A MINHA CRÓNICA DE HOJE NO JORNAL CORREIO BEIRÃO. RUMORES...
RUMORES…
… a propósito de políticos e de
politiqueiros – coisa que não se estranha, mas entranha, nesta mui antiga
periferia da Europa.
Tomando por certa a ideia de que a
política não é apenas uma arte, mas também uma ciência, não podemos deixar de estranhar
a evidência da falta de uma sólida cultura política – quando os atores
hodiernos praticamente nasceram nas cadeiras das “juventudes partidárias”. A
“escola” é má, portanto, sendo imprescindível o recurso aos curricula
universitários sérios na Ciência Política. E não me venham com a treta das
chamadas “universidades de verão” promovidas exatamente por essa má escola,
escorada nos feudos partidários. O que temos, perfeitamente visível nos últimos
anos, é uma série inesgotável de pseudopolíticos, politiqueiros, demagogos,
ignorantes – que falam de tudo e a propósito de tudo, ora pontificando no
ministério dos submarinos, ora traçando orientações na diplomacia do pastel de
nata, ora ainda ditando leis no ministério das cervejas.
Vale a pena reler o Prof. Adriano
Moreira sobre os limites éticos e sobre a “multiplicidade de convicções morais
e posições éticas na Europa no que toca à variedade de essenciais problemas
sociopolíticos que estamos a enfrentar”. É uma questão fundamental para olhar
este “mundo sem bússola” como refere o Professor.
Não pretendendo colocar à cabeça de
Pedro Passos Coelho toda a gamela de críticas de que é merecedor, basta olhar
para a miopia galopante e arrogante de Paulo Portas, que vê na incerteza das
exportações – demasiados fatores a ter em conta – o seu porta aviões de
salvação do país. Ora, se olharmos com a atenção devida para recentes
declarações do austríaco Engelbert Stockhammer – professor na Universidade de
Kingston – “cortar salários e tentar exportar não é uma estratégia para se sair
da crise”. Também ele economista, mas mais do que isso – investigador em
economia política na Universidade de Massachusetts – Stockhammer mostra a sua
deceção pelo facto de os países do sul, nomeadamente a Grécia e Portugal, não
unirem forças e arranjar alternativas ao poderio alemão. Tal como o economista
chefe do Banco Central Europeu, quando afirma que o problema não foi demasiada
Europa mas pouca Europa.
Por outro lado, não deixa de ser
preocupante ver as permanentes hesitações do maior partido da oposição.
Seguramente motivadas pela impreparação da liderança. Pasme-se ao ler a mais
recente tirada de António José: o que me separa do governo é a estratégia
orçamental! Só? É muito pouco para se afirmar como alternativa. Seguro não se pode
dar ao luxo de permitir que estas frases – invariavelmente, depois, retiradas
do contexto – provoquem dúvidas no eleitorado. E é precisamente o que tem
acontecido, de acordo com os rumores das consultas de opinião. Mais uma vez, a questão da deficiente
formação política e da falta de cultura política.
António Bondoso
Jornalista – CP
359.
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