ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM STP na Gravana. CARLOS NEVES é um dos perfilados…e vê a Justiça como pedra angular do funcionamento do Estado e uma Administração Pública transparente no combate à corrupção.
Neste breve conjunto de perguntas e respostas para publicar no meu Blogue PALAVRAS EM VIAGEM, ressalta a ideia de um homem de diálogo e de consensos, livre de escândalos no passado e que não negociou a sua candidatura com qualquer partido político, embora converse com todos e com personalidades diversas da sociedade civil santomense. No momento atual, diz, sente que o seu nome tem passado com facilidade entre a população, a qual reconhece na sua pessoa “alguém que sempre esteve presente nos momentos mais importantes da história política de S. Tomé e Príncipe nos últimos quarenta e sete anos”.
Invista
alguns minutos do seu tempo para ficar a saber algumas das linhas essenciais da
candidatura de Carlos Neves, que vão da cultura democrática à política externa
do país, não esquecendo as diásporas.
A.B./PALAVRAS EM VIAGEM:
Dr. Carlos Neves, é visível num dos vídeos
promocionais da sua candidatura a sua ligação umbilical à “União MDFM/UDD”.
Foi proposto pelo partido ou recebeu o apoio já
depois de apresentar a sua candidatura?
Não teme que essa «ligação» venha a ser redutora da
sua candidatura?
CN
– Fui um dos criadores da União MDFM-UDD,
em 2018, quando os dirigentes desses dois Partidos se uniram reconhecendo que
juntos teriam mais força.
Tivemos em conta as nossas raízes comuns, as nossas
afinidades políticas e o potencial de intervenção que daí poderia resultar para
as duas formações e, acima de tudo, para o país.
Como sabe as eleições presidenciais não são como as eleições
legislativas, sendo o eleitor chamado a, após uma aferição dos candidatos,
decidir sobre aquele que, na sua opinião, melhor pode exercer as funções de
Presidente da República. Daí que a decisão de me candidatar seja exclusivamente
minha, mas disso dei a conhecer aos outros dirigentes do Partido, esperando que,
naturalmente, alicerçado no meu passado, na minha história de vida e na minha
postura de diálogo e de permanente busca de consensos, pudesse colher o seu
beneplácito e granjear o seu apoio, o que aconteceu.
A.B.
Negociou a sua candidatura com outras forças
políticas (nomeadamente com o MLSTP – parceiro da coligação no poder)? Deseja
ou vai lutar pelo apoio desse partido?
Que outros apoios já mereceu da Sociedade
Santomense? De que setores e de quais «figuras públicas»?
CN
– Procurei em primeiro lugar sondar o grau da minha aceitação ou rejeição junto
da população e de seguida comecei a divulgar as grandes linhas do meu
pensamento político, dando assim aos potenciais eleitores a oportunidade de
conhecerem os meus propósitos e a minha linha de acção se vier a ser eleito PR,
o que espero.
Não negociei com nenhum partido político, mas tenho
conversado com vários partidos e personalidades do meu País sobre as minhas
ideias e o seu eventual apoio à minha candidatura.
No momento atual sinto que o meu nome tem passado
com facilidade entre a população, que reconhece em mim alguém que sempre esteve
presente nos momentos mais importantes da história política de S. Tomé e
Príncipe nos últimos quarenta e sete anos, alguém que nunca esteve metido em
escândalos de qualquer natureza e que deseja ver o Pais progredir num clima de
unidade, de consensualidade e de transparência governativa.
A.B.
Sabendo-se como está dividida/fraturada a «sociedade
civil» em STP, traduzida por exemplo no elevado número de candidatos que já
manifestaram a sua intenção de candidatura…Como é que tem medido o seu índice
de popularidade e de aceitação?
CN
- Creio que não se deve medir as fracturas da nossa sociedade pelo número de
cidadãos que manifestaram a intenção de se candidatar. As fraturas sociais
aferem-se mais pelo clima de ressentimento e até ódio manifestamente visíveis
no Pais por divergências políticas. Como já referi anteriormente, sou alguém
que consegue dialogar com todos os partidos políticos e estabelecer pontes e
consensos dentro e fora dos partidos. Essa minha postura não é de hoje e é
reconhecida por muita gente.
A.B.
Dr Carlos Neves…sente que é o melhor candidato ou o
que está melhor posicionado para vencer as eleições presidenciais? Qual o seu
rival mais direto?
Não teme que apareçam outros candidatos de maior “peso”,
de figuras como Patrice Trovoada, por exemplo…que poderá vir a obter o apoio da
ADI – um partido que ajudou a fundar?
CN
– Numa disputa como as eleições presidenciais, reconheço que todos os
candidatos devem merecer o nosso respeito, independentemente do seu aparente peso
político ou das suas condições financeiras, pois entendo que todas as ideias e
propostas podem ser discutidas.
Não é minha preocupação saber quais os cidadãos do
meu País irão participar neste pleito que se avizinha. Estou mais concentrado
no meu projecto e na interacção com os eleitores, muitos dos quais são do ADI,
partido que em boa hora ajudei a fundar.
A.B.
Nas «ideias» que apresenta para um país melhor,
refere a necessidade de o PR – em função das suas competências constitucionais
– ser um “Gerador de Consensos” (magistratura de influência).
Perante o «clima» (social e político) gerado nos
últimos anos – agitação, intriga, conflitualidade – está convicto de que o PR
ainda pode ser um gerador de consensos, equidistante e acima das forças
partidárias?
CN
– Uma das virtudes dos sistemas democráticos é o de permitir que através do
diálogo permanente se resolvam ou se atenuem os conflitos que sempre existem
nas sociedades.
O papel do PR é justamente o de ser alguém que
consiga dialogar com toda a gente, independentemente das suas origens, credos
religiosos ou inserções político-partidárias, estabelecendo pontes e gerando
consensos, proporcionando a paz e a estabilidade ao seu País.
Os conflitos existentes na nossa sociedade devem
merecer a nossa atenção e um estudo pormenorizado das causas e origens, por
forma a se encontrar as melhores soluções para os mesmos.
A.B.
Justiça, Corrupção, Administração Pública, Evolução
Económica, Justiça Social – são outros desideratos que pretende alcançar.
Qual ou quais devem merecer a atenção imediata do
novo PR?
CN
– Garantir-se uma sociedade com estabilidade obriga a fazer funcionar a Justiça
na sua plenitude, daí esse item dever ser uma das grandes prioridades do PR. A
solução da problemática do funcionalmente normal do sistema judicial, é a pedra
angular do funcionamento do Estado em todas as suas dimensões, pelo que o PR,
como garante do regular funcionamento das instituições, deve exigir, contribuir
e zelar para que esta questão se resolva.
Uma Administração Pública a funcionar com
transparência, permite o combate à corrupção e proporciona a solução das
questões económicas, potenciando, por sua vez, a criação de condições para uma
melhor produção e distribuição da riqueza nacional.
A.B.
Alinhamentos fundamentais da Política Externa. (em
consonância com o governo, naturalmente).
Para além de uma melhor/mais eficaz integração de
STP na região do Golfo…quais os parceiros essenciais/privilegiados para a PE do
país?
CN
– Naturalmente que o PR não tem o exclusivo da política externa, mas tem uma
palavra muito decisiva nos alinhamentos a seguir. Penso que não devemos
desviar-nos dos alinhamentos já estabelecidos, isto é, com a CPLP, a UNIÃO
AFRICANA, a CEAC (integração regional) e a ONU no plano multilateral, e no
plano bilateral com os nossos vizinhos mais próximos – Angola, Guiné-Equatorial,
Gabão e Nigéria, e com os nossos principais parceiros fora do espaço africano,
designadamente com Portugal, país irmão, e com a República Popular da China,
actualmente o maior investidor no nosso Pais. Tudo isso não nos deve abstrair
de procurar novas parcerias.
É necessário reforçar-se a ideia da integração
regional por forma a atrair os investimentos dos nossos vizinhos e
estabelecer-se um mercado para a exportação dos nossos produtos. As acções com
vista à implementação de uma diplomacia económica devem ser uma prioridade,
aproveitando-se melhor a rede das nossas representações diplomáticas e de
consulados honorários.
A.B.
Nesse seguimento, que ações e valores defende para
as «diásporas»?
CN – Acho que devemos estabelecer uma linha de contacto permanente com a nossa diáspora de molde a conhecer melhor os seus problemas para que juntos e em articulação caminhemos na busca de soluções, e procurando junto aos países de acolhimento o melhor modelo de enquadramento dos nossos concidadãos.
Obrigado Dr Carlos Neves pela disponibilidade para mais
esta reflexão. Felicidades.
==============
António Bondoso
Jornalista – CP 150 A.
1 de Março de 2021.
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