UM
LIVRO DE VEZ EM QUANDO…ou de como parece tudo poder começar na literatura
infantil ou infantojuvenil.
Desde sempre, os
temas difíceis foram, de algum modo, tratados na literatura infantil, apesar
das reservas que a sociedade pode ou não ter em relação à sua abordagem junto
dos mais novos. Se por um lado a Humanidade procura proteger as crianças destes
temas mais complexos, esta proteção não pode nem deve ser confundida com
ignorância, relativamente a acontecimentos ou a aspetos com os quais os mais
jovens se podem vir a confrontar.
(AZEVEDO, Fernando; BALÇA, Angela; SELFA SASTRE, Moisés (2017). Os conflitos bélicos e a criança na literatura infantil. Perspectiva, 35(4), 1141-1156.
O livro de que falo e que integra o
Plano Nacional de Leitura é da autoria de Milu Loureiro, publicado em 1ª edição
em 2018 e reimpresso em 2022. É natural que a «ideia» tenha sido «bebida» nas
dificuldades de um cotidiano de alguma forma perturbador e inquieto, pois exemplos
não têm faltado. Depois dos anos da Troika e da difícil recuperação económica e
financeira, a «pandemia» quase não deixou respirar a sociedade e – ainda numa
fase crítica de «rescaldo» – sobreveio nova guerra em território europeu.
Portanto, entrando mais diretamente no que me traz aqui – que é o livro da Milu Heitor – à época em que a história foi idealizada, tal como hoje, “A vida na cidade ia de mal a pior e a tolerância era menos que zero”. E para além das discussões que se sucediam, “muita vezes passava-se ao uso da força”. Por outro lado, toda a gente reclamava e chegou-se ao ponto de “os filhos não respeitarem os pais e estes não terem paciência para eles”.
O livro tem a «chancela» da editora SANA e tem capa e ilustrações da própria autora. Vale a pena ler e seguir o trajeto desta licenciada em Filologia Românica, natural de Aguiar da Beira e que, deixando de ser Professora Bibliotecária, passou a «ensinar» pela escrita, pela narração oral e até pela confeção de tapetes narrativos, aventais e livros de pano.
António Bondoso
Fevereiro de 2023.
2 comentários:
Obrigada pelas suas palavras e pela lúcida visão da literatura infantojuvenil! É meu sonho maior formar leitores críticos e interventivos que se imbuam dos verdadeiros valores que devem nortear a nossa passagem por este mundo! Em suma, ajudar as crianças a serem pessoas de Bem!!
Uma análise bem conseguida, já que nos tempos que vivemos existem muitas cidades que deixaram de sorrir. Mas uma criança que tenha a possibilidade de receber um sorriso é uma criança feliz e esse é realmente o foco da escritora no seu livro. Continuem a sorrir.
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