2013-05-31

A MINHA CRÓNICA DE HOJE NO JORNAL BEIRÃO - UM ELO QUE LIGA O CORAÇÃO DO DISTRITO DE VISEU.

A TÁTICA DO QUADRADO...
...e as coisinhas da nossa “mesquinhez” – como por exemplo a FOME, o SUICÍDIO, a religião, o futebol e os números do Gaspar que nunca batem certo.



          Entre o “pesadelo” português visionado pelo economista Paul Krugman e o “austericídio” descrito por David Stuckler – professor na Universidade de Oxford – e por Sanjay Basu – professor na Universidade de Stanford, a propósito de dez mil suicídios na Europa e nos EUA devido à austeridade [O corpo da economia: porque mata a austeridade], nada melhor do que ouvirmos e lermos o ministro das finanças deste (des)governo em Portugal – o inefável Gaspar – a pedir simpatia pelas difíceis semanas que tem vivido como adepto do Benfica. Convenhamos que não será assim tão grave se comparada com a historinha do excelso casal presidencial sobre Nossa Senhora de Fátima e a conclusão da sétima avaliação da troika ao desempenho do (des)governo de PPC.

          A gravidade da ligeireza e de um patético sentido de humor daquele que é a segunda figura do governo só se perceberá, se os portugueses – para além das novelas dos famosos, do big brother, dos saltos para a água e das notícias cor de rosa – quiserem selecionar, de um autêntico bombardeio informativo, as notícias que importa reter. Pela simples razão de que afetam intensamente e até de forma trágica a nossa vida quotidiana. Basta ler os títulos: Crise leva fome a 40% dos carenciados - Inquérito apura que, em 2013, apenas 23% dos respondentes têm dinheiro para comprar comida até ao final do mês; Paulo Portas preocupado com as projecções da OCDE - Em contraste com a desvalorização dos dados feita pelo ministro das Finanças, o ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou-se apreensivo com as previsões; Observatório acusa Governo de enviesar contas para justificar cortes nas pensões - Para o Observatório sobre Crises e Alternativas, o executivo favorece os sistemas de pensões privados ao sugerir “a insustentabilidade da Segurança Social”.

          Estes exemplos são do Público. Mas podemos ler outros – no jornal i, se quisermos – de idêntica dimensão preocupante:  OCDE prevê recessão maior do que a que foi prevista pelo governo.;;Isolados.Para lá dos 65 há uma luta escondida contra a solidão. .

            No Diário Económico, por outro lado: No Executivo já se admite a possibilidade de um segundo Rectificativo. O Rectificativo [Orçamento], aprovado hoje em Conselho de Ministros, pode não chegar para cumprir metas deste ano. Cenário macroeconómico está desactualizado. Volkswagen Autoeuropa reduz em 20% produção deste ano. “Pior que as estimativas da recessão, é o crescente endividamento” .


          E assim, sucessivamente, teríamos como que uma “revista de imprensa” do mais negro que possamos imaginar. E como se não bastasse, acentuam-se cada vez mais as divisões no seio da chamada galinha dos ovos d’oiro – a (des)União Europeia. Os atuais dirigentes [aqueles que contam] não estão à altura do “projeto”.

          E em Portugal há como que uma obsessão governativa em “disparar” contra a Constituição da República. Perfila-se agora a questão da inconstitucionalidade do novo horário anunciado para a função pública, depois de “chumbados” dois Orçamentos e o delirante “arranjo” administrativo para o território continental desenhado por Miguel Relvas. Em qualquer caso – e sobre este último ponto – gostaria de ver discutida na próxima campanha eleitoral para as autarquias a hipótese de se requerer [com oportunidade, naturalmente] um Referendo Local quanto à eventual “agregação” dos atuais municípios. Dirão que é extemporâneo, pois é ainda necessário que o Parlamento consiga contornar os atuais obstáculos e apresentar um novo projeto. Mas penso ser importante que as populações – seja qual for o projeto – se possam pronunciar sobre se o seu concelho deve estar mais a norte ou mais a sul, mais a leste ou a oeste. O facto é que existem demasiadas “terras de ninguém”, dependentes de uma estrutura de saúde a norte ou a oeste ou sob a alçada administrativa de um outro organismo a sul ou a leste, tal como na agricultura e no ensino.

          Moimenta da Beira, por exemplo, pretenderá maioritariamente estar enquadrada no chamado Douro Sul – seguindo a natureza do Távora, do Paiva, do Tedo e do Varosa – ou, pelo contrário, entenderá optar maioritariamente por uma pertença virada mais a sul?

          Não é que seja um tema prioritário – tal como não é o da coadoção – mas talvez valha a pena ir pensando no assunto.

António Bondoso

Jornalista – C.P. nº359

E-mail – antoniobondoso@gmail.com


António Bondoso
Maio de 2013.

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