2016-04-26

O IMPORTANTE É CONTINUAR A REVOLUÇÃO HOJE:
Um abril todos os dias...
...Um 25 sempre! Também em Moimenta da Beira. 

Foto de Ant. Bondoso

         Quarenta e dois anos depois de 1974, é gratificante perceber que ainda há imaginação para não repetir ideias. Sendo certo que em 2016 há dois aspetos motivadores – os 40 anos da Constituição da República Portuguesa e os 40 anos do Poder Local Democrático – em Moimenta da Beira não faltaram vozes para chamar a atenção para graves problemas que o país e o mundo vão enfrentando nos dias que correm.
         A liberdade foi um tema recorrente, claro – não sendo embora um dado adquirido – destacando-se a liberdade de expressão, assunto apropriado para o tributo que o município decidiu prestar aos escritores do concelho, na casa que leva o nome do grande Afonso Ribeiro na sua terra natal, a Vila da Rua.

Foto de Ant. Bondoso

Tudo começou no salão nobre da Câmara Municipal onde Alcides Sarmento, presidente da Assembleia Municipal, deu o mote, seguindo-se representantes da CDU e do PSD a destacar a CRP, o 1º de Maio que aí vem, a coragem, a esperança e o interior assimétrico. Celebrar Abril, foi dito, é fazer o que ainda não foi feito. E a sessão terminou com o Presidente da autarquia, José Eduardo Ferreira, a salientar o significado de poder contar com todos os “escritores” – mesmo com os que não podem deslocar-se com frequência. Tivemos ontem e continuamos a ter hoje escritores notáveis – disse. E depois de passar pelos princípios e pelos valores democráticos que enformam a CRP, José Eduardo pormenorizou três grandes problemas que afetam o nosso presente – introduzindo a ideia de que ninguém vive só e que o isolacionismo não dá frutos, apenas conduz a maus resultados. Em primeiro lugar a questão da “crise das migrações”, não sendo possível que a “Europa” continue calada. É preciso voltar aos velhos valores da Europa – destacou – para ultrapassar o “radicalismo” que se instalou, baseado na falta de respostas das Sociedades organizadas. Por último, um grito de alerta para os constrangimentos que afetam os regimes democráticos, como é o caso do problema da natalidade que é fundamental solucionar a curto prazo, a fim de que não atinja o sinal de tragédia em 2050. 

Foto de Ant. Bondoso


Depois do almoço, simpática e profissionalmente servido na sala maior da Associação Cultural e Recreativa da Vila da Rua, o espaço-museu de Afonso Ribeiro recebeu populares, políticos, jornalistas e escritores para cumprir a programada e anunciada tertúlia. Dos atuais aos muito justamente apelidados de “nossos maiores”, falou-se naturalmente de Afonso Ribeiro, na presença de sua filha Lígia. Rodrigues Vaz recordou um percurso notável do neo realista que em 1938 publicou Ilusão na Morte – uma “obra de arte” na opinião de João Pedro de Andrade, na revista Sol Nascente, uma das muitas em que Afonso Ribeiro colaborou. Igualmente um percurso de combate em África – Moçambique – para onde o autor emigrou nos anos de 1950 e onde viria a conviver de perto com António de Almeida Santos, tendo ali editado a revista Itinerário.
Afonso Ribeiro dizia que a Literatura era um instrumento de atuação social, lembrando por exemplo que
Falar do homem do campo, do trabalhador da terra e 
esquecer as suas angústias inconfessadas, seus músculos doridos, seu olhar triste da tristeza horrível que nada aguarda, nada! - parece-me feio embuste.

Foto de Ant. Bondoso
António Bondoso
Jornalista
Abril de 2016



2016-04-19

Oi.
Já se vota o Impedimento no Senado?
Ou de como se manipula o "impedimento" de um Presidente e se golpeia a democracia.

Foto de Ant. Bondoso

IMPEDIMENTO (de um Presidente)!

Por Deus e pela Família bem mais próxima
É assim que começa a votação:

São filhos e netos
E mais bisnetos tão saudáveis
Que chegaram de pais cobertos de valores
Impolutos princípios de uma ética intocável
E de uma sólida
Inatacável moral.

Também pela Pátria imortal
Se fazem juramentos
Julgamentos
De tantos vizinhos que não sabem
Cuidar de uma nação em desespero
Ou tratar de ulcerados sem cabelo.

Vós...impuros cidadãos
Que vermelho pensais em amarelo testamento
Que fostes torturados
Em busca da liberdade
Nada podeis fazer para alterar
Cruel caminho de verde amortalhado.

Só nós...
Do Senhor poderosos instrumentos
Iluminados sacerdotes da política
Poderemos renovar os mandamentos
De tanta riqueza que perdemos
E agora a tanto ódio agradecemos.

Venha a nós toda a riqueza da nação
Que o reino dos pobres não passa de utopia.

Com cunhas dos donos disto tudo
E com toda a influência que já temos
Certamente não será pura ilusão
Reverter democracia golpeada
E com sangue até impor a ditadura
Por nós desde sempre tão sonhada!
==== António Bondoso
Abril de 2016.




2016-04-17



DO TEMPO E DO MODO...

Foto de Ant. Bondoso


O CINZENTO QUE ABORRECE…

O cinzento que aborrece
Cria angústia e não motiva
Faz pensar um tempo bárbaro
Que tortura
E permanece
Afastando o sol do mar
E a noite do seu luar.

É um tempo sem alegria
Arrasa minutos e gente
Dúvidas de um tempo cinza
Que nos rouba a felicidade
De sermos por um instante
Livres
Utopia duradoura e permanente.

Acontece
Ou pelo menos parece
Que nem sempre se merece.

===== António Bondoso (A PUBLICAR)

2016-04-14

EPISÓDIOS DA VIDA...E DA MORTE!

José Bondoso e a mulher Isabel

JOSÉ BONDOSO
Assim, tal e qual, só um nome e o apelido – era preciso poupar no registo – tal como os irmãos, todos filhos de Maria José Andrade e de António de Almeida Bondoso, à exceção do mais novo que viria a ter direito ao sobrenome da mãe.
José Bondoso, que ia a caminho do 95º aniversário e foi um aficionado da caça e do “tiro aos pratos”, cedo rumou ao calor africano chegando a S. Tomé em 1949. De noite, como me recordou há uns anos, e com carta de chamada de sua irmã Palmira e cunhado Honorato Cardoso, que viviam e trabalhavam na Trindade. Ali perto ficava a Roça Monte Café, seu destino inicial. Contudo, acabaria por ficar na cidade capital da Ilha a exercer o seu ofício de barbeiro numa casa que mais tarde arrendaria por mil escudos mensais ao proprietário Mota.
Na sua qualidade de barbeiro, dizia-me, ia ao palácio para cortar o cabelo ao governador Gorgulho*. E só o cabelo, pois a barba fazia-a o próprio. José Bondoso tratou da imagem igualmente ao governador Abrantes do Amaral e algumas vezes conversou com o Dr. Palma Carlos, quando este lá esteve a investigar os acontecimentos relacionados com o “massacre do Batepá” em 1953.
José Bondoso exerceu a sua profissão em S. Tomé até regressar a Portugal em 1974 na sequência do processo de descolonização. A caça nunca deixou de ser uma paixão, chegando ao ponto de – na conversa – se esquecer de mexer o açúcar na chávena do café. E havia também o charuto, indispensável.
Sportinguista fiel, José Bondoso ainda praticou futebol nas Ilhas do Meio do Mundo, uma tendência que já levava de Moimenta da Beira. Aqui, a sua fidelidade ao clube de Lisboa era tal...que se recusava a vestir a camisola azul de riscas brancas do CDR. Jogava sempre com uma camisola diferente.
No seu regresso a Portugal, o meu tio envolveu-se com idêntica paixão nos meandros políticos, chegando a desempenhar alguns cargos no âmbito municipal.
Aos filhos e netos que deixa, tal como genro e noras, o meu particular abraço.
* (Do livro ESCRAVOS DO PARAÍSO, 2005. António Bondoso e MinervaCoimbra). 

Foto do CDR
José Bondoso - o 2º, de pé, a contar da esquerda 
António Bondoso
14 de Abril de 2016

2016-04-09

UM SIGNIFICADO DAS BODAS DE OURO...

Foto de A. Bondoso


50 ANOS DE UM TEMPO COMUM – UM MARCO DE MUITO MÉRITO DE UMA MULHER E DE UM MARIDO A MANTER COM MESTRIA UM MATRIMÓNIO MELÓDICO.

Eu acompanhei os seus 50 anos de casada. A minha irmã Luísa conhece-me há 66 anos – tantos quantos eu tenho de vida. Toda esta caminhada de uma relação feliz com o meu cunhado Fernando também a procurei olhar de perto, tanto quanto nos foi permitido pelas estradas que cada um de nós foi escolhendo neste meio século.
Neste dia, escrevo para dizer que lamento não ter conseguido estar mais presente nas suas vidas – reconhecendo embora que procurei apreciar os momentos mais importantes. Pedindo desculpa pelas falhas eventuais, destaco um gesto de muito carinho para a Luísa e expresso um abraço de corpo inteiro para o Fernando – um exemplo de cunhado.
Que os dias prossigam sendo felizes.
9 de Abril de 2016

António Bondoso 

2016-04-05


SERÁ QUE HÁ UM "DIA DO FILHO"...OU É TODOS OS DIAS?

Foto de António Bondoso


A PROPÓSITO DO QUE DIZEM SER O DIA DO FILHO:
Tenho para mim, partindo de uma análise muito simplista, que a relação entre pais e filhos é sempre muito complexa.
E procurando evitar grandes tiradas filosóficas...direi simplesmente que os filhos não devem servir como montra dos pais, mais ou menos perfeita ou de alguma forma defeituosa, um espelho de elogios permanentes ou de críticas mais intensas. Os filhos não devem ser um prolongamento obrigatório dos pais. Os filhos, para os progenitores, devem ser sobretudo um foco de amor, de carinho e de amizade, sem obrigação de retorno. Afetos e emoções elevadas a um nível precioso, mesmo em tempo de crise e de conflito – seja a situação do tipo geracional, seja a oportunidade um produto de filosofia ou de ideologia.
Diálogo e compreensão devem marcar a relação, sempre aberta e leal, sobretudo partindo do princípio de que a preocupação ou o interesse pela situação de uns e dos outros não deve rondar eventuais exageros. Cada uma das vidas deve seguir o seu curso natural – o que não significa abandono, esquecimento ou intromissão. Cada um dos dias de cada ano de vida. 
António Bondoso
Abril de 2016