COVIDias1…ou
de como, ficando em casa, vou escrevendo sobre isto e aquilo, pois tudo me diz
respeito. E as palavras têm sobretudo a ver com as situações que me são
próximas, com os locais dos meus afetos ou com o modelo das ideias que
partilho.
Ao fim de 3 semanas de isolamento voluntário, confesso que não estou
muito preocupado com os números da China – 40 mil ou apenas 4 mil – ou da
Rússia, ou dos Estados Unidos, seja qual for a dimensão da propaganda ou da
verdade, seja mito ou teoria da conspiração. O que verdadeiramente me assusta é
termos um «inferno» aqui ao lado, em Espanha, e continuar a perceber insanidade
em setores importantíssimos da sociedade portuguesa.
Não se trata apenas das imagens das filas intermináveis de veículos a
circular a caminho de nenhures ou de confraternizações à beira-mar. O Estado
democrático é preenchido pela diversidade de opiniões mas não deve ser olhado
por uma perspetiva de ditadura corporativista. Particularmente quando o momento
exige unidade e determinação. Não falo de unanimismo. Se e quando o Estado
falhar há que responsabilizá-lo política e mesmo criminalmente se for caso
disso. Mas esta não é a hora. Respeito – há muito que aprendi a respeitar – os
médicos e os enfermeiros. Reconhece-se isso sobretudo quando passámos por
situações complicadas. Mas não posso deixar de manifestar a minha indignação quando
leio – apesar de não ter sido massivamente divulgado – que o Sindicato dos Enfermeiros (talvez
haja mais do que um), pela palavra do seu presidente à agência Lusa, «vai
avançar com uma providência cautelar contra o Estado devido à falta de material
e de proteção dos profissionais para enfrentarem a pandemia de Covid-19».
Deve ser defeito meu, talvez uma
certa iliteracia jurídica, mas não consigo perceber o alcance! Vai daí…começo a
imaginar que o Tribunal possa mandar confiscar os equipamentos que o Estado
adquiriu recentemente no estrangeiro.
António Bondoso
Março de 2020
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