2021-03-01

  

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM STP na Gravana. CARLOS NEVES é um dos perfilados…e vê a Justiça como pedra angular do funcionamento do Estado e uma Administração Pública transparente no combate à corrupção.

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São algumas das ideias presentes no projeto de candidatura de Carlos Filomeno Agostinho das Neves ao cargo de Presidente da República de S. Tomé e Príncipe, país que atravessa um período de crise profunda ao nível da tolerância: “As fraturas sociais aferem-se mais pelo clima de ressentimento e até ódio manifestamente visíveis no Pais por divergências políticas”. Conheço Carlos Neves desde jovem, acompanhei uma parte importante do seu percurso político no processo da «mudança» e o seu empenho nas primeiras eleições livres em STP – quer legislativas, quer presidenciais – e fui testemunha, quase em «direto», via telefone, do golpe militar de 1995, estava eu na Rádio Macau e conversávamos sobre a situação do país.

         Neste breve conjunto de perguntas e respostas para publicar no meu Blogue PALAVRAS EM VIAGEM, ressalta a ideia de um homem de diálogo e de consensos, livre de escândalos no passado e que não negociou a sua candidatura com qualquer partido político, embora converse com todos e com personalidades diversas da sociedade civil santomense. No momento atual, diz, sente que o seu nome tem passado com facilidade entre a população, a qual reconhece na sua pessoa “alguém que sempre esteve presente nos momentos mais importantes da história política de S. Tomé e Príncipe nos últimos quarenta e sete anos”. 

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         Invista alguns minutos do seu tempo para ficar a saber algumas das linhas essenciais da candidatura de Carlos Neves, que vão da cultura democrática à política externa do país, não esquecendo as diásporas.

A.B./PALAVRAS EM VIAGEM:

Dr. Carlos Neves, é visível num dos vídeos promocionais da sua candidatura a sua ligação umbilical à “União MDFM/UDD”.

Foi proposto pelo partido ou recebeu o apoio já depois de apresentar a sua candidatura?

Não teme que essa «ligação» venha a ser redutora da sua candidatura?

CN – Fui um dos criadores da União MDFM-UDD, em 2018, quando os dirigentes desses dois Partidos se uniram reconhecendo que juntos teriam mais força.

Tivemos em conta as nossas raízes comuns, as nossas afinidades políticas e o potencial de intervenção que daí poderia resultar para as duas formações e, acima de tudo, para o país.

Como sabe as eleições presidenciais não são como as eleições legislativas, sendo o eleitor chamado a, após uma aferição dos candidatos, decidir sobre aquele que, na sua opinião, melhor pode exercer as funções de Presidente da República. Daí que a decisão de me candidatar seja exclusivamente minha, mas disso dei a conhecer aos outros dirigentes do Partido, esperando que, naturalmente, alicerçado no meu passado, na minha história de vida e na minha postura de diálogo e de permanente busca de consensos, pudesse colher o seu beneplácito e granjear o seu apoio, o que aconteceu.

A.B.

Negociou a sua candidatura com outras forças políticas (nomeadamente com o MLSTP – parceiro da coligação no poder)? Deseja ou vai lutar pelo apoio desse partido?

Que outros apoios já mereceu da Sociedade Santomense? De que setores e de quais «figuras públicas»?

CN – Procurei em primeiro lugar sondar o grau da minha aceitação ou rejeição junto da população e de seguida comecei a divulgar as grandes linhas do meu pensamento político, dando assim aos potenciais eleitores a oportunidade de conhecerem os meus propósitos e a minha linha de acção se vier a ser eleito PR, o que espero.

Não negociei com nenhum partido político, mas tenho conversado com vários partidos e personalidades do meu País sobre as minhas ideias e o seu eventual apoio à minha candidatura.

No momento atual sinto que o meu nome tem passado com facilidade entre a população, que reconhece em mim alguém que sempre esteve presente nos momentos mais importantes da história política de S. Tomé e Príncipe nos últimos quarenta e sete anos, alguém que nunca esteve metido em escândalos de qualquer natureza e que deseja ver o Pais progredir num clima de unidade, de consensualidade e de transparência governativa.

A.B.

Sabendo-se como está dividida/fraturada a «sociedade civil» em STP, traduzida por exemplo no elevado número de candidatos que já manifestaram a sua intenção de candidatura…Como é que tem medido o seu índice de popularidade e de aceitação?

CN - Creio que não se deve medir as fracturas da nossa sociedade pelo número de cidadãos que manifestaram a intenção de se candidatar. As fraturas sociais aferem-se mais pelo clima de ressentimento e até ódio manifestamente visíveis no Pais por divergências políticas. Como já referi anteriormente, sou alguém que consegue dialogar com todos os partidos políticos e estabelecer pontes e consensos dentro e fora dos partidos. Essa minha postura não é de hoje e é reconhecida por muita gente.

A.B.

Dr Carlos Neves…sente que é o melhor candidato ou o que está melhor posicionado para vencer as eleições presidenciais? Qual o seu rival mais direto?

Não teme que apareçam outros candidatos de maior “peso”, de figuras como Patrice Trovoada, por exemplo…que poderá vir a obter o apoio da ADI – um partido que ajudou a fundar?

CN – Numa disputa como as eleições presidenciais, reconheço que todos os candidatos devem merecer o nosso respeito, independentemente do seu aparente peso político ou das suas condições financeiras, pois entendo que todas as ideias e propostas podem ser discutidas.

Não é minha preocupação saber quais os cidadãos do meu País irão participar neste pleito que se avizinha. Estou mais concentrado no meu projecto e na interacção com os eleitores, muitos dos quais são do ADI, partido que em boa hora ajudei a fundar.

A.B.

Nas «ideias» que apresenta para um país melhor, refere a necessidade de o PR – em função das suas competências constitucionais – ser um “Gerador de Consensos” (magistratura de influência).

Perante o «clima» (social e político) gerado nos últimos anos – agitação, intriga, conflitualidade – está convicto de que o PR ainda pode ser um gerador de consensos, equidistante e acima das forças partidárias?

CN – Uma das virtudes dos sistemas democráticos é o de permitir que através do diálogo permanente se resolvam ou se atenuem os conflitos que sempre existem nas sociedades.

O papel do PR é justamente o de ser alguém que consiga dialogar com toda a gente, independentemente das suas origens, credos religiosos ou inserções político-partidárias, estabelecendo pontes e gerando consensos, proporcionando a paz e a estabilidade ao seu País.

Os conflitos existentes na nossa sociedade devem merecer a nossa atenção e um estudo pormenorizado das causas e origens, por forma a se encontrar as melhores soluções para os mesmos.

A.B.

Justiça, Corrupção, Administração Pública, Evolução Económica, Justiça Social – são outros desideratos que pretende alcançar.

Qual ou quais devem merecer a atenção imediata do novo PR?

CN – Garantir-se uma sociedade com estabilidade obriga a fazer funcionar a Justiça na sua plenitude, daí esse item dever ser uma das grandes prioridades do PR. A solução da problemática do funcionalmente normal do sistema judicial, é a pedra angular do funcionamento do Estado em todas as suas dimensões, pelo que o PR, como garante do regular funcionamento das instituições, deve exigir, contribuir e zelar para que esta questão se resolva.

Uma Administração Pública a funcionar com transparência, permite o combate à corrupção e proporciona a solução das questões económicas, potenciando, por sua vez, a criação de condições para uma melhor produção e distribuição da riqueza nacional.

A.B.

Alinhamentos fundamentais da Política Externa. (em consonância com o governo, naturalmente).

Para além de uma melhor/mais eficaz integração de STP na região do Golfo…quais os parceiros essenciais/privilegiados para a PE do país?

CN – Naturalmente que o PR não tem o exclusivo da política externa, mas tem uma palavra muito decisiva nos alinhamentos a seguir. Penso que não devemos desviar-nos dos alinhamentos já estabelecidos, isto é, com a CPLP, a UNIÃO AFRICANA, a CEAC (integração regional) e a ONU no plano multilateral, e no plano bilateral com os nossos vizinhos mais próximos – Angola, Guiné-Equatorial, Gabão e Nigéria, e com os nossos principais parceiros fora do espaço africano, designadamente com Portugal, país irmão, e com a República Popular da China, actualmente o maior investidor no nosso Pais. Tudo isso não nos deve abstrair de procurar novas parcerias.

É necessário reforçar-se a ideia da integração regional por forma a atrair os investimentos dos nossos vizinhos e estabelecer-se um mercado para a exportação dos nossos produtos. As acções com vista à implementação de uma diplomacia económica devem ser uma prioridade, aproveitando-se melhor a rede das nossas representações diplomáticas e de consulados honorários.

A.B.

Nesse seguimento, que ações e valores defende para as «diásporas»?

CN – Acho que devemos estabelecer uma linha de contacto permanente com a nossa diáspora de molde a conhecer melhor os seus problemas para que juntos e em articulação caminhemos na busca de soluções, e procurando junto aos países de acolhimento o melhor modelo de enquadramento dos nossos concidadãos.


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Obrigado Dr Carlos Neves pela disponibilidade para mais esta reflexão. Felicidades.

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António Bondoso

Jornalista – CP 150 A.

1 de Março de 2021. 




 

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