2020-03-29

COVIDias1…ou de como, ficando em casa, vou escrevendo sobre isto e aquilo, pois tudo me diz respeito. E as palavras têm sobretudo a ver com as situações que me são próximas, com os locais dos meus afetos ou com o modelo das ideias que partilho. 


Ao fim de 3 semanas de isolamento voluntário, confesso que não estou muito preocupado com os números da China – 40 mil ou apenas 4 mil – ou da Rússia, ou dos Estados Unidos, seja qual for a dimensão da propaganda ou da verdade, seja mito ou teoria da conspiração. O que verdadeiramente me assusta é termos um «inferno» aqui ao lado, em Espanha, e continuar a perceber insanidade em setores importantíssimos da sociedade portuguesa.
Não se trata apenas das imagens das filas intermináveis de veículos a circular a caminho de nenhures ou de confraternizações à beira-mar. O Estado democrático é preenchido pela diversidade de opiniões mas não deve ser olhado por uma perspetiva de ditadura corporativista. Particularmente quando o momento exige unidade e determinação. Não falo de unanimismo. Se e quando o Estado falhar há que responsabilizá-lo política e mesmo criminalmente se for caso disso. Mas esta não é a hora. Respeito – há muito que aprendi a respeitar – os médicos e os enfermeiros. Reconhece-se isso sobretudo quando passámos por situações complicadas. Mas não posso deixar de manifestar a minha indignação quando leio – apesar de não ter sido massivamente divulgado – que o Sindicato dos Enfermeiros (talvez haja mais do que um), pela palavra do seu presidente à agência Lusa, «vai avançar com uma providência cautelar contra o Estado devido à falta de material e de proteção dos profissionais para enfrentarem a pandemia de Covid-19».
Deve ser defeito meu, talvez uma certa iliteracia jurídica, mas não consigo perceber o alcance! Vai daí…começo a imaginar que o Tribunal possa mandar confiscar os equipamentos que o Estado adquiriu recentemente no estrangeiro.
António Bondoso
Março de 2020


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