COVIDias2…ou de como, ficando em
casa, vou escrevendo sobre isto e aquilo, pois tudo me diz respeito. E as
palavras têm sobretudo a ver com as situações que me são próximas, com o modelo
das ideias que partilho ou com alguns dos locais dos meus afetos, como é o caso
de Torre de Moncorvo.
Do
antigo amor ao ferro até à nova esperança das Minas de Torre de Moncorvo – mais
um compasso de espera na sua reabertura, determinado pela pandemia da COVID-19.
37
anos depois da falência da Ferrominas que, nos anos 50 do século passado,
chegou a empregar 1500 mineiros e após a consequente suspensão da atividade em
1983, esperava-se agora – falhadas outras tentativas ao longo dos anos – uma
retoma com uma nova empresa e um substancial financiamento. Mas o SARS CoV-2
e as repercussões na saúde das empresas veio provocar nova incerteza.
Contudo,
a delegação da empresa em Moncorvo – a britânica AETHEL MINING – funciona,
naturalmente a um ritmo reduzido, estabelecendo contactos e criando uma «base»
de pessoas a contratar. Mas, com a situação de pandemia, o trabalho
propriamente dito nas minas ainda não começou. Foi recentemente previsto
iniciar-se com 60 postos de trabalho diretos, podendo mais tarde chegar aos
140, para além de 500 indiretos durante o longo período da concessão. Houve
mesmo uma cerimónia inaugural em meados deste mês, no lugar da Mua, com a
presença do maior investidor, Ricardo Santos Silva – antigo sócio de Miguel
Relvas para a compra do banco Efisa – e da administradora Aba Schubert, tendo
sido anunciado um investimento de até 520 milhões de euros. A MTI Ferro de
Moncorvo, que havia conseguido em 2016 a concessão da exploração, vai manter-se
na operação.
Vem esta história – meio
notícia, meio crónica – a propósito da minha ligação familiar e de amizades a
Moncorvo, matéria que já descrevi no livro que fiz publicar em 2014 “EM
AGOSTO…A LUZ DO TEU ROSTO”.
Faço
ali referência nomeadamente a questões culturais, sociais e económicas –
destacando precisamente as ligações da «terra» ao «ferro»: “E depois o ferro, que é sem dúvida o traço mais característico e
inconfundível de Moncorvo! Apesar das evidências da existência do minério e das
promessas de investimento – a última das quais anunciava o início da exploração
em 2016 – e apesar de estar ali instalado já um Museu do Ferro, o estudo do
CEPESE[1]
que temos vindo a referir é categórico na sua proposta de desenvolvimento: (…)
“parece-nos que a definição de uma estratégia de afirmação e valorização
cultural de Moncorvo no contexto regional, nacional, e transfronteiriço, que
procure ligar a identidade e a modernidade, o passado com o presente e o
futuro, passa pela criação de um Centro
de Estudos do Ferro em Moncorvo, uma instituição de referência a partir da
qual seja possível desenvolver toda uma actividade cultural que dinamize não só
o município, mas toda a região do Douro Superior, de que Moncorvo constitui o
principal centro de serviços”.
Nestes tempos difíceis de isolamento
voluntário, termino deixando um abraço grato de amizade ao João Leonardo, que
na infância conheceu as minas acompanhando seu pai, médico…e ao António Rodrigues,
natural de Peredo dos Castelhanos – um dos «bastiões» da amêndoa coberta de Moncorvo, outra das riquezas do concelho e da
região.
António Bondoso
Março de 2020.
1 comentário:
Muito bem Bondoso pela forma de abordara necessidade de olhar, ainda que ao de leve, para as minas de Moncorvo como factor de desenvolvimento regional
Jose Xavier
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