NUVENS NEGRAS…ou a
vergonha de como um «bando de especialistas» pretende transformar um país,
arrasando-o!
Foto de António Bondoso
NUVENS NEGRAS…ou a vergonha de como
um «bando de especialistas» pretende transformar um país, arrasando-o!
Uma absurda e vergonhosa competição/guerra – à moda de um ultraliberalismo no
seu momento mais elevado – coloca médicos contra médicos, à procura de
protagonismo, mete ao barulho os mais diversos laboratórios, em busca de
projeção e do lucro.
E os média e os seus peões de brega,
alguns dizem-se jornalistas, vão entrando e alimentando esta luta. Sem bússola,
sem referência, sempre à procura do show-off que os mantenha à tona da água ou
os empurre para o topo.
É
a economia, estúpido! A frase correu mundo, talvez muitos se lembrem, mas hoje
há novos contornos. Podemos mesmo dizer que «não é apenas a economia, estúpido»!
A ganância, a ambição, a traição, a manipulação, as lutas pelo poder tomaram
conta desta sociedade doente. Tantos especialistas vão minando a confiança dos
cidadãos, dividindo o país em bons e maus ou em falsos e verdadeiros,
antagonizando governantes e governados numa situação que requere tranquilidade.
Hoje
aparecem os mais diversos especializados em máscaras, na manipulação dos
números e no prazer da necrologia, e eu vou olhando incrédulo para os efeitos
do desgaste com que alguns média, ditos de referência, vão contribuindo para as
campanhas despejadas nas redes sociais.
De repente, este país que Almada chamou
de «sítio, ainda por cima mal frequentado», passou a ter uma plêiade de
especialistas. Não me refiro aos médicos de uma forma geral – a Ordem e os
sindicatos são outra coisa – tal como não me refiro genericamente aos
enfermeiros – a Ordem e os sindicatos são outra coisa – do mesmo modo que não destaco
mais umas quantas profissões de grande relevância na sociedade portuguesa. Como
são cientistas e investigadores de renome, que apenas amam e honram o seu
trabalho, não se imiscuindo na baixa política da crítica fácil e enraivecida…
Sabemos que há alguns bons empresários –
negociantes são outra coisa – tal como sabemos que há alguns bons professores,
os sindicatos não valem a abrangência, sabendo igualmente que há alguns bons
jornalistas. Mas os média que os exploram com baixos salários e sem condições
de trabalho dignas são os maiores culpados, tal como as «escolas» que os (de) formam
com o objetivo único da mesquinhez e da morbidez das audiências.
Para cumprirem o desiderato vão chafurdando
no pântano da desinformação, sempre à procura de um pormenor, sempre atrás de
um rumor, sempre em busca da agitação. A fricção vale muito mais do que o
confronto leal, sério, honesto e de «valor acrescentado». À «gestão da crise»
apelam à confusão da crise. Morreram pessoas com outras patologias? Coisa nunca
vista, dizem! Não é habitual? A culpa é da falta e do desvio de recursos. Como
se nunca tivesse havido falta de recursos – particularmente durante a crise
financeira! E como se nunca tivesse havido cortes e má gestão no SNS!
Mas apesar das nuvens negras – ou sobretudo
por elas – perceba que o mais avisado, nas atuais circunstâncias, é ficar em
casa e/ou manter a distância social. As máscaras do tipo comum, podem estar
certos, não resolve por si só a proteção caso não se respeitem esses
pressupostos. A DISCIPLINA é fundamental. Nada pior do que ver e ouvir um casal
que, intercetado pela polícia, dizer que ia passar um bocado a casa de uns
amigos.
Voltando a Almada Negreiros, fixo um
excerto do seu «Manifesto Anti Dantas»: “O Dantas é um habilidoso! (…) O Dantas
em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.(…)”.
Por isso, deixe o talento, o
profissionalismo, o empenho, a competência para quem merece, para os
verdadeiros especialistas. A propósito, talvez se recorde do filme O
ESPECIALISTA, excelentemente protagonizado por Sharon Stone e Sylvester
Stallone. Não queira ser mais papista do que o Papa. E como Francisco tem dado
o exemplo.
António
Bondoso
Abril
de 2020.
1 comentário:
Uma boa analise do nosso comportamento, especialmente na crise em que passamos,de desleixo e indiferença para com os outros
Um abraço
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