Como
exemplo maior o atual ministro da educação (?), membro de um governo
«caloteiro» que não paga o que deve a quem procura cumprir atempadamente os
seus compromissos. Falo dos clubes de futebol, claro. Particularmente em tempo
de pandemia. E o ministro Tiago, ao «futebol» tem dito nada! Nomeadamente ao
FCP que, ainda recentemente, valorizou o nome de Portugal na Liga dos Campeões.
Mas adiante…que o burro está impaciente!
Lembrei há dias – talvez quase ninguém tenha reparado – o
que escreveu Almada Negreiros sobre as palavras: «O preço de uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras.
Lê-se nos olhos das pessoas. As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme
o palco dos olhos de cada um». Não pretendendo
interpretar – e muito menos questionar – as palavras de Almada [quedo-me
humildemente no reconhecimento das minhas modestas capacidades], e até porque
ele próprio escreveu em 1923 «Por amor de
Deus, não me obriguem a explicar nada do que eu digo», não deixarei – nunca
deixei – de estar atento às palavras que diariamente vão marcando o nosso
quotidiano. Por parte seja de quem for.
Acho piada, sem surpresa – pois os
episódios se repetem no que diz respeito às virgens ofendidas – que se queira
branquear a incompetência de um grupo de árbitros de futebol pelo relevo dado a
um caso de polícia. Quem foi agredido apresenta queixa e testemunhas. E a
justiça seguirá o seu caminho. Exatamente ao contrário do que já não poderá
suceder com os 2 penáltis não assinalados a favor do FCP no jogo de Moreira de
Cónegos. Também não deixa de ser curioso o facto de os média estarem agora a
valorizar os 10 centímetros de um fora de jogo. O caso que importa é a
sonegação de dois penáltis!
E depois aparecem as habituais
carpideiras da 2ªCircular, qual delas a cheirar mais a processos ainda não
totalmente esclarecidos e resolvidos, a reclamar justiça pronta e célere. E os
média nos seus habituais julgamentos de praça pública. Tão intensos quando o
céu é azul e branco. Mas esquecem as missas, os padres, os e-mails, os juízes
corrompidos, as dívidas – mesmo que perdoadas – os assassínios de adeptos, as
invasões de violência, o cashball – mesmo que arquivado – e outras tropelias
que fazem um santo corar de vergonha. Mas, de facto, não há santos. Nem os
ditos jornalistas. Não são inimputáveis, embora às vezes pareça. E não quero
falar deste caso em particular, pois não vi o sucedido. Mas perante um crime, é
avançar.
Ouvi igualmente falar em ADN. Pois eu
vos digo que o meu ADN é do tempo dos Calabotes. Foi aí que bebi o meu direito
à indignação, muito antes de Mário Soares o apresentar como um direito
adquirido. E dele não abdico, independentemente de reconhecer os direitos de
informação e de liberdade de expressão. O que leio e vou ouvindo quantas vezes
conseguem fazer crescer os poucos cabelos que tenho! Para além do ADN, também
ouvi falar em «fora-da-lei». Por exemplo, a colagem à figura de Pinto da Costa que
os média e outros cidadãos logo fizeram a respeito do eventual agressor.
Afinal, quem cometeu o «crime» estava ali a convite do próprio Moreirense.
Sou contra todo e qualquer tipo de
corporativismo. Assumo as minhas responsabilidades enquanto cidadão e enquanto intérprete
de um código deontológico. Pode ser que este repórter venha a ter mais sorte do
que eu e que o Sindicato o consiga defender, ao contrário do que sucedeu comigo
quando fui «saneado» três vezes.
Aqui chegados, não quero igualmente deixar de criticar os responsáveis do
FCP pelos acontecimentos de ontem, tal como o treinador Sérgio Conceição pela
falta de visão e de leitura do jogo. Sobre os jogadores utilizados? Cada um
sabe do que se passa em sua casa. Mas o que deixa transparecer é uma ideia
completamente desajustada.
Independentemente de quem dirige e de
quem treina, não deixarei de ser tão portista como os demais. Tal como não
deixarei de ser jornalista.
António Bondoso
Abril de 2021.
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