língua portuguesa e como contribuição
decisiva para a sanidade mental dos leitores. Estamos juntos!
António Bondoso
Jornalista
Julho de 2020
NOTAS BIOBIBLIOGRÁFICAS:
Maria Regina Fernandes Correia (Viseu, 1951), é licenciada em Filologia
Germânica (1979), pela Faculdade de Letras de Lisboa. Foi professora do ensino
secundário em Angola (1973- 1975) e em Portugal (1975-1980; 2007/08) e docente
de Língua e Cultura Portuguesas em Estugarda (1980-1984) e em Hamburgo
(1993-2007; 2008/09), onde desenvolveu e participou em projetos de divulgação
da Literatura e da Cultura Lusófonas. Desde 2009, em Portugal, tem participado
(em) e coordenado recitais de poesia e outros eventos culturais, sobretudo
junto de instituições cabo-verdianas. Autora de vários prefácios e recensões
públicas de livros, venceu o prémio “Melhor Poeta do Ano de 2018”, pela Editora
ZL (Brasil), que publicou as micronarrativas Sírio (2014) e Conga (2015). É
autora de três livros publicados pela Universitária Editora: Uma Borboleta na
Cidade (2000) - ficção; Noite Andarilha (1999) – poesia; Os Enteados de Deus
(1990) – ficção (Prémio Revelação de Ficção da Cidade do Montijo/APE); e do
livro Sou Mercúrio, Já Fui Água, © Ben do Rosário com reedição de Noite
Andarilha, pela Alphabetum Editora (2012). Desde 2013, tem publicado textos
poéticos na RUA-L (Revista da Universidade de Aveiro – Letras). É membro da
Associação Portuguesa de Escritores (APE). Luso-angolana (viveu em Angola,
desde os 8 meses de idade), participou na primeira Reunião Multipartidária de
Angola, em 1992.
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