2016-01-29

ACORDEMOS PORTUGUESES. 

Nesta hora em que os poderosos do dinheiro internacional e os chamados donos disto tudo de novo afiam as garras para se apropriarem da nossa dignidade como país livre e como povo soberano, nada melhor do que refletir sobre a "letra" de Henrique Lopes de Mendonça: 

Foto de António Bondoso


HERÓIS DO MAR

Heróis do mar que já fomos
Nesta nação secular
Erguei de novo o orgulho
E a valentia sem par.

Às armas.

Às armas cidadãos desta República
Que o sangue derramado construiu
É a hora de repor bem soberana
A luz de uma Pátria que se ama.

Às armas.

Às armas e marchemos vencedores
Sobre novos e falsos protetores
Que da Europa anunciaram a união
Mas só morte trouxeram à nação.

Acordai portugueses.
Levantai o peso da memória
E sabei que a Pátria não morreu.
Dizei antes que o valor da nossa História
Nos obriga a lutar
Sem fraquejar!
====== António Bondoso
Jornalista.

Janeiro de 2016. 

2016-01-12


O 66º NÃO É UM ANIVERSÁRIO QUALQUER!


VIVER É CANSATIVO!

         Assumindo a ideia de Armand Robin, segundo a qual não temos a certeza de pertencer à nossa própria vida, devo dizer que completar 66 anos de existência – para além de toda a simpatia que o número possa gerar – não deixa de ser um marco significativo de uma certa ideia de equilíbrio, físico e mental, perante as contradições e os perigos de dois tempos distintos: a juventude e a idade adulta. Viver sem rede, trabalhar no arame, assumir riscos e desafios sem pesar consequências – posso dizer terem sido circunstâncias que desenharam muitos passos do meu circuito. Quer no tempo ativo, quer no designado período de aposentação.
         E agora, completados os 66, tudo isso me subiu ao quinto andar com uma nitidez invejável – não tivesse eu clarificado recentemente no escrito EM AGOSTO…A LUZ DO TEU ROSTO [e um escritor, como diz Olivier Rolin em O MEU CHAPÉU CINZENTO, é quase inevitavelmente alguém desequilibrado], os momentos mais significativos de um percurso que me levou de Moimenta da Beira a Macau, pousando longamente a “juventude” em S. Tomé e Príncipe [onde foi marcante o ano de 1966] e a “idade adulta” no Porto [onde se desenrolou a maior parte da carreira profissional]. Expressão desse trajeto sentimental foram sem dúvida as incontáveis mensagens de felicitações que me chegaram de viva voz, por sms e por meio das redes sociais da Web, não só do Minho aos Algarves, e se estenderam igualmente a Goa, Londres, ao Canadá, Brasil e à Colômbia, morando aqui um sinal destes tempos de inquietação e de emigração quase forçada. Talvez não tenha dado resposta atempada e merecida a todos esses gestos de atenção e de carinho, pelo que o faço agora e aqui com a devida vénia. Lembrando até a graça que foi ter ouvido ao telemóvel os parabéns “cantados” – quase ao estilo dos antigos “telegramas”.
         E depois o amparo do núcleo familiar, a mulher e os filhos, o bolo especial com mensagem dedicada e a presença de um casal amigo que fez questão de estar e de partilhar esse momento particular de soprar as velas e de formular desejos. São simples os meus: saúde, paz interior, a devolução da quietude e da esperança sorridente de outros anos. O futuro é sempre incerto…e o do país não se apresenta brilhante, apesar de alguns sinais positivos. O caso é que já não é fácil acreditar em políticos e em banqueiros que nos tolheram os passos. E a campanha eleitoral que agora decorre, apesar do tino que possa aparentar, também não nos oferece tranquilidade quanto à capacidade e aos valores de todos os candidatos em presença.  
         Resta-me voltar a Olivier Rolin e aos “escritores”: o primeiro dever do escritor, antes de «contar estórias» ou de «fazer sonhar», como está de novo na moda, continua a ser o de dar um sentido mais puro às palavras da tribo. Por isso me agarro à esperança de poder contribuir…escrevendo! E vivendo…para além do cansaço!
António Bondoso
Jornalista 


António Bondoso

2016-01-01

UM ANO DE PAZ, PROGRESSO E DE ATENÇÃO ÀS PESSOAS...


Foto de Ant. Bondoso


…DAS RETICÊNCIAS... AO DIA DA PAZ!

         Deixei ontem muitas reticências na derradeira crónica do ano de 2015 e relativamente ao tempo que acaba de chegar.
         Não é que elas se extingam neste início de 2016, pelo contrário. Acontece, contudo, que o dia 1 de Janeiro há já alguns anos merece a distinção de Dia Mundial da Paz. E o Papa Francisco não deixa de repetir que, de certo modo, a Paz se alcança também estando nós todos atentos e solidários para com os outros. E tem repetido igualmente que ninguém deve ser descartável e indiferente.  
         Hoje, mais uma vez, o Santo Padre pediu o fim da indiferença à miséria, à injustiça e à violência no mundo. A alternativa, tem insistido Francisco, é o diálogo.
         Aguardemos, portanto, pelo diálogo. E façamo-lo com a ideia de que – à semelhança da “boda” – um ano molhado poderá ser um ano abençoado. Um desejo que não destoa olhado da minha perspetiva, já que – dentro de dias – poderei completar 66 anos de vida. Um número redondo e bonito e que também não destoa dos números do ano de 2016. Por outro lado, completarei 42 anos de casado – exatamente numa altura em que em Portugal se assinalam os 40 anos do Poder Local Democrático, os 30 anos da adesão do país à CEE/EU e os 20 anos da existência da CPLP. Datas de relevo e a merecer celebração, sem dúvida.
         Sobre cada um destes temas irei projetando as minhas ideias ao longo do ano, referindo hoje apenas o facto de a CPLP não ter merecido mais envolvimento por parte desta nova e inédita plataforma de governo, atribuindo por exemplo uma pasta às questões lusófonas – à semelhança do verificado com os assuntos europeus.
António Bondoso
Jornalista

Foto de Ant. Bondoso