VIOLÊNCIA E SOLIDARIEDADE
NÃO BASTA ESCREVÊ-LA.
Acontece que hoje, no facebook,
praticamente fui interpelado por duas pessoas – uma delas meu camarada de
profissão – sobre uma alegada ausência de opinião crítica e condenatória a
propósito do triste, lamentável e violento incidente que atingiu dois camaradas
da Antena1 no estádio do Dragão, após o jogo de futebol entre o FCP e o SLB.
Não estive no estádio, tão pouco ouvi a Antena1, mas
reagi logo que soube – exatamente através de um post assinalado na página de um dos agredidos e do qual recebi
notificação.
Pela amizade, camaradagem e profissionalismo que nos
ligou enquanto estive ao serviço da mesma empresa, lamentei o sucedido e
critiquei as “bestas que há em todo o lado”. Eu próprio, tal como outros antes
e depois de mim, já passei por situações mais ou menos idênticas – de Braga a
Guimarães, de Sto Tirso à Póvoa de Varzim, de Chaves ao antigo pavilhão Américo
de Sá (nas Antas) – sendo cuspido, ameaçado, invetivado, tendo mesmo visto os
pneus da viatura (da empresa) cortados à faca e esvaziados, para além de ter
sido informado posteriormente de agressões ao respetivo motorista.
Sem pretender minimizar – muito menos comparar situações
vividas – a gravidade destas agressões, não deixa de me invadir um sentimento
de lástima quando se fala de solidariedade ou falta dela, sobretudo no que diz
respeito a outro tipo de atitudes como é o caso da violentação psicológica.
De três “saneamentos” de que fui alvo (um deles
diretamente relacionado com uma notícia[?] – um texto que, no mínimo, não
primava pelo rigor e não foi assinado por mim– sobre o FC do Porto e que
envolveu o presidente do clube), não me recordo de ter lido, nem sequer de ter
sido informado, qualquer texto a condenar essas atitudes saneadoras ou a
solidarizarem-se com a minha pessoa. Dos Sindicatos à Comissão de
Trabalhadores – apenas o silêncio. Uma omissão a contrastar com outras
envolvendo camaradas mais mediáticos. Sempre pautei a minha atitude
profissional pela defesa de camaradas injustiçados, tendo como lema uma regra
pessoal – a regra dos três “erres”: -
responsabilidade e respeito pelo rigor. E fui penalizado por isso. E como dói
ser saneado, ser humilhado, ser ignorado. Tanto como ser agredido? Sinceramente
não sei quantificar. Nem isso interessa agora para o caso. E independentemente
das circunstâncias, que desconheço, fica registada a minha solidariedade para
com os camaradas ontem atingidos por agressões físicas. Mais grave – no desempenho
do seu trabalho. Que a expressão da solidariedade aqui registada possa amenizar
a dor física e psicológica dos meus amigos e camaradas.
Por outro lado, é importante dizer que não se deve
pretender limitar estas situações ao fenómeno complexo do que envolve o
futebol. A violência está muito para além da clubite exacerbada. Tal como no
terrorismo – e o fenómeno tem muitas variáveis – a violência que afeta o “futebol”
é quantas vezes irracional e insólita, planetária e, repercutida nos média, é
desmesuradamente amplificada.
Ainda uma nota para lembrar que este caso já mereceu o
repúdio da Sub-Comissão de Trabalhadores da RTP, no Porto. O que não deixa de
ser importante. Mas, na minha modesta opinião, peca por falar em “agentes
públicos” que estarão a desbaratar o bom nome da empresa. Não concretizando...dá
azo a especulações, sabendo-se que é cada vez mais urgente por os nomes aos
bois!
António Bondoso
Maio de 2013.
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