2020-05-22


Autor. Como diz o «dicionário»: 1- escritor; 2 – criador de algo; 3 – responsável por um ato. Autor, portanto, não se refere exclusivamente a escritores. O «criador», sim, será sempre um (o) autor. Comum aos três exemplos…a responsabilidade. E como eu gostaria que a responsabilidade fosse, de facto, intrinsecamente comum. Infelizmente sabemos que não é. Contudo…e aproveitando a onda das consequências deste tempo conturbado e perturbador, faz sempre bem uma reflexão. E assim, dou valor ao inquérito que hoje se inicia a propósito do jornalismo. 


Cartaz da Editora "Edições Esgotadas"

Segundo um e-mail que me foi enviado pela CCPJ…«Há perguntas que, por vezes, nos esquecemos de fazer quando todos os dias procuramos notícias sobre o Coronavírus e os efeitos económicos e sociais do estado de emergência. Quais os efeitos da crise sobre os profissionais que todos os dias têm por função recolher e tratar a informação? E que efeitos isso poderá ter na qualidade das notícias que recebemos?
Para ajudar a responder a estas questões, a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ), o Sindicato dos Jornalistas (SJ)  e a Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (Sopcom), juntamente com os centros de investigação das Universidades de Coimbra, de Lisboa e do Minho estão a lançar um inquérito dirigido a todos os detentores de título profissional de jornalista, a decorrer a partir de hoje e até 8 de junho.
A resposta a este inquérito deverá permitir obter um retrato socioprofissional dos jornalistas, analisar os efeitos da Declaração do Estado de Emergência na sua situação laboral e perceber que questões ético-deontológicas os profissionais do jornalismo identificaram como problemáticas no contexto da cobertura crise sanitária.
Este estudo é importante para fazer o retrato da situação atual dos jornalistas. Pretende-se reunir informação útil e rigorosa para instruir eventuais políticas e estratégias públicas de intervenção no setor, tanto em matérias de natureza laboral como de promoção da qualidade da informação».



É interessante, mas parece-me que as entidades referidas poderiam ir um pouco mais longe no sentido de saber qual, onde e como os ditos «profissionais» absorveram a sua formação. O debate subsequente seria certamente mais enriquecedor.
         Por outro lado, voltando ao autor e à sua obra, recordo um excerto de um pequeno texto que escrevi em 2014 – estávamos em tempo de outra crise, era um espaço de atuação da «Troika»:
«Escrever faz bem à saúde é melhor do que a dieta contorna a depressão e não engorda nem sequer conduz à beira do abismo como infelizmente vamos sendo confrontados particularmente em tempos de crise quando há pais que não se alimentam e muito menos podem cuidar dos filhos a não ser que estes ainda tenham acesso às sobreviventes cantinas escolares uma das situações agravadas com a política de cortes cegos desenvolvida por um desgoverno incapaz e patrocinada por uma troika que apenas responde aos donos do dinheiro senhores da alta finança relegando o primado da política para segundo plano e por tudo isto é que eu escrevo pois denunciar os males da sociedade em que vivemos – quando acontece termos vontade de viver – é fundamental é um direito de cidadania é um dever de participar na vida coletiva é um ato de coragem perante a adversidade que nos atinge todos os dias e faço agora um ponto final para poder respirar…».
António Bondoso 
Maio de 2020.    

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