Há
pessoas que são poemas…ou de como devemos fazer por merecer as amizades que nos
trazem alegrias nesta caminhada. Hoje quero recordar os vivos ZEAL Berto
Rodrigues e José Brites Marques Inácio, e outros dois que acabam de nos deixar
fisicamente: a Zélia Filipe e o Pedro Barroso.
No dia da Poesia, que também é da
Árvore – e porque elas morrem de pé – quero lembrar dois nomes que me ficarão
na memória. A Zélia Filipe, que passou por mim velozmente e por meio de uma
ligação familiar próxima. Semeava vida, transpirava disponibilidade e escrevia
com traço fino. Em «Um Mar Chamado Maio» plantou:-“ E quando uma gota
da tua pele inundava a minha, Maio tremia e jurava esquecer-te de novo. (…) Escreve
um poema na minha mão, pediste-me um dia (…)”. Celebraria hoje sessenta e
uma primaveras e talvez não tenha tido tempo de escrever o poema na mão de quem
lhe pediu.
E o Pedro Barroso, que teve igualmente pressa
de partir, não sem antes me oferecer a sua amizade (pelo que estou grato à Zé
Praça) e me ter dado a oportunidade de partilhar ideais, aceitando comentar o
meu «O Poder e o Poema»: - “Este livro não é apenas um livro de poesia, é
sobretudo um livro/ensaio sobre as odes à revolta que foram surgindo ao longo
da história”. No
dia em que disse estas palavras, na CISTP – Casa Internacional de S. Tomé e
Príncipe, em Lisboa – o Pedro recebeu um quadro pintado pela minha prima Tita,
sua admiradora incondicional. Mas o Pedro teve pressa de partir. Não deixa um
vazio pois a sua generosidade foi imensa, perfeitamente capaz de preencher o
espaço:
AO
PEDRO BARROSO
Tiveste
pressa de partir
Pedro.
Mas
partiste a cantar…
De
coração cheio de cantigas ao vento
De
poemas puros e doces
E
de palavras poderosas e perfeitas
Choradas,
trabalhadas e sentidas.
A
tua memória feliz…
Será
sempre uma melodia
Celebrada
em pensamento!
Neste
Dia da Poesia, quero ainda deixar um abraço grato a dois outros poetas, vivos.
Ao José Brites Marques Inácio, que me canta – científica e calorosamente – as
belezas da vida e do Douro, quer no Porto, quer em Resende, e me tem brindado
com a sua amizade e disponibilidade. Nem de propósito, José Brites tanto nos
diz que «Pluviosa/ a natureza/
como teus lábios/, como Marques Inácio escreve que «Da espuma dos dias surtirão entre manitas salpicos e rochas densas de amor alapado, octópodes animados em praias de peixes voadores, canoas alagadas e sol calmo. Por fim».
como teus lábios/, como Marques Inácio escreve que «Da espuma dos dias surtirão entre manitas salpicos e rochas densas de amor alapado, octópodes animados em praias de peixes voadores, canoas alagadas e sol calmo. Por fim».
A outra figura é o ZEAL Berto Rodrigues, que vai resistindo
às contradições da vida deste mundo. Beirão de Viseu, amante da liberdade e das
amizades que foi consolidando, o ZEAL persiste, aceita – quantas vezes apesar
da revolta – os caminhos cruzados e espinhosos da viagem que foi confiada a
cada um de nós. Tal como José Brites Marques Inácio (há poucos meses), também
ZEAL foi um dia a Moimenta da Beira para estar e participar na apresentação de
um livro meu. Em 2014, quando publiquei com as Edições Esgotadas «O RECOMEÇO»,
o trovador recuou ao «Poder e o Poema» para me brindar com o poema musicado que
agora vos deixo: https://youtu.be/x6J5Eiq_GGU
Ant. Bondoso
21 de Março de 2020.
1 comentário:
Grato poeta amigo. Bons momentos nossos em poesia e baladas que não esqueço. abraço
Enviar um comentário