2013-11-30


OU LUTAMOS - PARALISANDO O PAÍS - OU MORREREMOS ANTES DO TEMPO.
Temos um PR cego, surdo e mudo, imóvel, paralisante; temos um governo que comete as maiores tropelias em negócios que desgraçam o parco património; um governo de cócoras perante a alta finança internacional - representada pela "troika" - e que prefere violar a sua própria Constituição; uma oposição sem ideias e que só mexe pelo esforço e pela visão de velhos timoneiros; banqueiros que sugam o suor e o sangue do povo; economistas ao serviço de interesses estrangeiros; intelectuais que vomitam opiniões de acordo com esses interesses; sabujos a militar nos partidos e ao serviços das multinacionais; garotos a fazer o papel de pais na puberdade; no fundo - um povo escravizado no mais antigo Estado-nação de uma União Europeia que funciona à revelia dos mais elementares princípios que nortearam a sua formação, sobretudo ignorando a solidariedade. Prefiro perder a minha "Pensão" - lutando até à morte, do que perdê-la resignado.
PARALISEMOS O PAÍS...PARA DERROTAR O GOVERNO. MAS TODOS AO MESMO TEMPO E NO MESMO LADO DA BARRICADA.
Foto de Global Imagens - DN online.

A MORTE POR DECRETO…( A Publicar)

Pisam as pessoas e não usam
Cardadas botas de vilão.

Noutro tempo sabiam
Percebiam
Que as leis eram só suas
Sem esforço
Morrendo sem tempo e já vazia
A ampulheta da história imaginada.

Hoje pisam as pessoas e não usam
A tortura da prisão e do degredo.

Como quem no lagar apura o mosto
E a prensa aperta
Tritura e esmaga cada uva,
Assim se condenam os mais velhos
E ficam amarrados os mais novos.

Hoje pisam as pessoas e não usam
Nem gás nem químico injetável.

Depois de pisados, esmagados
Esmifrado o almoço
E abandonados,
A morte chega violenta em alvoroço
Da tumba de princípios derramados.

Hoje pisam as pessoas e não usam
Nem tiros nem facas – só decretos!
========A. Bondoso (A Publicar)


Foto de A.Bondoso.
António Bondoso.
Jornalista-CP359
Na véspera da "Restauração".



2013-11-25


AS FOLHAS DO MEU OUTONO...


As folhas do meu Outono. (A Publicar)

O entrelaçar do Outono neste país decadente.

Enquanto o rio leva as folhas da esperança

E uns reproduzem poemas ao quilo

Eu...

Só aproveito as folhas que ficaram!
----------A.Bondoso(A Publicar)



ONDE ESTAVA NO 25 DE NOVEMBRO DE 1975 ?




ONDE ESTAVA NO 25 DE NOVEMBRO ?...
…ou de como a liberdade e a democracia se posicionam lado a lado, sem que o frente a frente tenha que ter obrigatoriamente barricadas.
         Estamos ainda longe de saber tudo. Trinta e oito anos não oferecem a necessária distância para se julgarem factos e figuras. Contudo, permitem já perceber quem se posicionou – dando as mãos – e quem preferiu o confronto. De que lado estava a razão? – é uma pergunta retórica e que recebe argumentos diversos, tão variados quanto as personagens mais em destaque nesse período.
         Basta folhear a memória: Eanes, Grupo dos Nove, Pinheiro de Azevedo, Jaime Neves, Comandos, Pires Veloso, Morais e Silva, Força Aérea, Mário Soares, PS, Sá Carneiro, PPD…ou Otelo [já muito isolado] , Cunhal, PCP, os SUV, Polícia Militar, Paraquedistas, Vasco Gonçalves, Cintura Industrial de Lisboa. No meio, a hesitação inicial de Costa Gomes [apesar dos elogios de Melo Antunes e de Ramalho Eanes] e a reação dúbia de alguns Órgãos de Comunicação Social. Numa outra perspetiva, podemos ainda considerar algumas figuras da Igreja Católica, a “fronteira” de Rio Maior e da CAP – por oposição à CNA e aos partidários da “Reforma Agrária” com “sede” no Alentejo.
         Igualmente interessante é olhar o trajeto de linhas desencontradas, como por exemplo os casos de Pires Veloso X Eanes ou de Otelo X PCP. Relativamente ao partido de Álvaro Cunhal [que Melo Antunes, Eanes e Costa Gomes não deixaram cair num isolamento “pernicioso” para o processo democrático] – é curioso verificar a linha de Zita Seabra que, em 2011, veio afirmar, sem assombro, ao Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha: -
 “  «Foi muito importante o PCP ter sido derrotado no 25 de Novembro para garantir que em Portugal se construía uma democracia».

         Sem pretender atribuir qualquer juízo de valor a este tipo de “desencontros”, direi que o PREC fez parte de um tempo que devemos assumir sem rodeios e sem medos ou culpas! Nessa altura, cada um tomou a sua “opção”...e o "conjunto" das maiorias valeu por algum tempo. E agora há que percorrer caminhos novos, adaptando ideias e conceitos – mas nunca perdendo de vista valores e princípios. 
         Onde é que eu estava no 25 de Novembro? Na Rádio, claro, e no Emissor Regional do Norte da ex-EN, no Porto. E com muitos outros camaradas, reunidos de urgência perante uma deterioração do clima vivido e sobretudo propagado pela Rádio, foi decidido separarmo-nos da “emissão” com origem em Lisboa e conduzir a nossa própria emissão, depois de o delegado da RMN na ex-EN, Major Raimundo, ter informado Pires Veloso dessa nossa posição.
         Mais tarde, seria o próprio PR – Costa Gomes – a solicitar e a avalizar essa atitude, à qual viriam a aderir – depois – os Emissores Regionais de Coimbra e de Faro, ficando a sede, em Lisboa, sem emissão própria durante dez dias.
         Tudo isto – e muito mais – está escrito em forma de livro a publicar um “dia destes”.
António Bondoso
Jornalista – CP359.
Novembro de 2013. 


António Bondoso.




2013-11-11


À VOLTA DE MIM E DO MUNDO...


 11 DE NOVEMBRO…eu o mundo!

         As efemérides deste dia, não fosse uma crónica assinada por Rui Tavares no jornal Público, teriam sido varridas da face da terra perante a tragédia que se abateu sobre as Filipinas.
         Não há memória de tantas vítimas provocadas por um Tufão, mesmo sabendo que as Filipinas são o país mais afetado todos os anos por este tipo de tempestades geradas no Pacífico. As alterações climáticas voltam, mais uma vez, ao topo das preocupações mundiais.
         E enquanto muitos milhares de filipinos aguardam desesperadamente o auxílio da “expedita” Comunidade Internacional, o mundo pula e avança indiferente à miséria, à pobreza, aos conflitos armados – tudo consequência da ganância da alta finança internacional e das políticas neo e ultraliberais dos seus carrascos, expressas na globalização desumanizada a que assistimos.
         Há 10 anos tinha eu sido sujeito a uma intervenção cirúrgica que me valeu 17 dias de internamento, pelo que fui impedido de celebrar como habitualmente o S.Martinho e assistir in loco à inauguração do belíssimo “Estádio do Dragão”, em cujo “mural de fundadores” estão inscritos os nomes de Maria do Amparo, António Miguel e António Bondoso. Fui abalado, mas não derrubado.
         Há 38 anos, Angola tornava-se um novo e soberano Estado africano, na sequência do complexo processo da descolonização portuguesa, sem contudo poder evitar uma guerra fratricida que se prolongou demasiado no tempo – muito para além do final da chamada “guerra fria”, à sombra da qual se foram acumulando conflitos e milhares de mortos em todo o mundo, praticamente desde o final da II Guerra Mundial, em 1945.
         Recuando no tempo e à menção do texto de Rui Tavares, no Público, a memória de um outro mortífero conflito – a Grande Guerra – entre 1914 e 1918. Na madrugada de 11 de Novembro desse ano foi assinado o armistício entre as partes beligerantes, estipulando o acordo que “as armas se calariam às onze horas da manhã desse dia”, e que só depois se tornaria pública a notícia. O momento, lê-se no texto de Rui Tavares, “ficou na memória coletiva como «as 11 do 11 do 11»…e até há quem lhe acrescente ao conto um ponto de imaginação, dizendo que a paz chegou 11 minutos depois, para dar o dia 11/11, às 11:11”.
         E agora, que já passa das 11 e 11 da noite, desejo um bom descanso e muita coragem para enfrentar as dificuldades de um novo dia sob a austeridade da troika.
António Bondoso
Jornalista – CP359.
Novembro de 2013  


António Bondoso

2013-11-10

PELA ESCRITA ME VOU AO FIM DO MUNDO…
…e levo sempre alguns amigos comigo – uns de há muito, outros mais recentes – entregando o coração e a razão aos que me acolhem sem cuidar de saber como venho, apenas pelo simples prazer de partilhar ideias e a voz firme dos poemas.




E em VIZELA – mais do que em muitos outros lugares – a emoção gerou afetos e fez transbordar alegria no aconchegante auditório da Fundação Jorge Antunes. Por obra e graça da Conceição Lima, que tem sabido conquistar pelo carinho e pelo gosto da partilha de saberes um grupo muito forte na divulgação cultural. Os saraus que ali promove são já imagem de marca em Vizela, envolvendo elementos da Universidade Sénior [que, liderados na sexta-feira pela jovem prestes a ser mãe Querubim Carminda Carvalho] presentearam a plateia com uma excelente “performance” do meu poema “Lutar e Sonhar em Liberdade” e do Rotary Kids que, com a supervisão da Professora Paula, enquadraram de forma sublime o meu poema “A minha música…é o mar” e a “Canção do mar” de Dulce Pontes. Disseram, cantaram e encantaram, merecendo o carinho e os aplausos. Tal como todos os que intervieram a cantar Venham Mais Cinco (Zeca Afonso), Mãe Negra e Meninos do Huambo (Paulo de Carvalho) ou o Vou Levar-te Comigo (Ouro Negro). E tal como todos os que disseram outros poemas – alguns inéditos – e de obras já publicadas: Seios Ilhéus (edição de autor, 2010) e O PODER E O POEMA (Edições Esgotadas,2012) – título que foi o motor do Sarau, no qual também se apresentou o mais recente LUSOFONIA E CPLP-DESAFIOS NA GLOBALIZAÇÃO, da mesma editora.  

E no final alguém perguntou: PORQUE É QUE NINGUÉM OUVE OS POETAS…quando, nunca como hoje, a poesia escorre pelas redes sociais?
Sem pretender o exclusivo da verdade…sempre fui lembrando algumas das razões pelas quais a Cultura não se espalha, entalada entre um “poder” vazio de ideias e os “media” cada vez mais concentrados no lucro fácil e no sensacionalismo que vende. As redes sociais, só por si, ainda não chegam ao âmago do “poder”! E se Torga lembrou o “terrível poder de recusar” que temos nas mãos, o meu amigo Jorge Bento diz que “já ninguém ouve os poetas. E ainda vão ouvindo Manuel Alegre, pois ele também é político”!
Eu, modesto mas verdadeiro, vou fazendo a minha parte!
António Bondoso



António Bondoso
Jornalista – CP150.
10 Novembro 2013. 

2013-11-08


A TÁTICA DO QUADRADO…
…ou de como a “Cultura”, de uma forma geral, pesa cada vez mais nas ideias de desenvolvimento para uma região. E Moimenta da Beira tem vindo a acentuar este aspeto.
A PROPÓSITO DA MINHA CRÓNICA DE HOJE NO JORNAL BEIRÃO.


         Foi assinalável ao longo dos anos e tem sido mais visível nos últimos – particularmente nas duas edições da Expodemo já realizadas. Vale a pena apostar na preservação, valorização e divulgação do “património”, quer seja material, quer seja imaterial. Literatura, artes plásticas, monumentos, paisagem, gastronomia – uma rede de interesses comuns em prol do desenvolvimento e da projeção do território.
         Vem isto a propósito de uma notícia que a revista Visão publicou, com base em dados do sítio da internet TRIVAGO e segundo os quais o Gerês é o 9º destino turístico mais valioso do mundo em 2014, considerando a vertente “qualidade-preço”. Como tudo aquilo que envolve e é envolvido pelas estatísticas tem o peso que tem, e não deixa de ser verdade que estes “organismos” são geridos por interesses. E depois há ainda a considerar os fatores que conduzem aos resultados medidos. Logo à partida há um elemento determinante: só são considerados os destinos com um mínimo de 10 hotéis e 150 opiniões. Não se pode, portanto, colocar no mesmo patamar de avaliação um concelho e uma região. Daí que eu continue a chamar a atenção para a importância da região do Douro-sul, um destino muito considerado nos últimos anos. Moimenta da Beira – tal como Tabuaço, Armamar, VN de Paiva e Tarouca [creio perceber muitas resistências em Sernancelhe] – pode e deve fazer a ponte entre o “centro-norte” de Viseu e o “sul” do Douro. Condimentos não lhe faltam!
         Em Portugal, para o próximo ano, o TRIVAGO considera ainda Braga, Ericeira, Figueira da Foz, Peniche e Vila Nova de Milfontes. Mas para que não restem dúvidas, é ainda importante salientar que os mais de 200 sítios de reservas do TRIVAGO registaram qualquer coisa como 82 milhões de opiniões.
         Voltando à cultura – e valorizando os caminhos que Moimenta da Beira tem vindo a trilhar – descobri há dias no Jornal de Notícias um “barómetro” sobre a política autárquica e a cultura. Sete personalidades ligadas às artes, ao ensino superior e a instituições culturais, foram questionadas sobre se “as autarquias devem/podem dar prioridade à Cultura neste novo mandato”? Todos responderam positivamente, mesmo tendo em conta as dificuldades financeiras que o país atravessa.
         Gostaria, contudo, de salientar algumas respostas que me pareceram bem interessantes:- Joaquim Azevedo, diretor da Escola das Artes da Universidade Católica, no Porto – depois de considerar que a cultura é a graça do desenvolvimento regional e local, acrescenta “depois da des-graça do betão só esta prioridade nos pode salvar no mar indistinto da globalização”; Braga da Cruz, presidente da Fundação Serralves – “o nível local tem melhor noção do retorno económico da Cultura e do seu contributo para o reforço da identidade”; Rui Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Viana – “a cultura é o sal da terra e a luz do mundo”. A cultura como fator inclusivo das sociedades e gerador de emprego esteve igualmente em destaque.
         E nunca se esqueça que “um país sem cultura = um povo sem voz”!
António Bondoso
Jornalista – CP359.
antoniobondoso@gmail.com



2013-11-01


OS TESOURINHOS DEPRIMENTES QUE NOS CHEGAM DE ANGOLA:



ISTO É UMA PÂNDEGA…
…ou de como alguns “pasquins” também nos fazem rir!
         Do novo editorial do Jornal de Angola dedicado a Portugal – agora a propósito da visita da presidente da Assembleia da República portuguesa àquele país africano, não a convite mas apenas no âmbito de uma reunião da CPLP – não retiro qualquer ideia positiva, seja de que parágrafo for.
         A única parte do texto que me chamou a atenção foi este “pedaço” de grande e boa informação: "A presidente da Assembleia da República Portuguesa é uma democrata de sempre, antifascista convicta e por isso mesmo anticolonialista.”
         Tendo nascido em 1956, Assunção Esteves tinha apenas 5 anos quando teve início, em Angola, a chamada guerra colonial; tinha 7 quando as hostilidades começaram na Guiné e mais um quando rebentou a guerrilha em Moçambique.
         Imaginamos todos, os protestos que a criança não terá promovido em Valpaços contra a guerra em África. Ele eram cartazes a dizer nem mais um soldado para as colónias; ele eram frases a desancar na PIDE; ele eram gritos de revolta contra a política de Portugal em África; abaixo o ditador Salazar. E mais: por tudo isso, apenas com 8 anos de idade, Assunção Esteves foi presa em Caxias.
         Há dias…
António Bondoso
Jornalista – CP 359.
antoniobondoso@gmail.com