Autor.
Como diz o «dicionário»: 1- escritor; 2 – criador de algo; 3 – responsável por
um ato. Autor, portanto, não se refere exclusivamente a escritores. O
«criador», sim, será sempre um (o) autor. Comum aos três exemplos…a
responsabilidade. E como eu gostaria que a responsabilidade fosse, de facto,
intrinsecamente comum. Infelizmente sabemos que não é. Contudo…e aproveitando a
onda das consequências deste tempo conturbado e perturbador, faz sempre bem uma
reflexão. E assim, dou valor ao inquérito que hoje se inicia a propósito do
jornalismo.
Cartaz da Editora "Edições Esgotadas"
Segundo
um e-mail que me foi enviado pela CCPJ…«Há perguntas que, por vezes, nos esquecemos de fazer
quando todos os dias procuramos notícias sobre o Coronavírus e os efeitos
económicos e sociais do estado de emergência. Quais os efeitos da crise sobre
os profissionais que todos os dias têm por função recolher e tratar a
informação? E que efeitos isso poderá ter na qualidade das notícias que
recebemos?
Para ajudar a
responder a estas questões, a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista
(CCPJ), o Sindicato dos Jornalistas (SJ) e a Associação Portuguesa
de Ciências da Comunicação (Sopcom), juntamente com os centros de
investigação das Universidades de Coimbra, de Lisboa e do Minho estão a lançar
um inquérito dirigido a todos os detentores de título profissional de
jornalista, a decorrer a partir de hoje e até 8 de junho.
A resposta a este
inquérito deverá permitir obter um retrato socioprofissional dos jornalistas,
analisar os efeitos da Declaração do Estado de Emergência na sua situação
laboral e perceber que questões ético-deontológicas os profissionais do
jornalismo identificaram como problemáticas no contexto da cobertura crise
sanitária.
Este estudo é
importante para fazer o retrato da situação atual dos jornalistas. Pretende-se
reunir informação útil e rigorosa para instruir eventuais políticas e
estratégias públicas de intervenção no setor, tanto em matérias de natureza
laboral como de promoção da qualidade da informação».
É interessante, mas parece-me que as entidades
referidas poderiam ir um pouco mais longe no sentido de saber qual, onde e como
os ditos «profissionais» absorveram a sua formação. O debate subsequente seria
certamente mais enriquecedor.
Por outro
lado, voltando ao autor e à sua obra, recordo um excerto de um pequeno texto
que escrevi em 2014 – estávamos em tempo de outra crise, era um espaço de
atuação da «Troika»:
«Escrever
faz bem à saúde é melhor do que a dieta contorna a depressão e não engorda nem
sequer conduz à beira do abismo como infelizmente vamos sendo confrontados
particularmente em tempos de crise quando há pais que não se alimentam e muito
menos podem cuidar dos filhos a não ser que estes ainda tenham acesso às
sobreviventes cantinas escolares uma das situações agravadas com a política de
cortes cegos desenvolvida por um desgoverno incapaz e patrocinada por uma
troika que apenas responde aos donos do dinheiro senhores da alta finança
relegando o primado da política para segundo plano e por tudo isto é que eu
escrevo pois denunciar os males da sociedade em que vivemos – quando acontece
termos vontade de viver – é fundamental é um direito de cidadania é um dever de
participar na vida coletiva é um ato de coragem perante a adversidade que nos
atinge todos os dias e faço agora um ponto final para poder respirar…».
António Bondoso Maio de 2020.
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