UMA VEZ...DE VEZ EM QUANDO. A MINHA RELAÇÃO COM O MUNDO.
ARROGANTEMENTE
INQUIETANTE…
…ou
de como um “jornalismo engajado” pode virar o feitiço contra o feiticeiro e até
prejudicar as relações entre Estados – sobretudo quando um deles é muito jovem
e inexperiente na cena internacional. Basta ver o que aconteceu na GB com a “Missang”.
Escrevo, naturalmente, sobre o Jornal de Angola (JA) e da sua mesquinha
arrogância, a propósito do seu editorial de hoje. Tem razão quando identifica
alguns maus políticos portugueses mas não é sério quando se autoproclama de “democrata”
[por consequência também o Estado que serve] e detentor da verdade. De repente
veio-me à memória aquele genérico da ex-EN
para a “crónica de Ferreira da Costa”, de Luanda, no tempo do regime de Salazar
e da chamada guerra colonial: “A verdade é só uma – Rádio Moscovo não fala
verdade”!
O JA
extrai, do seu editorial de hoje, a ilação de que Portugal – por motivo de
estar sujeito a uma intervenção financeira internacional [que Paulo Portas,
brilhantemente, definiu como um regime de “protetorado”!] – não tem condições
para estar na CPLP. Os governantes são maus [alguns foram e e muitos continuam
a ser] mas, que se saiba, os compromissos financeiros de Portugal para com a
Organização estão em dia. E os programas de cooperação, embora com menos
recursos financeiros, continuam a desenvolver-se. De facto não temos petróleo,
mas temos uma Constituição DEMOCRÁTICA que, felizmente e por liberdade dos
juízes do Tribunal Constitucional, ainda não está suspensa. Temos precisado de
empréstimos, mas não precisamos de caridade. Portugal tem por costume pagar as
suas dívidas e, por solidariedade [não confundir com caridade], tem igualmente
perdoado muitas a outros Estados – nomeadamente a alguns da CPLP.
Por outro lado, e no que respeita a
política externa, foram – e continuam a ser – cometidos inúmeros erros. Muitos
no tempo da “outra Senhora” e alguns, graves, já no tempo deste regime democrático.
Precisamente na abertura e no relacionamento com os novos países saídos da
atabalhoada – por tardia – descolonização. E o mais recente tem mesmo a ver com
a inefável figura do ministro Rui Machete. Por triste e incompetente. Eu posso
dizer isto, e muito mais, mas alguns jornalistas em Angola são perseguidos e
presos – apenas por delito de opinião.
E não estou de acordo com o diretor do
DN, João Marcelino, quando escreve que a demissão – agora – de Rui Machete,
poderia ser entendida pelos políticos angolanos como “agressão” e poderia criar
problemas em vésperas da Cimeira Luso-Angolana que se anuncia. A dignidade do
Estado português está acima de tudo isso. Aos olhos dos portugueses e aos
olhares ou entendimentos externos. Quem se relaciona com Portugal deve fazê-lo
de boa-fé, embora se saiba que, em política externa, não há “amizades” – há apenas
“interesses”! E, se fosse caso disso, adiava-se a Cimeira. Não seria a primeira
vez na história das relações internacionais.
Poderia ficar por aqui. Mas – como diz
um slogan publicitário – não seria a mesma coisa.
A propósito da “identidade” do JA, socorro-me apenas de uma “tese” de
Carla Baptista [MinervaCoimbra, 2002. Colecção Comunicação], na qual se pode
ler que “O jornal funciona de modo tão entrosado com o sistema político que o
seu entendimento obriga a uma reflexão sobre as práticas de manutenção do poder
em Angola”. Foi assim durante a guerra civil…mas, pelos vistos, continua sendo
assim. E pelo menos o Artur Queirós [que viveu e trabalhou em liberdade durante
alguns anos em Portugal] sabe que eu sei como se faz o dito “jornalismo
engajado”. E também sabe que, como diz Damon Runyon, “Os Apostadores de Cavalos
Morrem Tesos”. Sobretudo quando se aposta no “cavalo errado”. Por último, e no
sentido de proporcionar a quem me possa vir a ler, a oportunidade de avaliar
por si, deixo este link: http://www.club-k.net/ .
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