A TÁTICA DO QUADRADO.
A minha crónica de hoje (escrita há já uns dias) no JORNAL BEIRÃO - cobrindo alguns concelhos do coração do distrito de Viseu.
A TÁTICA DO QUADRADO...
... e os equívocos, a demagogia barata e a moda da ignorância. Valha-nos Nossa Senhora de Fátima!
$Acordo, tenho vindo a acordar, cada vez mais com menos
alegria – pois durmo cansado e até mesmo a correr – e em certos momentos pelo
meio da manhã nem mesmo pôr os olhos no mar alivia uma sensação de impotência
contra a onda dos modernismos, que
não da modernidade, contra a onda das certezas
desta globalização desumanizada, contra a onda dos que só pensam no lucro
desenfreado, contra a onda da inversão dos valores morais e éticos, contra a
onda da inversão do primado da política sobre a finança, contra a onda dos carneiros que pastam alegremente em
direção ao abismo, seguindo às cegas os caminhos da moda dos modernismos
neoliberais, cujo principal defeito - mas não o único - é deixar para trás
milhares de milhões de seres humanos. Em nome de quê e de quem?
$Impressiona-me,
sobretudo, que tantos escribas intelectualizados
ou pretendendo seguir os intelectuais da moda opinem contra um Tribunal que
aprecia e faz cumprir a Lei [independentemente da forma como tem vindo a ser
constituído – essa, sim, passível de contestação], como se dele fosse a culpa
de querer governar contra a Lei Fundamental que todos estamos obrigados a
observar. Alguns, embora muito legitimamente – de acordo com a sua dose de
direito democrático que essa mesma Lei lhes confere – consideram a CRP como um
texto obsoleto e até como um documento pouco mais que (?)...obsoleto. Ainda e
sempre as palavras e o seu sentido, que a circunstância é do homem e dos seus
medos, dos seus fantasmas!
$E é assim
que vão surgindo as confusões de significação de vocábulos redondos como
socialismo e comunismo, pobreza e humildade, religião e clero, umbigo e
horizonte, árvore e floresta. E é assim que se vão destacando as vistas curtas
de memória – tão típicas dos portugueses – condenando, e bem, algumas reformas
chorudas, mas esquecendo o enriquecimento especulativo e a demagogia barata dos
governantes que anunciam oportunisticamente
o pagamento, nos meses de Verão, do subsídio de Natal a quem aufira até mil
euros. Como se aqueles que ganham mil e cinquenta...não tivessem (em teoria,
claro) idênticas necessidades aos que vencem apenas mil. E é assim com novas
taxas...para as pensões!
$Por
isso, quero salientar dois parágrafos esclarecedores de um recente texto do
Professor Adriano Moreira, publicado no DN:- “Os debates que se multiplicam à margem das
intervenções governamentais, e aparentemente sem relação construtiva entre
ambas as atividades, salvo que as últimas alimentam a temática das primeiras,
mas seguindo linhas paralelas que não se encontram, talvez venham a
concentrar-se num tema desesperante: que o problema do povo português é
crescentemente conseguir ter pão na mesa, tendo igualmente presente que a fome
não é uma obrigação constitucional.
Proceder à
expropriação dos recursos que são direitos, e olhar para os preceitos
constitucionais como embaraços a ultrapassar com imaginação contabilista, não
contribuiu para evitar que se vá desvanecendo a confiança que é o cimento
indispensável do regular e paciente comportamento dos atingidos.”
$Lemos então Rui Rio a chamar a atenção para a “degradação
intolerável da vida política”, com reflexos dramáticos na qualidade dos
partidos e dos agentes políticos e da economia (fruto dos erros passados e
presentes) mas – ao mesmo tempo – evita apoiar a realização da Feira do Livro,
no Porto [sem esquecer, apesar de tudo, que a maior culpa possa ser dos GRANDES
editores e livreiros], a qual, na sua perspetiva de contabilista, não é
seguramente uma atividade económica.
$abemos assim que os governantes – exatamente pela sua
perspetiva de contabilista, mas apesar do novo desígnio nacional que é o mar e
que tem merecido desafios de vários quadrantes políticos, a começar pelo PR –
prescindem de uma infraestrutura fundamental como é a Empresa dos Estaleiros
Navais de Viana do Castelo. E todos recordamos a responsabilidade política de
Cavaco Silva[também agora a misturar as questões da Fé com as atitudes dos homens]
na degradação das coisas do mar no seu tempo de Primeiro Ministro. Eram tempos
de bom aluno europeu, como hoje faz
questão de repetir Passos Coelho. Só que os tempos eram de vacas gordas...e
ninguém viu! Mas hoje, apesar das vacas definharem, também ninguém consegue ver
que isto vai tudo em sentido contrário – como diz a canção do Zeca Afonso.
$Eis senão quando, o cenário que se nos apresenta é o de um país desgovernado, um
governo desorientado, os cidadãos praticamente
levados ao suicídio...os inteletuais, economistas, gestores e comentadores a cortarem postas de pescada... e o que faz o PR ? Convoca online uma reunião do Conselho de Estado...para debater o pós troika. Um PR sério, competente, corajoso, atento aos sinais... optaria por esta "ordem de trabalhos"?
levados ao suicídio...os inteletuais, economistas, gestores e comentadores a cortarem postas de pescada... e o que faz o PR ? Convoca online uma reunião do Conselho de Estado...para debater o pós troika. Um PR sério, competente, corajoso, atento aos sinais... optaria por esta "ordem de trabalhos"?
$E apesar de estarmos em Maio também podemos falar de
Abril, pois na atual conjuntura cada período de vinte e quatro horas é um dia
de cravos vermelhos, já que todos os dias nos confrontamos com os poderes e a
necessidade dos poemas – o sentido da revolução que ficou incompleta: Dos três
Dês iniciais só a descolonização se completou, apesar das críticas e dos
traumas. O Desenvolvimento entrou em marcha-atrás e a Democratização vive
perigos insuspeitos. Vemos, ouvimos e lemos – não podemos ignorar,
parafraseando Sophia de Mello Breyner.
António Bondoso
Jornalista - C.P. nº359.
António Bondoso
Maio de 2013
antoniobondoso@gmail.com
1 comentário:
Gostei bastante do seu blog, quando quiser faça uma visita ao meu no endereço que segue: http://pastorthompsonadoradorextravagante.blogspot.com.br/2013/06/esta-tudo-tao-estranho-no-reino_20.html
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