2013-03-28


Os passos da minha “Paixão”...



Os passos da minha “Paixão”...

Um a um, cadenciados pelo cansaço das marionetas que me assombram, os meus passos tentam seguir a Via Sacra deste país, hoje, sem perder a Fé mas com a Esperança retalhada. Em cada passo me revejo na desilusão dos jovens que não podem viver a alegria dos seus sonhos; na angústia dos desempregados impedidos de ser úteis ao país onde nasceram; na depressão sobrevivente ao desespero de cada um; na raiva e na impotência dos casais desempregados que já não conseguem alimentar-se para dar alento e vida digna aos seus filhos; na tristeza e na revolta que invade os reformados e pensionistas que – tendo depositado no seu Estado a confiança e boa fé de uma vida de dedicação esforçada – se confrontam agora com responsabilidades alheias, as quais cerceiam igualmente os sonhos de um final de passagem terrena com a dignidade merecida.
São assim estes passos que, apesar de tudo e por tudo isto, me convocam ainda para um último esforço de permanência ativa num país e num mundo em decomposição acelerada, física mas sobretudo na alma e no espírito dos valores humanos, do pensamento, dos ideais e das ideias. O caráter é já cadáver, assassinado pela ganância, pela inveja, pela maldade, pela sede de Poder.
Ao contrário de outros, como escrevi em 2009, tenho “Dúvidas de Vida”: - pensando, sobretudo, em como seria maravilhoso trocar as "amêndoas" de alguns pela saúde e ausência de fome das crianças que sofrem.
   
                      DÚVIDAS DE VIDA
Páscoa
Paixão
Morte e ressurreição
Páscoa
Passos
Caminhos de contradição.
Esta vida é um senão
Perdida mas logo achada
Páscoa
Angústia de sexta-feira
Reconvertida em esperança
Radiosa na mensagem
Que o sábado é de passagem.
Páscoa
Ideia inteira
Balança
Nasce um domingo perfeito
Certeza de muitas dúvidas
De que o nosso mundo é feito.
===== A.Bondoso (A PUBLICAR). 



António Bondoso - Páscoa de 2013.

Texto e Fotos de A.Bondoso.



2013-03-24



HÁ DIAS ASSIM...



ÁGUAS DE MARÇO...

Águas de Março e dos meses passados
Vão trazer Abril e Maio
De cravos molhados
Fazer germinar uma árvore gigante
Com ramos e cores
De magia pendente.
E encher os rios de água corrente
Cristais nos caminhos de um mar distante
Diamantes perdidos
De um sol tardio
Esmeraldas, rubis
Em palavras cobertos
Com todas as letras e pontos nos is.
========A.Bondoso(A Publicar). 




POEMA E FOTOS...de António Bondoso.



2013-03-22

ÁFRICA... E OS (TAMBÉM MEUS) PRIMEIROS BISAVÓS

NOVO ESTUDO
Humanos poderão ter saído de África há menos tempo
por Lusa, texto publicado por Isaltina Padrão (22Mar13 noDN).
Material genético de esqueletos fósseis sugere que os antepassados humanos poderão ter saído de África mais recentemente do que se pensava, entre 62.000 e 95.000 anos atrás, anuncia um estudo revelado hoje pela publicação Current Biology.





Ao ler esta notícia...lembrei-me de um poema meu (ainda não publicado) que levei há dias à Fnac do Chiado em Lisboa, numa sessão de apresentação do meu livro mais recente O PODER E O POEMA, das Edições Esgotadas (foi dito por Maria Teresa Bondoso).

PRIMEIROS BISAVÓS (A Publicar).

Aparece

Por cima dos meus olhos

De repente

Visão escrita… ou o refrão da minha prece

E diz simplesmente

Que os primeiros bisavós dos avós  dos meus avós

Eles que depois voltaram a ser avós

Nasceram lá onde tudo acontece.


Provavelmente no sul

Numa África de rios e de mares

Grandes lagos onde o Nilo se alimenta

Níger… Congo… Zaire… Zambeze…

O Atlântico e o Índico em tormenta

Para lá do Cabo onde as fontes são palmares

Agora já secos de uma vida tão azul .


Séculos e milénios de passos e caminhos

O tempo viajou depressa e deixou

Gerações atrás de gerações que se perderam

E hoje não me lembro já de quem amou

Os primeiros bisavós dos avós dos meus avós

Que depois deles voltaram a ser avós

Se espalharam possuíram e viveram.


Caminharam … lutaram  

Pisaram e passaram  as curvas dos escolhos

E seguiram a estrela  dos pais que viram luz

Errando  para além da morte

Nos seus olhos

Até chegar à terra que é do norte

Repousando os pés … nas pedras que calaram  

A voz da música e o silêncio que produz

O pensamento quente dos tambores

Anúncio encomendado dos amores

Dos bisavós dos avós dos meus avós

Que depois deles voltaram a ser avós !


E assim se cumpriu o meu destino

E de outros que paridos  tão a norte

Navegaram conheceram  amaram sem favores

Outros mundos novas terras tanto hino

À liberdade e descobriram antes da morte

Que os primeiros bisavós dos avós dos meus avós

Mereceram, gente comum, elogios e louvores

De sábios senhores mais velhos e de gente como nós !        

------------------------------ António Bondoso (A PUBLICAR).                 


António Bondoso

2013-03-20


O PODER E O POEMA viajou de novo até Lisboa.



O PODER E O POEMA viajou de novo até Lisboa.
Dia do Pai, vésperas do Dia Mundial da Poesia, o ponto de encontro de muitos amigos e dedicados companheiros foi a FNAC do Chiado.
Poesia dita – muita e de forma profunda – música quanto baste mas de qualidade, e a opinião de quem sabe ler e perceber o caminho dos livros.
Sílvio Santos a defender a causa da poesia na Editora Edições Esgotadas, apesar das dificuldades do “mercado”, da juventude da empresa e da pouca mediatização dos novos autores e dos autores mais novos. Depois dos agradecimentos que são ponto de honra neste tipo de sessões, a historiadora e investigadora Celina Veiga de Oliveira apresentou à plateia interessada a sua “leitura” da obra assinada por António Bondoso, autor já seu conhecido há alguns anos.
E dividiu a sua ideia em dois segmentos: o ‘poder do poder’ e o ‘poder do poema’.
No primeiro caso descreve a viagem do autor por Miguel Torga, Zeca Afonso, Gil Vicente, Sá de Miranda e Camões para “denunciar aspectos menos nobres do poder” descrevendo-o como sinistro, traiçoeiro, cínico, sem ética, sem moral. E acrescenta outra característica malévola do poder: “a repulsa que manifesta pelo escritor, pelo homem de letras que – no dizer de Urbano Tavares Rodrigues – representa uma destruição de valores culturais e se traduz, não poucas vezes, em atraso de gerações”. Destaca igualmente – nos tempos duros do colonialismo – a poesia de Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Alda do Espírito Santo e Marcelo daVeiga, até à madrugada de Abril.
Analisando de seguida o “poder do poema”, Celina Veiga de Oliveira coloca no pedestal os poetas da afeição do autor, portugueses e estrangeiros, passa pelos interesses e ligações poéticas de alguns políticos portugueses e termina com a poesia como “arma de protesto” – seguindo as mensagens oferecidas por alguns poemas de António Bondoso, que interpreta questionando e respondendo como segue: - Há lirismo nesses poemas? Há; Há esperança? Sem dúvida; Há sonho? Muito; Há inquietação? Também; mas há igualmente concisão e conteúdo como o haiku japonês:- «quando o céu não é azul / fecho a porta da alma / e não respiro».
Por último, Celina Veiga de Oliveira escreve sobre o que considera “o legado maior de O Poder do Poema:- a convicção de que o poema pode ser irreverente e até revolucionário, chamando a atenção para a interrogação Quando chegará de novo a madrugada?, para a qual a resposta tem de ser dada por todos nós, tendo em conta “uma das mensagens mais fortes do livro – “a consciência de que o futuro será uma realidade construída pelas nossas mãos”!



***** A sessão prosseguiu com interpretações musicais de Tonecas Prazeres, quer em língua portuguesa, quer em língua forra de S.Tomé e Príncipe, e com meia dúzia de poemas (alguns inéditos) ditos com arte e engenho por Glória Chagas, Teresa Bondoso e pelo autor, secundados pelos amigos presentes José Luís (Mendes) Outono e Carlos Fernando Bondoso. Pelo meio, com muito agrado, o visionamento de um vídeo sobre a temática dessa relação desigual entre O PODER E O POEMA, entre os poderes, os poetas e a Poesia.




Que não se cumpra a “profecia” de um velho amigo, segundo a qual “já ninguém ouve os poetas”! Pela minha parte continuarão a ser ouvidos – quer ainda neste, quer nos próximos livros – em sessões que estão previstas para Lavra (Matosinhos), na CulturDança, em Canidelo (V.N.Gaia), e em Faro (Algarve). Pelo menos.
António Bondoso.
Jornalista.





2013-03-15


A MINHA CRÓNICA DE HOJE NO "JORNAL BEIRÃO" (MOIMENTA DA BEIRA).

Na qual escrevo sobre o novo Papa, sobre quem o Bispo Emérito de Setúbal - D. Manuel Martins - me referiu hoje :- "Um grande Profeta surgiu entre nós. Deus visitou o seu povo".



A TÁTICA DO QUADRADO...
... Do Prefácio inútil à falta de memória, passando por omissões, ausências e fracas lideranças, pelo novo Papa e pelo Tribunal Constitucional.

1- Foi mais fácil ver fumo branco no Vaticano do que vislumbrar qualquer sinal de acórdão no TC, sobre algumas normas inconstitucionais do OE para 2013.
“Parece que os cardeais foram buscar-me ao fim do mundo”. A primeira ideia transmitida de viva voz aos fiéis de todo o mundo – e não terá sido por acaso – do novo Papa Francisco I, Jorge Mário Bergoglio de seu nome próprio. É que a Argentina fica mesmo muito longe de Roma, situando-se no mais católico dos continentes. Desde há longos anos uma região muito sofrida, muito marcada pela pobreza e pelo subdesenvolvimento – factores de sobra para instalação de ditaduras e outros regimes mais ou menos totalitários. Talvez também não por acaso, o chileno Luís Sepúlveda escreveu Mundo do Fim do Mundo, dedicando-o aos seus “amigos chilenos e argentinos que defendem a preservação da Patagónia e da Terra do Fogo” – esta última igualmente título literário de outro escritor chileno Francisco Coloane. Ali, na região mais a sul, por onde navegou o nosso Fernão de Magalhães.  
Mas para além do fim do mundo, é bom reter também a mensagem implícita na escolha do nome eclesiástico: nunca houvera um Papa Francisco, é portanto o primeiro – pretendendo significar começo, mudança, esperança. Não partir do zero, naturalmente, mas – talvez pensando no caminho de S.Francisco de Assis – renovando o espírito e a essência da e com a Igreja, a casa espiritual comum de todos os católicos. Ainda de realçar o reconhecimento do papel preponderante dos “Jesuítas” – o novo Papa é um deles – na evangelização, na instrução, na transmissão do conhecimento ao longo dos tempos. Francisco, é o primeiro Papa jesuíta. E dele se espera, naturalmente, um caminho de união, de partilha e de orientação no sentido da justiça, da paz e da solidariedade – um caminho que deve trilhar, mesmo que a Presidente Kirchner continue a apelidá-lo de “verdadeiro líder da oposição” na Argentina.  
          2- Segundo Honoré de Balzac no seu “Do uso dos prefácios” – que eu fui recuperar a Miguel Veiga no seu preâmbulo a um prefácio para Os Poemas da Minha Vida – será fundamental reter os artigos 1º e 2º: “O uso constante dos autores será o de pregar prefácios no começo de todos os seus livros” e “O uso do público será o de não os ler e de os encarar como nulos e não acontecidos”. Relativamente ao recentemente célebre prefácio de Cavaco Silva, a minha atitude deu cumprimento ao artigo 2º de Balzac. Não li, portanto, o prefácio do Presidente da República à edição mais recente dos seus Roteiros mas não pude evitar reter alguns comentários a propósito.
          Do assentimento do inefável Vasco Graça Moura – que apenas se interroga sobre se o dito prefácio caucionará toda a política do governo – à inutilidade das vinte páginas que nada trazem de novo, fixada por Baptista Bastos, há toda uma série preocupante de escritos e ditos que valerá a pena ter em atenção. Concordando ou discordando, naturalmente.
          Para a historiadora Fátima Bonifácio – numa altura em que é fundamental encontrar um novo desígnio nacional – “a principal preocupação de Cavaco Silva é proteger-se, é ficar sempre bem na fotografia”. E o filósofo José Gil – para quem o poder actual navega à vista – a acção do PR é insuficiente e tanto ele como os membros do governo “estão a milhares de léguas da população e da realidade”. E tudo, em nome do que chamam estabilidade. Será estabilidade haver mais de um milhão de desempregados? E três milhões a viver no limiar – que título mais pomposo! – da pobreza? E muitos outros milhares que já não podem pagar as suas contas de água e de eletricidade? A situação é tão grave, diz o bastonário da Ordem dos Advogados – Marinho Pinto – para que continue “sem que haja consequências políticas”. E para isso pede a intervenção de Cavaco Silva. Mas, ao que parece, não vamos poder vê-la ou senti-la. O povo português é um povo com muita história mas também com uma curta memória! E o atual PR, parte desse povo, já não se recorda da forma como chegou ao poder, tendo o seu partido feito “desaparecer” Mota Pinto – até fisicamente – o parceiro social-democrata de Mário Soares no Bloco Central. E desaparecido Mota Pinto, termina a fórmula governativa que foi obrigada a chamar o FMI, pela segunda vez, a Portugal. E quem governou antes do Bloco Central? Exatamente a AD [PPD-CDS-PPM] de Sá Carneiro e com Cavaco Silva, nas Finanças, o qual não quis acompanhar Balsemão na instabilidade que se seguiu – sobretudo por ação do PPD/PSD – até 1983. Só o verdadeiro “sentido de Estado” de Soares e de Mota Pinto pôde pegar num país em crise profunda. Por outro lado e por agora, não vem ao caso o eventual papel de Ramalho Eanes nos “jogos políticos” de então.
          O que importa reter é que – como diz Daniel Cohn-Bendit – “o papel do político é fazer escolhas, mas sendo claro quanto aos riscos. A sociedade moderna é uma sociedade de riscos, não se lhe pode escapar”. Exatamente o contrário de Cavaco Silva. Por omissão e por ausências – para sua estabilidade – tem dado cobertura à arrogância, incompetência e diatribes da coligação no poder. Que essa sua “comodidade” não venha, depois do que José Gil chama “a abolição da existência possível das pessoas” a desembocar em violência!
António Bondoso
Jornalista – C.P. 359 



Texto e fotos de António Bondoso.

2013-03-08


Do teu peito...

Foto de A.Bondoso.

Do teu peito
Sereno
Sai a luz do meu caminho.
Do teu peito
Apaixonado
Brota imensidão de carinho.
Do teu peito
Desnudado
Vem a paixão com que vivo.
Do teu peito
Revoltado
Chega-me a força interior.
Do teu peito
Adormecido
Faço repouso infinito!
======== A.Bondoso. (A Publicar)


Trabalho do Mestre José Rodrigues para capa do meu livro TONS DISPERSOS(2003).


2013-03-06


Se o mar se unisse ao céu





Se o mar se unisse ao céu
- Como hoje -
O sol não brilharia
E a lua esqueceria
Que o firmamento está vivo.
Uma cinza entristecida
Com alfinetes de chuva
Pespontou no horizonte que alcanço
De uma janela
O mundo que eu imagino
Quando olho através dela.
========A.Bondoso. (A Publicar).




A.Bondoso. Poema e fotos.