2020-07-20

O ESPÍRITO «DELORS» MORREU...por 100 mil milhões!
DA MAL CONSEGUIDA “NOVA HOLANDA”, NO BRASIL, AO SUCESSO NO CERCO A MALACA, os Holandeses ainda tiveram o dissabor de nunca terem conseguido tomar Macau pela força. E agora…o confronto retomado na UE usufruindo de uma situação de privilégio, quase «paraíso fiscal», para impor uma ditadura de minorias. 


Tenho e tive a felicidade de viver e trabalhar em duas cidades com lemas e bandeiras de Liberdade. No Porto – esta «Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade» e em Macau – essa que foi a «Cidade do Santo Nome de Deus, Não Há Outra Mais Leal», honra concedida pelo rei português D. João IV, em 1654.
         Macau, que foi a única cidade onde nunca foi hasteada a bandeira castelhana durante o domínio “filipino”, foi igualmente a cidade que os holandeses/neerlandeses nunca conseguiram dominar, apesar de tentativas várias em 1601, 1603 e 1607 – sendo a mais vigorosa a de 1622, na qual tiveram a ajuda de mercenários bandaneses e japoneses. E foi nesta em que as perdas foram mais significativas. Macau venceu – e com isso conseguiu ainda segurar o domínio castelhano nas Filipinas – mas em 1639 os japoneses expulsaram os portugueses e Malaca caiu em 1641. Estabelecidos na ilha de Java, os holandeses fizeram de Malaca – grande centro de comércio português na Península da Malásia e em todo o Sudeste Asiático – um alvo prioritário dos seus ataques. Ao mesmo tempo assediavam a navegação lusa que cruzava os Estreitos de Malaca e de Singapura. Como as relações entre Malaca e Manila, mesmo durante a União Ibérica, nunca permitiram a organização de uma frente comum contra os holandeses, estes acabariam por conquistar a «praça».
Apesar disso, ainda hoje – 380 anos depois – existe o “Bairro Português de Malaca” onde se fala o que se designa por “Papiá Kristang”, um crioulo de base portuguesa.
         O Nordeste do Brasil – Pernambuco – foi outro dos alvos neerlandeses. Através da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, foi uma luta pelo controlo do açúcar, bem como das fontes de suprimento de escravos. A resistência foi caracterizada por um esforço financeiro e militar baseado em recursos locais e da metrópole. Apesar da razia de Olinda – que se reergueu com grande pujança cultural e arquitetónica – e do saque do Recife, que envolveu o almirante inglês James Lancaster, os holandeses seriam derrotados em 1654 depois da Batalha de Guararapes, que alguns historiadores classificam como um «marco do nativismo».  
         A que propósito tudo isto? Apenas para salientar que uma UE a 27 não pode estar refém seja de quem for, impedindo uma resposta urgente à crise. Que não é financeira. Só quem andou distraído, a partir de 2015, pode levantar suspeitas. E é que…também já não estamos no tempo da Companhia das Índias Ocidentais – ou Orientais – que tudo pretendiam controlar.
Talvez do próximo «Conselho Europeu», se sobressaírem líderes com visão e capacidade de persuasão, possamos vir a dizer constituir igualmente um marco do levantamento da «Europa empenhada e comprometida» numa verdadeira “união”, contra a mesquinhez da Holanda e dos seus aliados circunstanciais como a Áustria, Suécia, Dinamarca e Finlândia. Em boa verdade, o facto de recusarem o «bolo» decisivo da ajuda financeira e económica…não eliminará o «risco» dos “direitos humanos” na Polónia e na Hungria. Tal como todas as hesitações e ziguezagues até hoje desenvolvidas contra a Turquia a conseguiram fazer alinhar com os desejos europeus. E foi pena! Infelizmente, não temos tido «altos» líderes capazes de derrotar os países «baixos». 



António Bondoso
20 de Julho de 2020.

1 comentário:

Helena Braga disse...

Uma grande lição de História.

Obrigada