TUDO O QUE TENHO ESCRITO É POUCO…mas é o que sinto e sei! 48 anos depois da sua partida precoce, a sua figura doce alimenta memórias que o tempo não consegue esbater.
A propósito, documento algumas das palavras
mais recentes:
Quando
a mãe não está...há muitos espaços vazios entre o coração e a saudade. E a minha
já não está há 47 anos.
Foi
sempre uma âncora firme. Mas "levantou ferro" há 46 anos...e eu
cheguei a navegar sem rumo. Na doçura da tua voz e do teu gesto fixo hoje a
memória do carinho que me guia em cada dia, até nos voltarmos a encontrar...
Bom dia MÃE!
À MINHA MÃE VIRGÍNIA
Há 45 anos – dava eu os primeiros passos de um jovem
adulto e servindo no exército – veio sobre mim o clarão triste da morte. Foi
atingida a mãe deste filho, provavelmente a meio do seu percurso de vida! Ainda
jovem, portanto. E foi uma dor que fez mossa. Sentida ainda hoje. Não foi nada fácil
adaptar-me à circunstância de ser órfão. E os caminhos multiplicaram-se na
visão dos horizontes de uma ilha a meio do mundo, ora fechando ora abrindo as
águas do mar imenso. E como não pude estar com ela nesse momento de passagem…é
importante que agradeça a quem esteve comigo nas horas da cor do luto, é
importante que estenda o gesto de carinho a quem esteve com ela nos momentos
dolorosos dos suspiros – antes de uma nova viagem. Não sendo dono do tempo e
não desistindo da memória, grato estou igualmente a quem me acompanha ainda
hoje neste espaço de certeza, elevando o coração à altura das lembranças da mãe
que tive e que foi. Bjs do filho e até um dia destes. Porque o Céu existe.
*****
Bom dia Mãe!
EM MEMÓRIA…
Há
dias em que a felicidade também devia ser medida pela quantidade de condensação
que o vale das três montanhas oferece.
Há
dias…ainda foi ontem mas parece ter sido há uma eternidade, sobretudo pela
falta que me tens feito nestes 42 anos. Pelo carinho, pela paciência, pela paz
e pela doçura que transpiravas. Pudera a minha juventude regressar ao ativo e
eu sentir os passos da tua presença.
Hoje,
digo apenas que continua a ser válido o que escrevi há dois anos:
FOI HÁ QUARENTA ANOS!
Com a tua partida
Fiquei órfão de um sorriso lindo e doce,
Carente do desvelo com que mimaste minha infância
E me viste crescer,
Mesmo quando a tua serena fúria
Pretendia ser amarga e dizer não.
Não foste perfeita à imagem de uma santa
Mas amaste quem pariste
E sofreste quem amaste.
Foi há quarenta anos...
E eu
Na minha Ilha de Sonho,
Ainda procurava descobrir o caráter do mundo!
E
hoje, em 2020
Mãe 48anos de Saudade
E
de repente chegamos ao mundo e temos um aconchego pleno de carinho protetor que
nos dá alento e nos ensina a respirar a vida. Chama-se Amor de Mãe! E só é
interrompido quando se parte o elo físico da relação. Para preencher o «vazio»,
oferecem-nos então esse imenso estado d’alma a que se dá o nome de saudade.
Renova-se a cada ano que passa. E não termina nunca!
Como diz Almada, em «La Lettre», a mãe deixou-o sem querer e
ele não quis que ela partisse. E confessa não lhe ter escrito, pois o céu onde
a mãe está…é imenso!
“(…) Il est minuit…
Je vois le ciel
Où tu es, Maman…
Tu m’as quitté
Sans le vouloir!
Moi non plus,
Je ne l’ai pas voulu!(…)”
António Bondoso
Abril de 2020
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