2020-03-19

DEZ ANOS À TERÇA…ou o resultado de uma vida de entrega, de trabalho, de ser solidário, de amor, de amizade, de partilha da saudade de «ser» de lá. Carlos Dias escolheu «À Terça» não por acaso, embora saiba que todas as horas de cada dia produzem notícias de longe, trazidas pelas ondas do mar, carregadas de sentidos, antes de a espuma se desfazer nas modernas teclas do computador que as transforma. 


Na terça-feira que passou, pudemos ler o nº 509 do «Notícias à Terça», uma publicação online que o amigo Carlos Alberto Ferreira Dias continua a fazer questão de produzir, com o objetivo de manter uma ligação à terra que o viu nascer e partilhar essa ligação com todos os que amam verdadeiramente as ilhas encantadas do meio do mundo, as ilhas de S. Tomé e do Príncipe, as pérolas do Golfo da Guiné e do Equador, as ilhas do cacau e do chocolate, as ilhas dos sorrisos sempre à espera de um dia novo!
         Cada frase escrita é um safú parido com amor, é um gomo de jaca pacientemente limpo, é uma manga descascada à dentada, é uma carambola encaixada em cada gomo de vida, é uma banana maçã perfeita na palma da nossa mão, é uma fatia de fruta-pão assada no makuku da saudade e da esperança.
         Para a semana, quando lermos o nº 510 do Notícias-à-Terça, teremos celebrado na véspera o 10º aniversário deste amor do Carlos Dias. E nosso, claro! De todos os são-tomenses, nascidos, criados ou vividos. E porquê às «terças»? Segundo o próprio, «não foi possível estabelecer a data em que tiveram início os almoços às terças-feiras que juntam os amigos de São Tomé e Príncipe, naturais ou não, ex-residentes ou em curta estadia em Lisboa. Há mais de 50 anos não há dúvida. Quando em 1963 estive em Lisboa de férias já um grupo ligado a São Tomé e Príncipe se juntava no Rossio, frente ao Nicola, todas as terças-feiras. Ali iam esperando que se juntassem mais uns tantos e partiam para ir almoçar a um restaurante escolhido na ocasião, quase sempre no Parque Mayer. Desse tempo lembro-me do Fonseca do Rio do Ouro, do Baltazar das Plancas, do Ricardo Carvalho da Imprensa Nacional, do Araújo da Curadoria e mais uns tantos. E porquê Notícias? Porque reparei que uma das razões do almoço, além da óbvia, que era estarem algum tempo juntos, e almoçar claro, era a de trocar notícias de outros amigos e da vida em São Tomé e Príncipe. E assim continuou, mesmo quando passaram a ser muitos mais os convivas, aquando do regresso de muitos portugueses na altura da descolonização. Às vezes um ou outro trazia um pequeno apontamento para não se esquecer, ou um jornal, ou um livro … daí o “Notícias” a partir de 23 de Março de 2010. (…)».  
         Já enalteci a persistência, o gosto, o amor, o serviço do Carlos Dias para com o país e para com as comunidades diversas de são-tomenses em Portugal. E correndo o risco de me repetir, não posso deixar de salientar a PAIXÃO pela escrita. Carlos Dias não recebe honorários pelo trabalho que apresenta. Pelo contrário, investe tempo e dinheiro nesta função cultural. Muito para além da informação, muito mais do que o ato de comunicar – o editor do Notícias à Terça assume a prática de, embora não opinando declaradamente, dizer o que sabe, escrever o que sente e quantas vezes explicar o que relata.
         Obrigado Carlos Dias. Mais do que o número…o «significado»!


António Bondoso
Março de 2020. 




1 comentário:

carlos dias disse...

A amizade tem destas coisas. O António Bondoso é um grande Amigo. Por isso exagerou no seu comentário. O editor não tem qualquer mérito especial. Pretende tão somente prestar um pequeno serviço aos amigos dando notícias da terra que todos amamos. E da gente que também amamos. Que no NT está lá o coração, sim, isso está. Desejo que todos continuemos esta caminhada. Abraço!