2012-04-30





                     DRAGÃO UNIVERSAL... 


É uma força azul divina

Entranhada nas pedras da cidade
Transpira sonhos de querer
Consome rios de vontade
E projecta tão pura adrenalina.

É um clube que espalha corações
É um Porto que respira cada vida
Alimenta cada alma deste povo
Com jornadas prenhes de glória
Universo de marcos  e ovações
 
A força deste Porto centenário          
Sentida de Lisboa a  Belgrado
De Madrid a Marselha renovada
Agigantou-se na sorte de Manchester
Na Corunha e em Lyon mostrou carisma
Na Alemanha elevou a caminhada
Conquistando o topo em Gelsenkirchen.

Este Porto, da cidade coração
É uma tal força azul divina
Envolta num manto de brancura
Bandeira de um eterno campeão.
Na senda de Viena Zé ,Mourinho
e jogadores de tamanha envergadura
passaram os escolhos do caminho
montados na ternura do dragão !
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Porto, Maio de 2004
António Bondoso 

2012-04-28




*****(AINDA) RAMALHO EANES À RTP1:

“ACTUAL SITUAÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL PODE LEVAR À DISSOLUÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA”.
"LIDERAR...É MERECER CONFIANÇA. É MOSTRAR QUE NÃO SE TEM MEDO, QUANDO SE TEM".  
E o que faz Cavaco Silva???
           Alinhando com o actual momento que o país vive, é natural que o jornal DN- (no 2º texto aqui publicado) TENTANDO resumir uma entrevista de quase uma hora de Ramalho Eanes à RTP1 -  apenas tivesse destacado as questões sociais, como se pode ler no anexo partilhado.
           Mas o "resumo" da entrevista ficaria incompleto se não colocassemos em relevo outras ideias interessantes explanadas pelo ex-PR. E aproveitando o balanço da parte final desta notícia do DN, na qual se refere a difícil relação de Eanes com Mário Soares, é necessário precisar que "não tenho estima pessoal...sobretudo depois da publicação do livro de Rui Mateus".
           Eanes recordou as dificuldades sociais e económicas no tempo dos governos de Mário Soares para dizer que, nessas circunstâncias, o PR deve intervir, deve exercer pressão sobre o governo – para que ele governe para o país e não apenas com objectivos eleitorais.
           Transpondo para a actualidade, Eanes (re)afirmou apoiar Cavaco Silva – com quem nunca teve problemas – o qual tem condições para liderar o país em situação de crise. Neste ponto, talvez o ex-PR tenha falhado (a não ser que a “edição” da entrevista “obrigasse” ao corte) ao não precisar se Cavaco Silva tem, de facto, pressionado o governo para evitar o que ele (Eanes) chama de “austeridade de cavalo” que não pode ser levada até ao limite. E acrescentou:- é preciso renegociar com a Troika, perante uma situação de desemprego que é ameaçadora e até indignificante.
           Vendo bem, não me parece que o actual PR tenha vindo a considerar as ideias de Ramalho Eanes que é, aliás, seu Conselheiro de Estado. Basta atentar na fragilidade do seu discurso no dia 25 de Abril na AR. Penso é que, em vez de pressionar, Cavaco Silva tem vindo a transformar-se em porta-voz do governo.
           Seguindo ainda na linha da actual situação, deve realçar-se que Eanes teceu duras críticas à Alemanha e à Chanceler Merkel, a quem acusou de não saber história. E para quem não saiba, convém recordar a presente atitude da Alemanha perante a Grécia, recuando às queixas alemãs no final da 1ª Guerra Mundial – quando os “aliados” vencedores impuseram um draconiano sistema de pagamento dos “custos” da guerra. Foi esse, aliás, um dos motivos que conduziram à 2ª Guerra Mundial.  Ramalho Eanes não precisou se o actual caminho poderá levar a uma nova guerra mundial, mas não hesitou em considerar que poderá conduzir à “dissolução da Europa”!

PRIMEIROS ANOS DA REVOLUÇÃO e o PREC.             
           Já tanto foi dito e escrito sobre o tema, pelo que apenas me interessa reter algumas notas da recente entrevista de Ramalho Eanes à RTP1.
           Primeiro, a “infantilidade” de Otelo que, apesar de ter liderado muito bem as operações do 25 de Abril, terá cometido o erro de avançar, com um “estudo incompleto da situação” – já que havia algumas unidades militares “importantes” ainda sem uma posiçâo definida quanto ao “golpe”.
          Depois, a sua passagem pela RTP, da qual ele pretendia “fazer um meio que dissesse a verdade aos portugueses”. Mas Eanes foi muito criticado na sequência dos acontecimentos do 11 de Março de 1975 – numa altura em que, particularmente no que diz respeito à Informação, “quem controlava a RTP era a ala esquerdista do MFA” que viria a pedir a sua “cabeça” ao 1ºM Vasco Gonçalves. Depois da sua saída, teve a sua casa “vigiada” durante meses (por elementos com ligações ao COPCON e à extrema-esquerda) até que um dia “interpelou” um dos vigilantes pelo pescoço.
          Sobre Costa Gomes, em Novembro desse ano de 1975, Ramalho Eanes afirmou que o antigo general e PR “tinha perdido a noção da realidade portuguesa”. E, por isso, e apesar de manter contactos regulares com o Grupo dos Nove, Costa Gomes “só foi informado das operações do 25 de Novembro no próprio dia”.
          Completando esta ideia, posso recordar e acrescentar que – quando Costa Gomes solicitou ao Emissor Regional do Norte para que assumisse a condução da emissão a nível nacional, já os trabalhadores em serviço nessa tarde de 25 de Novembro haviam decidido cortar a emissão de Lisboa e ficar com emissão própria para toda a região Norte, depois de ter sido informado o Director/Delegado ( major Raimundo) que comunicou a decisão ao brigadeiro Pires Veloso. Depois aderiu o Emissor Regional do Centro (Coimbra) e só muito mais tarde o do Algarve.
          Por último, uma referência à revelação de que a AD gostaria de ter visto Ramalho Eanes a “liderar” ou a patrocinar (mesmo que informalmente...) o projecto acabado de ser formalizado por Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Ribeiro Telles. O “não” de Eanes e a teimosia de Sá Carneiro em alterar a CRP – violando as disposições da própria Constituição – levaram à ruptura entre eles. 
AB. Abril 2012.

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Segundo Texto:

Eanes alerta para aumento "ameaçador" do desemprego
por Lusa26 Abril 2012
O general Ramalho Eanes considera que o aumento do desemprego no país "começa a ser ameaçador" e as medidas de austeridade "estão a destruir a classe média", alertou, numa entrevista à RTP1.
Na entrevista, de cerca de uma hora, transmitida quarta-feira pelo canal público de televisão, o ex-presidente da República, 77 anos, avaliou que "as medidas de austeridade que estão a ser aplicadas pelo Governo são muito violentas" e "agravam as desigualdades sociais".
Apesar de concordar com a necessidade de reformas estruturais no país, Ramalho Eanes considera que deveriam ser tomadas "medidas seletivas" na sua prossecução.
Questionado sobre o que pensa do atual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o ex-presidente da República, descreveu-o como "um governante sério, interessado e determinado".
Ainda sobre a situação no país, e a forma como a sociedade portuguesa está a reagir à crise económica, Ramalho Eanes apontou que tem vindo a reparar no trabalho das organizações de solidariedade, e no aumento da sua ação, bem como na maior importância da família.
"O apoio das famílias tem sido muito importante, mas mesmo assim há muitos portugueses que estão a desistir do país e a emigrar", lamentou.
Presidente por dois mandatos a seguir à Revolução de 1974 - venceu as eleições presidenciais em 1976 e 1980 - António Ramalho Eanes recordou, na entrevista, muitos dos momentos conturbados do período pós-revolucionário.
Ramalho Eanes encontrava-se em serviço militar em Angola quando se deu a Revolução de 25 de Abril, aderiu ao Movimento das Forças Armadas e regressou a Portugal, onde chegou a ser diretor de programas e presidente do conselho de administração da RTP até março de 1975.
Sobre o 25 de Abril, comentou que esse episódio da História de Portugal, "foi sobretudo a assunção das Forças Armadas da sua responsabilidade nacional em restituir a liberdade aos portugueses para dirigirem o seu destino".
Falando sobre várias figuras militares e políticas, considerou que Otelo Saraiva de Carvalho "liderou muito bem o 25 de abril", mas, nalguns momentos, "foi infantil".
Sobre o histórico socialista e também ex-presidente da República Mário Sores, Eanes disse: "Tenho uma grande consideração por Mário Soares enquanto batalhador pela democracia, mas não tenho estima nenhuma por ele".
Diário de Notícias, online.

2012-04-26



Tenho a plena consciência de que, apesar de já terem passado 38 anos, a grande maioria dos portugueses não sabe o poder que este homem teve na mão, prescindindo dele em favor de um país democrático. Não foi ingénuo, teve coragem e assumiu riscos. Honra e ética fizeram dele um símbolo. Infelizmente, esses valores e essa "história" não foram depois (propositadamente????) divulgados/ensinados/partilhados nas escolas e nas universidades deste país. Que a sua generosidade brilhe e ilumine os portugueses, de novo à beira do abismo! Com estas palavras sobre Salgueiro Maia, honro e homenageio todos os verdadeiros militares de Abril. E que hoje, já noutra condição, têm o direito de - livremente - usar a liberdade que ajudaram a conquistar. Mesmo desagradando ao poder "estabelecido" ou "instalado"! Mesmo desagradando a falsos moralistas, quer sejam políticos, quer sejam jornalistas.

2012-04-25


O CAROCHA DA MEIA NOITE !!!


OS SENTIDOS DO 25 DE ABRIL... ou crime de alta traição!


***** Primeiro foi o sentido branco da Primavera, correspondente à pureza ingénua dos jovens capitães, desejosos de pôr fim a uma guerra de guerrilha interminável.
***** Depois foi o sentido vermelho ideológico, de Leste carregado – o aproveitamento “enquadrado” das organizadas estruturas da Guerra-Fria.
***** Pelo meio um sentido amarelo de aviso Outonal para repor os ideais do sonho – dos sonhos!
***** Ainda um sentido verde de esperança, próprio do rasgo, da vontade, da atitude de quem começa um caminho novo.
***** Finalmente o sentido azul “obrigatório” da adesão à CEE – o único que “oferecia” sustentabilidade para um futuro democrático e em liberdade.
Mas, como em tudo na vida, também as regras de trânsito são violadas. Os limites de velocidade, os sentidos proibidos, os sinais de informação.
***** E porque virámos as costas ao Mar...ficámos a perder! As frotas mercante e pesqueira – sobretudo esta – fizeram-se ao largo e afundaram. A primeira perda de soberania, por acatarmos, sem discussão, as ordens de outros – particularmente os mais interessados no nosso fracasso. A agricultura secou, seguindo o mesmo caminho.
***** Ao “centro” da Europa, que sempre nos rejeitou, interessava construir neste ocidente do Ocidente uma plataforma logística, de serviços.
E foi dinheiro atrás de dinheiro. Engordar os ricos (banqueiros e outros da alta finança) e aumentar o peso “ilusório” da classe média.
***** No fundo, ficarmos desreguladamente globalizados! O mesmo é dizer...dependentes daqueles que, soprando levemente nas asas de uma borboleta na Amazónia, conseguem provocar um tsunami no Japão.
E, assim, somos hoje confrontados com um sentido obrigatório de contornar as inúmeras rotundas que se espalham pelo país. De tanto contornar ficámos tontos, e o trânsito ficou completamente interrompido. Instalou-se o caos quase absoluto, e não sei se haverá sentidos que possam indicar a necessária inversão de marcha.
***** Como sempre, não deixou de haver alguns profetas a dizer : - o caminho é por ali! E muitos acreditaram. E agora, perante a desgraça anestesiante, são incapazes de perceber caminhos alternativos. Que não passem pela desgraça dos que menos podem ou daqueles que não podem fugir à sanha assassina de um Estado que não é de bem. Empobrecer a razão de ser da Nação e do Estado – as pessoas – é um crime de alta traição.
***** Pagarem por ele deve ser um desígno nacional. E se a Nação e o Estado – as pessoas – não forem capazes de, democratica e urgentemente, tomarem o seu lugar na História, então...só mesmo a via revolucionária. Qualquer que ela seja e como seja entendida!
AB. Abril de 2012.  

2012-04-20

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !


ANGOLA - 1971.

SEDE

Longa caminhada
pela mata
seca,
interrompida
pela sede do cansaço.
Do cantil
sairam gotas incolores
de amargo sabor
a esperança.
----------------------AB. in "Tons Dispersos", Vega, 2003.

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !




FOI HÁ QUARENTA ANOS!

Com a tua partida

Fiquei órfão de um sorriso lindo e doce,

Carente do desvelo com que mimaste minha infância

E me viste crescer,

Mesmo quando a tua serena fúria

Pretendia ser amarga e dizer não.

Não foste perfeita à imagem de uma santa

Mas amaste quem pariste

E sofreste quem amaste.

Foi há quarenta anos...

E eu

Na minha Ilha de Sonho,

Ainda procurava descobrir o caráter do mundo!

----------- AB. 18 Abril 2012

2012-04-09


QUAL A GERAÇÃO QUE SE SEGUE?

A “geração de Abril” fez o que pode. E se nas escolas não se fala da nossa história recente, ao menos que o Ministério negoceie com o Expresso a distribuição da revista cuja publicação se iniciou no sábado passado. Agora, quando se completam 38 anos da “revolução dos cravos”, qual a geração que se segue para dar a volta a este país moribundo? Podemos imaginar uma série de respostas, mas certamente não desejamos “uma geração inteira...marcada pela papeira” nem uma “Geração Deprimida e Oprimida”.

Quantos jovens são precisos para sonhar um país ?

- Uma geração sadia... que já peca por tardia |

Quantos jovens são precisos para erguer um país ?

- Uma geração perfeita...livre de qualquer maleita !

Quantos jovens necessários para guardar um país ?

- Uma geração de coragem...de incompetentes à margem !

Quantos jovens são precisos para nova revolução ?

- Uma geração marcada...desculpem tanta maçada !

Quantos jovens são precisos para salvar um país ?

- Uma geração ferida...mas com orgulho medida !

E p’ra levantar o país o que mais será preciso ?

- evitar estes ministros... e sem cabeça perdida corrê-los ao pontapé pelas pedras da avenida !

================= AB. Abril 2012.

2012-04-06

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !


MEMÓRIA E HISTÓRIA !

Membro fundador da Sociedade Portuguesa de Oncologia e seu primeiro Secretário Geral – acaba de estabelecer a passagem para outra dimensão o Dr. Cardoso da Silva.

Desde sempre ligado à causa do combate à terrível doença, Cardoso da Silva foi médico no IPO do Porto, Presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, nacional e no norte do país.

Fez parte de um vasto lote de médicos igualmente empenhados, nomeadamente Guimarães dos Santos, Gonçalves Dias, Francisco e António Gentil da Silva Martins.

Foram (também) estes homens que divulgaram publicamente as actividades da Liga e do IPO, ajudando a combater o medo. Eu, enquanto jornalista, tive o privilégio de os acompanhar nessa missão desde o início da década de 1980. Uma especial reverência à Família enlutada, à LPCC e ao IPO e um saudoso e grato abraço ao Dr. Cardoso da Silva. Memória e História.