S. Tomé e Príncipe em Portugal. II
Congresso da Mén Non
COMO
SE AVALIA A IMPORTÂNCIA DE UM CONGRESSO SOBRE A MULHER? É preciso ter voz para
ultrapassar dificuldades.
Entre
muitas questões que se colocam às «mulheres santomenses» em Portugal, há
algumas que, por si só, justificam um aceso e profícuo debate. A MÉN NON – associação que congrega as
mulheres de S. Tomé e Príncipe a residir e/ou a trabalhar em Portugal – decidiu
pegar no tema da «Migração Feminina Santomense» e pôr muita gente a falar sobre
«desafios e conquistas».
Referindo e lamentando o facto de ainda
não haver um núcleo da MÉN NON em S.
Tomé e Príncipe, necessário ou mesmo fundamental, a Presidente da Associação –
Ilidiacolina (Fatinha) Vera Cruz – disse ser muito mau não terem voz no próprio
país. «É como se fossemos estrangeiros».
Numa breve conversa telefónica, fiquei
igualmente a saber que os governantes de STP conhecem a Associação, sabem do
trabalho desenvolvido e elogiam…mas «poderiam fazer mais». Contudo, não deixou
de salientar que há uma boa relação com Ernestina Menezes, que dirige o Instituto
da Igualdade de Género no país.
Do mesmo modo, elogiou a colaboração
que a MÉN NON tem recebido das autoridades portuguesas, por intermédio da
Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género de Portugal, não apenas no
apoio à realização do II Congresso que vai decorrer no dia 22 nas instalações
da Universidade Lusófona em Lisboa. Essa colaboração tem sido muito positiva na
concretização de projetos no terreno, nomeadamente na sensibilização para os
problemas da violência doméstica junto das maiores comunidades situadas no
Bairro Jamaica e no Traço da Ponte, antiga Quinta do Mocho.
A caminhada tem vindo a fazer-se mas é
muito dura, perante as enormes dificuldades que se apresentam, sabendo que a
diáspora santomense em Portugal é das maiores, apesar de muitos elementos terem
daqui partido para a Inglaterra, França e Luxemburgo.
Mas essas dificuldades, disse-me
Fatinha Vera Cruz, dão mais força à Associação. E graças aos amigos, aos
associados e às ajudas institucionais tem sido possível desenvolver projetos.
Para além dos já mencionados, há igualmente essa ideia de um Feira do Livro de
autores santomenses a realizar no Porto, provavelmente a 25 e 26 de Outubro.
Mas
para este II Congresso, já depois de amanhã – na Universidade Lusófona, em
Lisboa – vai valer a pena ouvir mulheres de várias latitudes. De S. Tomé virá a
jurista Vera Cravid, mas em Portugal residem e trabalham muitas outras
palestrantes: Maria Magdala, fundadora e diretora da empresa ComuniDiária
tentará responder à questão genérica «Quem é a Mulher Brasileira?»; Joacine
Katar Moreira, natural da Guiné-Bissau, ativista social e investigadora do
ISCTE dará a sua visão sobre a mulher guineense; de França virá a socióloga
Maria-Alves Neto para dar uma perspetiva sociológica da emigração feminina santomense,
com enfoque na Europa, particularmente em França. Yasmina Costa falará sobre a
Diáspora Africana com enfoque em Angola e, de Moçambique, a poetisa Elsa de
Noronha que reside há longos em Portugal. Ainda destaque no campo das letras para
as escritoras/poetisas Alda de Barros e Olinda Beja e uma presença masculina em
foco – Carlos Almeida Camucuço - para transmitir um olhar diferente sobre os
desafios da mulher.
Um painel a justificar expectativa é
seguramente aquele que vai discutir os valores éticos e preconceitos do «Quinté
Nglanji», moderado por Abigail Tiny Cosme e com a participação de Inocência
Mata.
Um último destaque para o cinema. Katya
Aragão mostrará os bastidores do filme «Mina Kiá» - a primeira
curta-metragem de ficção produzida pela “Tela
Digital Media Group”. Tónia, uma menina sonhadora, é enviada para casa dos tios
na cidade, onde vai ser educada…
Bom
trabalho, bom Congresso da Mulher Santomense em Portugal.
D. Maria de Jesus e D. Luisa Teixeira, mulheres santomenses de um tempo outro.
António Bondoso
Jornalista
20 de Setembro de 2018.
2 comentários:
Excelente reportagem, António Bondoso!
Os meus parabéns!
Que deste Congresso as Mulheres saiam mais confiantes, esclarecidas, prontas e unidas para mais desafios.
Viva a Mulher santomense!
Muito obrigada, António Bondoso!
Caro Bondoso: Gostei deste seu comentário antes do Congresso. Situei-me melhor no contexto. Aguardo, com alguma ansiedade é verdade, o comentário post congresso, que acredito não vai faltar. Obrigado. Um abraço, carlos dias
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