2011-04-10

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !


por António Bondoso a Domingo, 10 de Abril de 2011 às 4:06





Hoje fui ao Mar...

e repousei os sentidos na calmaria da maré

acariciando as pedras já modeladas

pela constante erosão do tempo.

Encostado ao peso da memória

na frescura das areias de uma vida salgada,

foi o pino do Sol da uma da tarde

a colocar-me de frente

para um passado vinte anos mais antigo,

com o primeiro plano da infância filial

a mover um pequeno barco a motor

alimentado por um volte e meio

de uma mágica bateria em forma de cilindro,

energia de sonhos e testes à descoberta.

Hoje fui ao Mar...

E aproveitando a quietude desta praia onde vivo

deslizei pelo Oceano em busca

de meio século de outros sonhos

e de verdades

uma caldeação temperada pela inocência do destino

e pelos crimes dos avatares da História,

humana aventura contraditória

de erros nossos má fortuna amor ardente

mais a eterna inveja intriga e ódio

que os homens espalharam em conquistas.

Hoje fui ao Mar...

E nos meridianos da viagem globalizada

percorri tropicais e ilhéus sorrisos de uma vida.

A.B.

Abril,2011 - V.N.Gaia.


2011-04-06

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !


Políticos e Virtuosos...

por António Bondoso a Terça-feira, 5 de Abril de 2011 às 21:23

"Crise política não tornou as coisas mais fáceis"

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, admitiu hoje que a crise política dificultou a situação de Portugal, quando confrontado durante um debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo...

***** É preciso explicar de novo... ou será preciso fazer um desenho ?

Alô PP, PCP, PPD, PEV, BE... e outros que utilizam a táctica da guerrilha – bate e foge.


***** Parafraseando MRS :- A situação estava má antes do PEC IV ? – Estava; Ficou melhor depois do chumbo na AR ? – Não !


***** Comprende-se o desabafo de Bagão Félix, depois do Benfica ter perdido o campeonato.Tal como se compreende o aproveitar da maré por parte de PP, Louçã e Coelho. O que ainda não foi explicado suficientemente foi o verdadeiro objectivo do discurso de posse do PR.

***** Mas agora, altura em que fervem os jogos pré-eleitorais, ninguém quer assumir a sua quota parte de responsabilidade no odioso da questão. TODOS SE QUEREM APRESENTAR COMO “IMPOLUTOS E VIRTUOSOS”.

Por isso, quero partilhar convosco uma reflexão do antigo Primeiro Ministro de França, Edouard Balladur, no seu livro “Maquiavel em Democracia”, transcrevendo com a devida vénia parte do capítulo sobre a política e a virtude :

***** "... Por vezes, a opinião pública deixa-se enganar voluntariamente e não acredita naquilo que é voz corrente; está a ver o filme que passa atrás da cortina e a ver onde os actores querem chegar, mas pouco lhe importa : a opinião pública não está à espera de que o jogo mereça respeito mas apenas que seja eficaz. Não alimenta ilusões. [...] O político tende a pensar que as virtudes morais não constituem senão obstáculos para o sucesso : se confia na palavra dada, é enganado; se é sincero, é escarnecido; se é firme nas suas convicções, todos os oportunistas o abandonarão à primeira dificuldade; se detesta a mentira, é caluniado; se tem respeito por si próprio e não se submete, é aviltado; se deseja perdoar, não está livre de novas traições da parte daqueles a quem perdoou; se se entrega nas mãos de uma pessoa com quem se abre, informando-o sobre as suas intenções e sobre os meios de as pôr em prática, corre o risco de ser utilizado; pensa que está rodeado de pessoas fiéis e, a maior parte das vezes, está rodeado de pessoas que procuram aproveitar-se, o mais possível, dos serviços que lhe prestaram; a mentira, o jogo duplo, a intriga são celebradas pelos seus pares que, em conjunto, fazem chacota dessas coisas como se se tratasse de grandes feitos. Para o político, a prática das virtudes representa, a maioria das vezes, um constrangimento. [...] Há virtudes que são necessárias : a coragem, para afrontar os riscos, para se impor aos outros, por vezes até aos acontecimentos; a inteligência, para apreciar as situações e prever o partido que delas se pode tirar; a obstinação, para perseverar, apesar das dificuldades; a força, para dar pouca importância ao isolamento, melhor, para daí retirar coragem para agir; a perspicácia, para saber ler o jogo dos adversários. Trata-se de virtudes ou de talentos ? Poderá discutir-se se uma ou outra, mas, de qualquer forma, porque não poderá a virtude também ser útil ?".............


E a virtude - toda a virtude - não está certamente na ideologia ultra-liberal da alta finança.
O que eu quero significar é que é preciso dizer basta a este rumo. É tempo de a "política" voltar a ditar as regras da Sociedade, de um digno Estado Social que não convém confundir com o Estado Providência.