2012-12-31

ACTUALIDADE...

***** Vejam só a actualidade do que escrevi há três anos. 
Só falta uma pitada de sal e outra de piri-piri (tuá-tuá; gindungo).... 
E uma mão cheia de boas intenções...


"ANO NOVO...NOVO ANO!
O comum das mensagens electrónicas e dos telemóveis na hora. A terceira geração ? Mais parece que já comunicamos na décima.
Praticamente uma escrita cifrada, para dizer mais ou menos as coisas que é usual dizerem-se há já várias décadas.
Primeiro – um Ano Novo muito próspero!
Depois – muita Alegria e Desejos à tua medida!
Paz, Amor, Felicidade – um triângulo quase sempre permanente!
Mais tarde – vieram as preocupações com a Saúde! Muita saúde, que é o bem mais precioso!
Numa outra perspectiva – chegaram em simultâneo as preocupações solidárias!
Hoje – é tudo muito mais simples!
T’-se Bem; Bué da fixe; cool; um 2013 com tudo k precisas; K o novo Ano te dê 1 emprego ou 1 trabalho; Do Baril; Muitos trocos; uma nice; lol; etc.etc.etc.............................................................
É a tridimensão da mensagem: - quanto menos se escrever mais sinceridade se exprime. Uma comunicação breve mais facilmente se assimila. Linguagem adaptada às novas realidades!
Sobretudo a Internet, pois claro! Disponível e ao alcance de 1 simples botão no telemóvel mais moderno.
O impacto de tudo isto ? Esperemos para ver... Talvez não tanto tempo assim !
E depois? Os valores... a Cultura! Que Cultura ? Novos conceitos, novos paradigmas. Serão necessários?
Voltemos então aos votos para um Novo Ano!
O que pedir para nós? O que desejar aos Amigos?
Começa a ser difícil, muito difícil, encontrar uma plataforma mais ou menos apropriada aos novos tempos. Crises políticas, crises económicas, crises de valores, crises de ética, crises de pensamento!
No meio de tantas crises – o que pedir, como pedir, a quem pedir ?
Proponho que voltemos ao início de todos os tempos, avaliemos as permanências das “Idades” e delas retiremos o melhor. Os avatares agradecem!



António Bondoso
31Dez2012.

2012-12-28




DIÁSPORA DE MOIMENTA DA BEIRA QUER FURAR MURALHA DA INTERIORIDADE.





1ºPASSO:- À PROCURA DE UMA IDEIA...OU COMO TRANSFORMAR UM “SLOGAN” NO CAMINHO DO REGRESSO.
2ºPASSO:-A CERTEZA DE QUE TODOS SÃO IGUALMENTE IMPORTANTES  E, COMO DIZ O POVO, O QUE É PRECISO É COLOCAR UMA MÃO NA RODA!




Para que não restem dúvidas, valha a verdade que esta iniciativa de reunir a diáspora moimentense partiu do Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira e teve lugar já no passado dia 15 de Dezembro. Não é, portanto, cópia ou plágio de quem quer que seja, sabendo que – nos últimos dias do ano – apareceu com força mediática a criação do Conselho da Diáspora Portuguesa, por iniciativa do Presidente da República. Não é que haja mal em multiplicar o movimento. Mas é bom que fique o registo. Provavelmente...depois de todo o “show-off” à volta dos cargos honorários da iniciativa presidencial (por momentos lembrei-me da célebre “brigada do reumático” caetanista), José Eduardo Ferreira terá – em Moimenta da Beira – um caminho menos áspero e menos crítico perante as suas iniciativas arrojadas e de rompante, como já o foram a Expo-Demo, este encontro da diáspora e o fórum da juventude, para além das recorrentes iniciativas de apoio a diversos programas culturais – sempre com o pano de fundo das grandes referências do concelho: Aquilino Ribeiro, Afonso Ribeiro, Luís Veiga Leitão, Eduardo Salgueiro, a maçã e os vinhos de qualidade – nomeadamente o espumante Terras do Demo, com uma produção de quinhentas mil garrafas/ano.




Sendo Moimenta da Beira um concelho com apenas 10 mil habitantes e sabendo-se que perdeu cerca de 7% da sua população na última década, uma questão fundamental é evitar a desertificação, pelo que se apelou à necessidade de manter quem já vive, a par de convidar novas pessoas e gente nova com novas mentalidades. Daí que, no encontro, se tivesse batalhado muito na ideia do empreendedorismo e no reforço da cooperação com as universidades, sem esquecer a fundamental construção do IC26 – uma via estruturante essencial para furar a muralha da interioridade, se bem que haja neste tempo boas e melhores razões do que há uns anos para regressar a Moimenta. Como frisou José Eduardo Ferreira, o que se iniciou no dia 15 de Dezembro de 2012 é um percurso no qual somos convocados a dar um pouco mais e melhor à região e ao país.
          Mas, há sempre um mas, se por um lado é bom que a saída deva ter um retorno em carinho, em conhecimento ou em afectividade – por outro – a inserção na vida do concelho precisa de projetos concretos. O que se pretende é pensar Moimenta no futuro. Numa estratégia de médio e longo prazos, portanto, na qual se identifiquem oportunidades e desafios, igualmente dificuldades, em vários sectores, para além do reconhecimento e convocação da massa crítica. 




Se ao nível da vinha o investimento deu resultado no que respeita ao sector da transformação, o mesmo não poderá dizer-se da maçã. Não tem havido essa capacidade, precisamente porque há problemas ao nível da armazenagem. Mais unidades de frio exigem um investimento sério, mas é esse o caminho. E sabe-se que Portugal só produz 50 ou 40% da maçã que consome. Um ponto a favor é que, na região, a produção média é boa se comparada com a do país. Um problema, poderá ser a quantidade de água que a produção necessita. Já quanto à qualidade – não há dúvidas! Uma outra questão assinalada foi a da importância da recuperação do odor da maçã de “bravo-de-Esmolfe” – única no país. Também o azeite poderá ter uma produção e qualidade distintas, tal como o granito – que é diferente – e cuja exportação se situa entre os 70 eos 80%.
          O envolvimento cultural tem sido uma aposta segura e, embora não tenha sido debatida essa questão – sou daqueles que pensam poder ganhar-se a organização e consolidação de uma bienal de artes, exatamente correspondendo ao período temporal da realização dos encontros da diáspora. É com iniciativas deste género – de algum modo já “ensaiadas” na Expo-Demo – que mais facilmente se poderá romper a grande muralha exterior do concelho e da região. Chegar mais longe, chegar aos centros de decisão dos vários poderes.   



António Bondoso
Dezembro de 2012.



2012-12-24




A GERAÇÃO XXI

Esta é uma geração do futuro
De muita mobilidade
Termo novo de emigrar
À força das circunstâncias.
O dinheiro é que governa
Mas o povo ainda vota
- doce engano democrátrico
Neste caminho de espinhos
De medos, traições ou chantagem.
É uma geração de futuro
Neste século vinte e um
A geração multimédia e do audiovisual
Entre as novas ameaças e desafios diferentes.
O terror ampliado, global e messiânico
Coisas que a alta finança vai parindo aqui e ali,
Miséria, pobreza, doenças
Em anos ao desafio. 

O défice apaga as pessoas
Tudo vem em percentagens,
Milhões de mil milhões é gente a mais neste espaço.
É um mundo saturado
Poluído, amargurado
De tanto desempregado, pensionista, reformado
A viajar pela net
Em busca de novas ideias
Trocando muitas mensagens
- quais lutadores incansáveis
Teclando, desbravando essas redes sociais.

É a geração vinte e um
Que não morre de esperança,
Revoltada, indignada
Mas milagres não alcança.
Também não morre em descanso
Enquanto estiver de pé. 

António Bondoso, in "O PODER E O POEMA"Pg92,93. 2012, Edições Esgotadas.






2012-12-21


ATROFIADO POETA...NÃO! 
POETA REPRIMIDO...NUNCA!


(Parafraseando e homenageando José Carlos Ary dos Santos...
( A publicar).

“Serei tudo o que quiserem:
Jornalista, pregador
Insolente pela pena
Irrascível quando trato
Com gente incivilizada.
Serei até mal educado se a isso me obrigarem
Pategos e mais parolos
Arrogantes de estupidez
Vaidosos corpos vazios
De um pingo de inteligência.

Serei tudo o que quiserem:
Panfletário sem carisma
Irada mentalidade
Escritor de baixo nível
Medíocre, esfarrapado
Cidadão normalizado!
Serei tudo o que quiserem:
Mas poeta atrofiado...Não!

Serei tudo o que quiserem
Serei mais do que disserem:
Ser humano sem coragem
Feitio perturbador
De conflito interior.
Serei até comerciante
Pedante comediante
Quem sabe...mau governante!
Serei tudo o que quiserem:
Mas poeta reprimido...Nunca!”


======================== A. Bondoso (A publicar). 







UM CONTO DE NATAL...pobre!

E já não se oferecem livros às crianças!
Vai ser um Natal mais pobre! É evidente...
Tanto como a certeza de que, de ano para ano, tem vindo a empobrecer.
Mas o que me move a escrever, hoje e aqui, não é o facto de estar apenas preocupado com a pobreza material. No sentido consumista, entenda-se.
Mas é que há uma desgraça no pensamento – na falta dele – uma pobreza de espírito, uma pobreza de ideias, uma pobreza de carácter.
E, proliferando... esta pobreza é a tragédia do país e do mundo!
***** Por isso vos digo, em poema, que :
“Dessa janela
Por onde espreito a intimidade do mundo
Viajo supersónico
Para além do azul
Quando pressiono o botão do meu rádio de pilhas”.
***** António Bondoso
(em O PODER E O POEMA, 2012 pg. 6. Edições Esgotadas).    




(Foto do autor... Iluminação de Natal na cidade da Régua ).