2012-08-22


À VOLTA DE MIM E DO MUNDO....


Moimenta da Beira, hoje, não se define apenas pela cultura da maçã e pela arte do espumante "malvasia". Nas "Terras do Demo" há também um céu de mil metáforas que, por vezes, se confunde com a imensidão do mar!







CÉU DE METÁFORAS !

Se as serras não têm nomes
Tomam o traço das terras:
Rua, Faia, Paradinha
Riodades, Macieira e mais Penela da Beira.
De Moimenta a Penedono
Tabuaço a Sernancelhe
Há todo um céu de fenómenos.
Num azul quente de sol
Ou numa noite de estrelas
Há astros e constelações
Há partículas de neutrões
Que se deixam envolver
P’la suave espuma do tempo!
Tomam formas sem saber
Imagens que imaginamos.
São sentidos do poeta
Metáforas a olho nú
Ou na lente de uma câmara
Baladas em diafrágma.

São átomos a abrir sensores da alma humana
Moléculas de um pensamento cativo
Da arte de partilhar
Solidária e definida
Bem resoluta e concreta!
===================== AB. 

2012-08-14




À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !

Dois álbuns de fotografias do Amigo João Melo Sereno, sob o título genérico de  "MARÉ BAIXA"

ajudaram-me a concluir esta ideia: - se não mudarmos o rumo do mundo, teremos uma vida seca. Mesmo

que morramos afogados com a "subida" dos oceanos !



MUNDO AO CONTRÁRIO.

Maré baixa maré baixa.
De tanto baixar a maré
Deixa o peixe de ter pé
Os barcos ficam parados
Pescadores alvoroçados.
O mundo todo ao contrário
Que a fartura dá em fome
Todos pensam que é possível
Sem alterar o seu nome
Chegar de pé à montanha
Mesmo morrendo afogados!
====================AB. Agosto 2012. 

2012-08-08




***** Tenho estado a acompanhar, na TVI24, uma grande reportagem sobre os "efeitos" do petróleo no Delta do Níger. Nigéria tal e qual. 
De todos os inesgotáveis milhões...só 1 a 5% da população beneficia. Adivinhem quem ?????? 

           Por isso é que escrevi este poema, a pensar em S.Tomé e Príncipe: 




FORTUNA OU TEMPESTADE ?

Celêlê … celêlê…
Não ouves o ossóbô ?

É tempo de te abrigares
Da tempestade que chega.
Negros sinais se distinguem no horizonte
Rasgados pelo relâmpago
Com aviso dos trovões.
Não é magia, é certeza
De um novo modo de vida.

Celêlê… celêlê…
Não ouves o ossóbô ?

Não fiques preso no crude
Da maré negra que vem.
Levanta voo e repassa
Mensagem a todo o mundo:
Avisa garças e césias
Periquitos papagaios
Os pardais de bico lacre
Beija-flôr e andorinhas.
Canta o canto da conóbia
Sem temer o mau-agoiro
Ajuda Tomé-gágá disfarçado de guembú
Voa por cima do mar
Para avisar o gandú.

Celêlê … celêlê …
Não ouves o ossóbô ?

A chuva que traz o vento
Mais escura do que a noite
Decerto carrega ouro
Que não brilha nem reluz,
Vem ofuscar a lembrança
De uma vida mui feliz.
_______AB. EM Seios Ilhéus. 2010. Autor e Euedito.

2012-08-04







                  GAIVOTAS...

Voam gaivotas de noite.
Cortam o silêncio do escuro
Já muito àquem do mar,
Desafiam em terra a madrugada da revolta
A grasnar contra a fome
Que o mar hoje lhes dá.
Gaivotas...
Quais urubús peçonhentos e adivinhadores
De um tempo como este
Vil e decrépito – pobreza e miséria
Enfeitando a mesa vazia de tudo.
Voam gaivotas de noite
Cagando o solo pátrio adormecido !
=================AB. Agosto 2012.