2022-10-25

Há anos. Não só mas também...



POR CÁ DISCUTE-SE, CRITICA-SE, REIVINDICA-SE EM PERFEITO NAMORO COM A INTRIGA E A INSÍDIA…

…Há 8 meses que os ucranianos lutam e morrem pela liberdade na Europa; há anos que os sírios são dizimados, tal como os curdos; há anos que os iemenitas morrem pela fome e pela barbárie, tal como na Somália; e agora a Nigéria volta a colocar a África no mapa das tragédias enquanto a miséria assola a Ásia e a América do Sul como nunca; agora, que a liberdade e a democracia sofrem ataques no Brasil – país em vias de se tornar rapidamente num «pobre» Estado Teocrático no qual os mortos não contam; nos EUA mude-se o termo para «rico»; na Rússia, riqueza só em armas nucleares, como a norte do Paralelo 38; na China, o símbolo é o regresso do “silencioso” «poder imperialista»; por outro lado, há anos que os palestinianos morrem por um país que não existe e os libaneses sofrem às mãos de Estados terroristas; e o Iraque e Moçambique e o Sri Lanka; há muitos meses e anos que tudo isto vai passando ao lado das más consciências e dos «pobres» umbigos recolhidos.

Há anos! Por cá – não só mas também [como eu gosto desta expressão!] ignorando o terrível período da recente Pandemia. Passem bem.



António Bondoso

Outubro de 2022. 





 

2022-10-14

 

            Um adeus ao Álvaro Trigueiros. 

                                         

Uns anos mais antigo do que eu. Familiar de muitos Amigos meus e amigo de muitos outros amigos. Nunca privei muito com ele, a não ser quando a Rádio me deu essa oportunidade. De falarmos, pouco, mas sobretudo de o ouvir a cantar. Quantas vezes ao vivo, durante os convívios, festas ou bailes, nomeadamente no salão do Benfica. Álvaro Trigueiros – Sum Alvarinho no mundo artístico – era humilde mas interventivo, sociável e respeitador, como era condição geral dos «Filhos da Terra». E cantava bem, com muita energia. Para quem não entendia a Língua Forra de STP, a maioria das letras das canções não lhes tocava. Era sobretudo o ritmo e a alegria que transbordavam. Viu o seu país ser independente, como desejou, mas interventivo, respeitador e de caráter, nunca deixou de ser crítico do rumo que os novos políticos foram dando às suas Ilhas. E saiu, continuando a ser «ele» nesta terra longe, fria mas acolhedora. Danilo Salvaterra chamou-lhe hoje visionário e combatente: “Sum Alvarinho como era conhecido deixou-nos levando o sonho de algum dia ver S.Tomé e Príncipe melhor. (…) Fez da música a sua arma de combate. Uma das vozes mais criticas e visionária, irá contemplar desde às Alturas, o que seremos capazes de fazer”.

Para trás ficou o grupo «Maracujá», fundado por ele e pelos irmãos Morais [Américo e Alexandre] de Santo Amaro, tal como as canções emblemáticas “Zozé Lóvè”, “Vida D’homé Sá pintenxa” [alô meu irmão Luís Moura!] ou “Tindádji”. Lúcio Neto Amado, na sua obra «MANIFESTAÇÕES CULTURAIS SÃO-TOMENSES» cita por exemplo Albertino Bragança que recorda a rivalidade entre o Sporting Clube de São Tomé e o Sport São Tomé e Benfica, «…não só no plano desportivo como no espectro político em que cada um se situava, O Maracujá criou ainda assim um espaço próprio na música são-tomense dos finais dos anos cinquenta e na década de sessenta [século XX] através de composições que ganharam inegável popularidade na sua época».

         Conceição Lima recorda hoje por exemplo “53 ni San Tomé” e “Cacau é ouro, é prata e diamante”, mas particularmente “Sun Américo”. Para Álvaro Trigueiros, a música era, portanto, «Vida»!

         Até sempre Sum Alvarinho, receba um abraço e saiba que – tal como para mim – S. Tomé fará sempre anos, independentemente do antes e do depois.

                                              


António Bondoso

13 Outubro 2022.

https://www.youtube.com/watch?v=4GilPKDH1SA&feature=share&si=ELPmzJkDCLju2KnD5oyZMQ


2022-10-07


Não há palavras mortas em definitivo, como sabemos. Reinventadas, recicladas, renovadas, ressuscitam para moldar outras ideias. Os avatares da escrita, ora no discurso inquieto da prosa, ora na função social da poesia.  E mesmo que se não goste…o «movimento» tem graça!



UM BURACO NO POMAR…por onde espreitam «Poemas».

 

Fruto de imaginação ou de produto palpável

Será sempre uma ideia

De uma utopia em cadeia.

 

Aromas de muitos sonhos

A penetrar nos sentidos

Um azul que rasga o tempo

Uma vontade inquebrável.

=== A. Bondoso

7 Out. 2022. 

António Bondoso

7 de Outubro de 2022.