2020-04-02


Diz a minha agenda das Edições Esgotadas que hoje é o Dia Internacional do Livro Infantil e o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.
                    Como tenho saudades da Banda Desenhada do Major Alvega!
Mas quero apenas lembrar que fui tendo a oportunidade e o privilégio de ir escrevendo e publicando livros. Da mais diversa temática, da Poesia à Prosa, do Ensaio às Teses Académicas, vindos à luz do dia por meio de Editoras ou mesmo em «Edições de Autor», não esquecendo a participação em Diversas Coletâneas como a Poiesis, da Editorial Minerva, a Mangwana ou Rio dos Bons Sinais, do CEMD – Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora – e também Palavras de Cristal, da Modocromia.


Escrevi notícias e elaborei programas de Rádio ao longo de 40 anos. Mas, em 1999, circunstâncias diversas levaram-me à Poesia, em Macau. Foi o primeiro livro, titulado Em Macau Por Acaso, mas talvez não tenha sido assim tão por acaso. Alguns amigos, a ocasião, o ambiente, a ambiência…ajudaram a produzir o conjunto: António Cardoso Pinto, Helder Fernando, Estima de Oliveira, António Correia, foram talvez os principais responsáveis. A todos eles estou imensamente grato.
Na esteira da inspiração, sobretudo da transpiração…foram aparecendo muitos, felizmente, dos quais pretendo apenas salientar hoje dois – resultado de um enorme trabalho de investigação e de pesquisa. 


ESCRAVOS DO PARAÍSO (Esgotado), de 2005, com a MinervaCoimbra, um relato abrangente de vivências de S. Tomé e Príncipe que percorre parte do trajeto da violência da Escravatura e dos serviçais contratados para as roças, ora no «ciclo da cana do açúcar», ora no «ciclo do cacau», permitindo enquadrar episódios reais e testemunhos na primeira pessoa, do tempo mais recente do longo «ciclo da colonização portuguesa» nessas ilhas encantadas do Golfo da Guiné. Digo ainda que é «uma viagem profunda à intimidade dos afetos e da paixão pelas ilhas de S. Tomé e do Príncipe, inventadas por Deus e abençoadas pela natureza africana. Dos que viveram e daqueles que ainda permanecem no coração das “Ilhas do Meio do Mundo”, são-nos também revelados sentimentos de desilusão e de mágoa pelas dificuldades surgidas nos caminhos da afirmação da Independência e, simultaneamente, de uma eterna esperança no futuro do novo país. Enquanto se vai esperando pelo «ciclo do petróleo», a governação tem apostado no turismo mas esquece as pescas, e a agricultura é o parente atribuladamente pobre». 


O PODER E O POEMA (ainda disponível), de 2012, com as Edições Esgotadas, é simultaneamente um ensaio e um canto de protesto e de revolta, que foi ao passado – recente e longínquo – buscar ensinamentos e conforto para enfrentar e ajudar a ultrapassar os problemas do presente e os desafios do futuro. Cito Luís Veiga Leitão – “Dizem que os poetas são o sal da terra. Hoje, como nunca, necessários são para que o mundo não apodreça mais ainda” – e o mais recentemente desaparecido Pedro Barroso: “Este livro não é apenas um livro de poesia, é sobretudo um livro/ensaio sobre as odes à revolta que foram surgindo ao longo da história”.
António Bondoso
2 de Abril de 2020. 


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