DEZ ANOS À TERÇA…ou
o resultado de uma vida de entrega, de trabalho, de ser solidário, de amor, de
amizade, de partilha da saudade de «ser» de lá. Carlos Dias escolheu «À Terça»
não por acaso, embora saiba que todas as horas de cada dia produzem notícias de
longe, trazidas pelas ondas do mar, carregadas de sentidos, antes de a espuma
se desfazer nas modernas teclas do computador que as transforma.
Na
terça-feira que passou, pudemos ler o nº 509 do «Notícias à Terça», uma
publicação online que o amigo Carlos Alberto Ferreira Dias continua a fazer
questão de produzir, com o objetivo de manter uma ligação à terra que o viu
nascer e partilhar essa ligação com todos os que amam verdadeiramente as ilhas
encantadas do meio do mundo, as ilhas de S. Tomé e do Príncipe, as pérolas do
Golfo da Guiné e do Equador, as ilhas do cacau e do chocolate, as ilhas dos
sorrisos sempre à espera de um dia novo!
Cada frase escrita é um safú parido com
amor, é um gomo de jaca pacientemente limpo, é uma manga descascada à dentada,
é uma carambola encaixada em cada gomo de vida, é uma banana maçã perfeita na
palma da nossa mão, é uma fatia de fruta-pão assada no makuku da saudade e da esperança.
Para
a semana, quando lermos o nº 510 do Notícias-à-Terça, teremos celebrado na
véspera o 10º aniversário deste amor do Carlos Dias. E nosso, claro! De todos
os são-tomenses, nascidos, criados ou vividos. E porquê às «terças»? Segundo o
próprio, «não foi possível estabelecer a
data em que tiveram início os almoços às terças-feiras que juntam os amigos de
São Tomé e Príncipe, naturais ou não, ex-residentes ou em curta estadia em
Lisboa. Há mais de 50 anos não há dúvida. Quando em 1963 estive em Lisboa de
férias já um grupo ligado a São Tomé e Príncipe se juntava no Rossio, frente ao
Nicola, todas as terças-feiras. Ali iam esperando que se juntassem mais uns
tantos e partiam para ir almoçar a um restaurante escolhido na ocasião, quase
sempre no Parque Mayer. Desse tempo lembro-me do Fonseca do Rio do Ouro, do
Baltazar das Plancas, do Ricardo Carvalho da Imprensa Nacional, do Araújo da
Curadoria e mais uns tantos. E porquê Notícias? Porque reparei que uma das
razões do almoço, além da óbvia, que era estarem algum tempo juntos, e almoçar
claro, era a de trocar notícias de outros amigos e da vida em São Tomé e
Príncipe. E assim continuou, mesmo quando passaram a ser muitos mais os convivas,
aquando do regresso de muitos portugueses na altura da descolonização. Às vezes
um ou outro trazia um pequeno apontamento para não se esquecer, ou um jornal,
ou um livro … daí o “Notícias” a partir
de 23 de Março de 2010. (…)».
Já
enalteci a persistência, o gosto, o amor, o serviço do Carlos Dias para com o
país e para com as comunidades diversas de são-tomenses em Portugal. E correndo
o risco de me repetir, não posso deixar de salientar a PAIXÃO pela escrita.
Carlos Dias não recebe honorários pelo trabalho que apresenta. Pelo contrário,
investe tempo e dinheiro nesta função cultural. Muito para além da informação,
muito mais do que o ato de comunicar – o editor do Notícias à Terça assume a prática de, embora não opinando
declaradamente, dizer o que sabe, escrever o que sente e quantas vezes explicar
o que relata.
Obrigado
Carlos Dias. Mais do que o número…o «significado»!
António
Bondoso
Março de 2020.
1 comentário:
A amizade tem destas coisas. O António Bondoso é um grande Amigo. Por isso exagerou no seu comentário. O editor não tem qualquer mérito especial. Pretende tão somente prestar um pequeno serviço aos amigos dando notícias da terra que todos amamos. E da gente que também amamos. Que no NT está lá o coração, sim, isso está. Desejo que todos continuemos esta caminhada. Abraço!
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